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Por que o dólar pode voltar ao patamar registrado em 2020

Sucessão de acontecimentos desfaroráveis à zona do euro nos últimos meses ajuda a explicar o enfraquecimento da moeda europeia em relação à americana

Dólar: Exame Gavekal traça paralelo entre moeda norte-americana e o Euro (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

Dólar: Exame Gavekal traça paralelo entre moeda norte-americana e o Euro (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

O mercado não tem reagido bem às políticas dos Estados Unidos. O governo local tem sido pauta diária nos noticiários por causa dos gastos descontrolados, financiados pela impressão de moeda sem precedentes do Federal Reserve (Fed). Toda essa movimentação do banco central americano acaba mexendo com a economia e, consequentemente, com a moeda do país, o dólar. É o que aponta o relatório da EXAME Gavekal desta semana.

De acordo com Louis Gave, fundador e CEO da Gavekal Research, se o Fed continuar ultrapassando os limites de gastos, o mercado pode entender que a autoridade monetária está presa na armadilha de monetizar o déficit orçamentário dos EUA em expansão. "Nesse cenário, é provável que o dólar americano retorne às mínimas do fim de 2020", destaca Gave.

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Isso acaba levando a uma próxima questão: O que o Fed fará a seguir? O banco central americano tem afirmado que até que a força de trabalho dos EUA esteja totalmente de volta às atividades, ele continuará a comprar títulos do Tesouro, aumentando seu balanço patrimonial em 120 bilhões de dólares por mês.

Caso o Fed voltasse a ter um balanço abaixo em 120 bilhões de dólares por mês, e sua média alcançasse a meta, o dólar americano poderia ter certa valorização, porém os títulos do Tesouro americano e os ativos de risco global sofreriam mais. "Dado o duplo golpe de rendimentos mais altos e um dólar americano mais alto", escreve.

Retroceder para olhar adiante

"É preciso retroceder para olhar adiante." O título deste relatório da EXAME Gavekal diz que, para entender o que está por vir no ambiente econômico, é necessário voltar alguns meses no ano. "Eu acho que se os investidores soubessem em 1º de janeiro o que sabem agora, a maioria teria vendido o euro com as duas mãos", afirma Gave.

Para o executivo e especialista em economia, não houve notícias nos últimos três meses que pudessem ser interpretadas como "euro-otimista". "Sim, o euro enfraqueceu", destaca Gave.

Na visão do especialista, no início de janeiro os investidores estavam preocupados com os seguintes temas:

  • Covid-19;
  • A transição de poder nos Estados Unidos;
  • Força da recuperação econômica global.

O primeiro trimestre, entretanto, foi marcado por:

• Um cenário político americano relativamente calmo, pelo menos depois de 6 de janeiro;
• A reabertura de grande parte da economia dos Estados Unidos, com muitos estados do sul e do meio-oeste agora livres das restrições da Covid;
• Uma reavaliação maciça das perspectivas de crescimento dos EUA, com algumas previsões buscando impressões do PIB nominal em território de dois dígitos;
• Um aumento nos rendimentos dos títulos de longo prazo dos EUA, com o rendimento do tesouro dos EUA de 10 anos subindo de 0,91% no início do ano para 1,63%;
• Aumento do preço do barril do petróleo, com o WTI passando de 48,52 dólares para 59,22 dólares;
• Desordem de vacinas da Europa;
• Bloqueios estendidos ou restritos na Itália, França e outros;
• O Canal de Suez bloqueado por semanas.

Ou seja, o mercado olhava para os Estdaos Unidos como um possível entrave. Mas aconteceram imbróglios relacionados à vacinação e à piora da pandemia continente europeu.

"É surpreendente que o euro não tenha caído mais em relação ao dólar americano. O dólar dos Estados Unidos rola novamente e os ativos de risco, especialmente os cíclicos profundos e as commodities, continuam a se recuperar", conclui Gave.

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