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É hora de voltar a investir no Brasil? Gavekal diz que sim e aponta razões

Valorização de commodities deve exercer efeitos sobre o crescimento econômico e a dinâmica da dívida, aponta casa global de análises, parceira da EXAME

Escoamento de soja para exportação no Porto de Santos: preço e volume recorde em 2021 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Escoamento de soja para exportação no Porto de Santos: preço e volume recorde em 2021 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2021 às 13h09.

Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 14h05.

Há uma visão consensual no mercado de que o timing para investimento no Brasil passou e que, às vésperas de ano eleitoral, as incertezas só vão aumentar com um governo disposto a sacrificar a política fiscal para aumentar suas chances de vitória.

Mas essa visão pode não corresponder às perspectivas de fato para a economia do país em 2022, que são melhores do que o mercado precifica: haverá alívio fiscal e crescimento pela frente. É o que aponta o analista Udith Sikand, da Gavekal Research, em relatório que está repercutindo no mercado nesta quinta-feira, dia 11. O Ibovespa sobe mais de 2% neste início de tarde.

A Gavekal Research é uma das casas de análise macro independente mais prestigiosas do mundo. No Brasil, seus relatórios são distribuídos com exclusividade pela EXAME, na parceria que deu origem à EXAME Gavekal Research.

"O próximo ano pode ser um para viver perigosamente no Brasil, mas, dados os valuations atrativos, há boas razões para investidores assumirem esse risco", escreveu Sikand no relatório "A Contrarian View on Brazil" ("Uma Visão Contrária sobre o Brasil", em tradução livre), distribuído a clientes nesta quinta.

Sikand, que é economista e especialista em macroeconomia e países emergentes na Gavekal desde 2013, aponta que há um "game changer" ao qual muitos investidores e analistas não estão dando a devida atenção: os preços de commodities.

Ele aponta que os termos de troca do Brasil com o resto do mundo subiram 60% desde o ano passado e que, apesar da desvalorização do real em razão da falta de confiança no país, a moeda brasileira deverá se valorizar se o fluxo de capital derivado das exportações ingressar no país e não for "esterilizado" (retirado de circulação pelo Banco Central).

"Esse processo inevitavelmente vai impulsionar o empréstimo do setor privado para financiar o consumo e o investimento por meio de importações", aponta o analista no relatório.

O economista da Gavekal avalia a sustentabilidade da dívida brasileira e diz que não pretende minimizar os desafios para equacionar essa questão, mas aponta que a história mostra que a economia do país cresce acompanhando a valorização nos preços de commodities.

"Isso não tem acontecido em razão das trapalhadas do governo na pandemia, mas o país parece estar aprendendo a lidar com a Covid. Se o crescimento surpreender para melhor, o governo conseguiria rapidamente alcançar um alívio fiscal, como aconteceu em meados dos anos 2000", escreve Sikand no relatório.

A combinação da expansão das receitas federais por causa da atividade e da inflação com taxas de juros de mercado estruturalmente mais baixas -- em razão, segundo ele, da reforma que acabou com a TJLP, a Taxa de Juros de Longo Prazo do BNDES, em 2018 -- deve fazer com o quadro fiscal brasileiro melhore, tornando a dívida mais sustentável, aponta.

Com o consumo e o investimento reagindo nesse cenário, a economia brasileira estará em melhores condições de pegar carona nos efeitos advindos do crescimento global, aponta o analista da Gavekal Research.

Leia o relatório e as melhores análises sobre a economia global na EXAME Gavekal Research.

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