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Entenda por que a retirada da Rússia do MSCI beneficia o Brasil

As ações brasileiras representavam 5,93% do índice de referência no início de abril, um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao fim de janeiro

B3: Estrangeiros injetaram R$ 65,3 bilhões (US$ 13,7 bilhões) no mercado de ações brasileiro nos primeiros três meses do ano (Agency/Getty Images)

B3: Estrangeiros injetaram R$ 65,3 bilhões (US$ 13,7 bilhões) no mercado de ações brasileiro nos primeiros três meses do ano (Agency/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 9 de abril de 2022 às 08h02.

O Brasil está saindo na frente depois que a Rússia foi retirada de um dos índices de ações de mercados emergentes mais seguidos do mundo.

A maior economia da América Latina foi a maior vencedora da exclusão dos títulos russos do MSCI Emerging Markets Index em resposta à invasão da Ucrânia e ao ataque militar do regime de Vladimir Putin.

As ações brasileiras representavam 5,93% do índice de referência no início de abril, um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao fim de janeiro, segundo dados da MSCI.

Esse é mais um impulso para as ações do país, que já registram o melhor desempenho em dólar no mundo neste ano, com o Ibovespa subindo mais de 30%. Com mais US$ 16 trilhões de ativos usando os produtos da MSCI como referência, o rearranjo pode ter importância monumental para o fluxo de dinheiro para o país.

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Alguns dos maiores fundos negociados em bolsa voltados para mercados em desenvolvimento -- incluindo os da BlackRock -- estão vinculados aos índices da MSCI.

A “exclusão da Rússia dos índices de ações dá mais exposição a outros exportadores líquidos de commodities na América Latina”, disse Leonardo Pelandini, estrategista do Julius Baer, com sede em Zurique. “Os investidores encontram uma maneira melhor de se expor a preços mais altos de commodities, mas isolados, pelo menos geograficamente, dos riscos geopolíticos.”

Estrangeiros injetaram R$ 65,3 bilhões (US$ 13,7 bilhões) no mercado de ações brasileiro nos primeiros três meses do ano, o maior volume para qualquer trimestre desde pelo menos 2008, de acordo com dados da B3 compilados pela Bloomberg.

Investidores globais têm sido atraídos por valuations relativamente baratos após anos de baixo desempenho e o grande número de empresas brasileiras que se beneficiam dos preços mais altos das commodities.

O Itaú BBA estimava no início do mês passado que as ações brasileiras iriam atrair US$ 1,3 bilhão em fluxos à medida que os investidores realocassem dinheiro após a retirada das ações russas.

Outras nações latino-americanas, incluindo Chile, Colômbia, México e Peru, também viram os preços de suas ações aumentarem após a exclusão da Rússia. Como produtores de commodities, eles também podem ter uma vantagem sobre outros países em desenvolvimento, desde que os preços das matérias-primas continuem subindo.

“A melhor oportunidade dos altos preços das commodities está nos exportadores de cobre, Chile e Peru”, disse Hasnain Malik, estrategista de ações de mercados emergentes da Tellimer em Dubai. “Eles têm risco político, mas isso é bem compreendido, não são tão caros e, em combinação, são o equivalente à OPEP+ para o cobre.”

Ações da Coreia do Sul, Índia e África do Sul também se beneficiam do rearranjo, pois seus pesos aumentaram mais de meio ponto percentual desde o final de janeiro.

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