Mercados

Dólar termina outubro com queda de 9,5%, a maior desde 2003

Foi a maior queda mensal desde abril de 2003, quando a moeda recuou 13,20 por cento poucos meses após a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Em relação a sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,08 por cento, a 1,7026 real para venda (AFP)

Em relação a sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,08 por cento, a 1,7026 real para venda (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2011 às 16h46.

São Paulo - O dólar fechou em alta nesta segunda-feira, acompanhando um movimento de realização de lucros no mercado externo, mas ainda fechou outubro em baixa de 9,51 por cento no mês, perto de 1,70 real.

Foi a maior queda mensal desde abril de 2003, quando a moeda recuou 13,20 por cento pouco meses após a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em relação a sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,08 por cento, a 1,7026 real para venda.

A valorização do real em outubro foi a maior dentre as 36 moedas mais negociadas contra o dólar, de acordo com dados da Reuters. Com isso, a moeda compensou parte do movimento de setembro, quando a preocupação com a crise na Europa fez o dólar disparar 18 por cento, para perto de 1,90 real.

Boa parte da queda do dólar em outubro aconteceu no final do mês, após líderes europeus aprovarem novas medidas para combater a crise da dívida na região. O futuro da moeda em novembro vai depender justamente de notícias sobre a viabilidade das decisões em questão, como o aumento do fundo de socorro europeu a cerca de 1 trilhão de euros.


"O mês de novembro vai ser um mês para detalhar as medidas que já foram anunciadas. Não sei como as autoridades europeias pretendem levantar capital para alavancar o fundo de resgate", disse o estrategista-chefe do banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, que prevê dólar a 1,70 real no fim do ano.

Na opinião do economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, caso se confirme um cenário mais otimista sobre a Europa, o mercado "vai correr um pouco mais para renda variável e para o risco, e o real tende a se valorizar um pouco mais mesmo que o governo baixe a Selic", disse, referindo-se à taxa básica de juros do país, hoje a 11,50 por cento ao ano.

O economista do Santander Cristiano Souza, no entanto, avalia que a volatilidade ainda deve predominar no mercado de câmbio. "Tem muita incerteza ainda", afirmou, "Mas a tendência, se não tiver nada de catastrófico acontecendo, é de apreciação (do real)", acrescentou, completando que as maiores influências sobre o dólar no Brasil são o preço das commodities e o comportamento das principais moedas, como o euro.

Souza crê que a atuação do governo no câmbio não deve ter um papel predominante sobre a trajetória do dólar. Ainda assim, a rolagem de contratos de swap cambial na semana passada --com efeito semelhante a uma venda de dólares no mercado futuro-- pode ser interpretada como um sinal de que o governo ainda não está preocupado com o efeito da queda do dólar sobre as exportações, disse o tesoureiro de um banco dealer de câmbio, que preferiu não ser identificado.

"Eu imaginava que nesse nível ele (BC) já daria uma parada, mas vendeu (swap). Eu chutaria que o número para voltar a comprar deve ser 1,65 (real)", disse o tesoureiro.

A taxa Ptax, calculada pelo Banco Central e usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio, fechou a 1,6878 real para venda, em queda de 0,59 por cento ante sexta-feira.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedas

Mais de Mercados

Balanço do Santander, PMI dos EUA e da zona do euro, Tesla e Campos Neto: o que move o mercado

Santander Brasil tem alta de 44,3% no lucro, que vai a R$ 3,3 bilhões no 2º tri

Ações da Tesla caem no aftermarket após queda de 45% no lucro do 2º tri

Biden sai e Kamala entra? Como o turbilhão nos EUA impacta as ações americanas, segundo o BTG

Mais na Exame