Estamos focados nas operações e não em aquisições, diz Prio (PRIO3)
Em entrevista exclusiva com a EXAME Invest, Francilmar Fernandes, diretor de operações da Prio explicou quais serão os próximos passos da petrolífera
Carlo Cauti
Publicado em 29 de setembro de 2022 às 15h25.
Última atualização em 29 de setembro de 2022 às 18h05.
Para a Prio (PRIO3),antiga PetroRio, a "obsessão" nesse momento é uma só: eficiência.
"Nossa obsessão é ter uma operação eficiente, com baixo custo, segurança e respeito ao meio-ambiente", diz Francilmar Fernandes, diretor de operações (COO) da Prio em entrevista exclusiva à EXAME Invest.
O executivo falou à margem da Rio Oil&Gas 2022, maior evento do setor petrolífero da América Latina, que está voltando ao formato presencial.
Segundo Fernandes, a Prio tem atualmente três grandes projetos, que na verdade "são três grandes abacaxis para descascar".
Campo de Frade, Wahoo e Albacora Leste são os grandes linhas de atuação da Prio (Prio3)
"Temos revitalização do Campo de Frade, o desenvolvimento do campo de Wahoo e Albacora Leste. Algo que vai absorver muita energia e concentração da equipe da Prio", explica o executivo.
No caso do Campo de Frade, adquirido pela Prio em 2019, a produção já foi quase dobrada. "Entregamos quatro poços, dois produtores e dois injetores, antecipamos a segunda fase da produção, com mais três poços, e vamos seguir com essa sequência. Até maio Frade estava produzindo 15 mil barris, hoje está por volta de 32 mil, indo para 40 mil", explica Fernandes.
O custo efetivo de extração se demostrou muito menor do que esperado, permitindo que a Prio acomodasse a segunda fase da exploração dentro do orçamento do Capex da primeira fase.
"O Campo de Wahoo tem quatro poços produtores e dois injetores. O projeto será executado a partir de um mix de tecnologias maduras que nunca foram colocadas juntas desta forma no Brasil. Essa combinação permitirá estender a vida útil da produção até 2050", diz Fernandes.
Segundo o executivo, Wahoo é extremamente relevante pois abre novas fronteiras para a Prio, tanto do ponto de vista operacional e tecnológico, quanto mercadológico, tanto que foi apresentado com exclusividade durante a Rio Oil&Gas 2022.
"Wahoo é emblemático pelo seu conceito de otimizar recursos já existentes, já que a viabilidade desse campo será possível por causa do subsea tieback com Frade. Nossa solução é economicamente viável, permitindo uma produção de baixo custo, com o menor impacto ambiental possível, incrementando a produção diária da companhia e com redução na emissão de gases de efeito estufa", explica Fernandes.
No caso de Campo Albacora Leste, adquirido pela Prio em abril deste ano da Petrobras (PETR3),o objetivo é dobrar de tamanho, tanto em produção quanto em receita e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) , investindo US$ 2,2 bilhões.
"Albacora Leste é um campo gigante, com mais de quatro bilhões de barris de petróleo. Quatro vezes mais do que o Campo de Frade, que tem um bilhão. Com todos esses os projetos funcionando 100%, a Prio mais que dobrará a sua produção nos próximos três anos, passando dos atuais 50 mil barris/dia para estimados 120 mil barris/dia", diz Fernandes.
Segundo o executivo, a Prio está trabalhando com um preço do barril de petróleo de US$ 57 para os próximos anos. "Entretanto, acreditamos que o cenário vai se manter como está, por volta dos US$ 80 por barril, pelo menos no curto e médio prazo", salientou Fernandes, "mesmo assim, a Prio vai manter uma rentabilidade interessante até se o petróleo cair a US$ 30 dólares, pois o custo de extração (lifting cost) está na casa dos US$ 11 por barril".
O executivo salientou que a eleição presidencial do dia 2 de outubro não preocupa a Prio. "Nossa operação é mais ligada ao exterior do que ao Brasil. Exportamos 100% da nossa produção petrolífera, e o preço do petróleo é uma cotação internacional. Não tem como mexer. E também, acredito que manter a situação como está é conveniente para todos", dis Fernandes.
Mercado petrolífero brasileiro vai atrair mais players
A Prio foi a primeira empresa petrolífera a realizar uma transição de um capo maduro, ou seja adquirir um capo petrolífero já descoberto e inicialmente explorado por outra empresa. No Brasil, diz Fernandes, esse é um mercado ainda inciante. Mas em outras regiões é o maior mercado petrolífero.
"No Mar do Norte, no Golfo do México, e em outras regiões petrolífera mais antigas, basicamente só há empresas independentes atuando, pois as major estão olhando para grandes campos, para grandes lugares, e atuam mais na descoberta e na exploração. A Petrobras vai fazer o mesmo, vai explorar campos novos no Amapá, Sergipe, Alagoas, etc... e vai deixar o espaço de Campos e Santos para empresas independentes", diz o executivo.
Segundo Fernandes, para a indústria petrolífera esse movimento é muito positivo, pois cria um ecossistema do setor, aumenta a competitividade e muda o modelo de exploração. Por isso, explica, surgirão no Brasil muitas outras empresas independentes do setor petrolífero e chegarão muitos operadores estrangeiros.
"Entretanto, não acredito que haverá uma consolidação no médio prazo. O mercado está apenas começando, ele vai ficar maduro, e só então fusões e aquisições vão acontecer. No caso da Prio não estamos conversando com ninguém, não estamos olhando para ninguém", diz Fernandes.
O COO da Prio explicou que no curto prazo "todo o drive da companhia é crescimento". "Temos um proftólio de projetos muito grande para tocar. Algo que vai consumir muito dinheiro, cerca de um bilhão e meio de dólares no próximos três ou quatro anos. Haverá tempo para consolidações", conclui Fernandes.