Radar: tensões fiscais ainda preocupam o mercado (Marcelo Justo/Flickr)
Repórter de finanças
Publicado em 11 de novembro de 2024 às 08h46.
Última atualização em 11 de novembro de 2024 às 10h28.
Os mercados internacionais operam mistos na manhã desta segunda-feira, 11. Na Europa, as bolsas europeias sobem na esteira das máximas recordes dos mercados em Wall Street, que na sexta-feira, 8, encerraram sua melhor semana em um ano após a vitória eleitoral de Trump.
Nos Estados Unidos, as bolsas operam normalmente, com os índices futuros registrando altas, enquanto o mercado de Treasuries permanece fechado por conta do Dia do Veterano. Na contramão, os mercados asiáticos caem após o anúncio de novas medidas de estímulos da China frustrarem investidores - o índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou em queda de 1,45%.
Tensões fiscais ainda preocupam o mercado, que aguarda o anúncio do pacote de medidas fiscais pelo governo Lula. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, na última sexta-feira, 8, com o vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil) para avaliar as medidas propostas.
Apesar da reunião de mais de três horas e meia, a autoridade não bateu o martelo, adiando o anúncio. Lula disse que iria aproveitar o fim de semana para analisar as sugestões apresentadas para refletir sobre os diferentes cenários. As discussões serão retomadas nesta segunda-feira.
Entre as propostas em avaliação, mudanças no seguro-desemprego e no abono salarial são os destaques. No caso do seguro-desemprego, estuda-se a possibilidade de limitar as parcelas e estabelecer um critério de renda, com um custo estimado de R$ 57 bilhões para o próximo ano. Em relação ao abono salarial, o governo considera reduzir o critério de elegibilidade de dois salários mínimos para um e meio e, a longo prazo, extinguir gradualmente o benefício.
O pacote de medidas também inclui uma possível revisão dos pisos de gastos em saúde e educação, que atualmente são vinculados às receitas e podem ter seu crescimento limitado aos índices do arcabouço fiscal, de até 2,5% acima da inflação.
Outra discussão relevante é a limitação do ganho real do salário mínimo ao mesmo patamar. No entanto, o presidente mostrou resistência à desindexação de benefícios sociais ao salário mínimo, reforçando o compromisso com a manutenção de políticas sociais e a necessidade de encontrar um equilíbrio fiscal sem impactar diretamente os mais vulneráveis.
Lula tem buscado, ainda, apoio no Congresso para garantir a viabilidade política do pacote, com a possibilidade de propor uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei para contenção de despesas. Ministros das áreas sociais manifestaram preocupação com os cortes, enquanto a equipe econômica sugere que o pacote inclua medidas de aumento de receita, como a revisão de subsídios. É aguardado que a decisão final sobre o pacote ocorra ainda nesta semana.
O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana.
O Banco Central (BC) elevou pela sexta semana consecutiva a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, de 4,59% para 4,62%. Já a de 2025 subiu de 4,03% para 4,10%, enquanto a projeção de 2026 avançou de 3,61% para 3,65%. A inflação para 2027 se manteve em 3,50%.
A única estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) que foi alterada foi a de 2025, de 1,93% para 1,94%. As de 2024, 2026 e 2027 se mantiveram em 3,10%, 2% e 2%, respectivamente.
O BC ainda projeta uma Selic em 11,75% ao final de 2024, 11,50% (2025) e 9,25% (2027). A projeção para os juros de 2027 foi a única alterada, de 9,75% para 10%.
Por fim, as estimativas para o câmbio de 2024 e 2025 foram revisadas para cima, de R$ 5,50 para R$ 5,55 e de R$ 5,43 para R$ 5,48, respectivamente. As de 2026 e 2027 se mantiveram em R$ 5,40 ambas.
O setor público registrou um déficit primário de R$ 7,340 bilhões em setembro, segundo dados do Banco Central (BC). A dívida bruta dos governos somou R$ 8,938 trilhões em setembro, o equivalente a 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Em agosto, o indicador estava em 78,5% do PIB (R$ 8,898 trilhões). Já a relação dívida líquida/PIB do setor público ficou em 62,4%, frente os 62% registrados em agosto.
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Segunda-feira, 11 de novembro de 2024