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Dólar chega aos R$ 5,70 com mercado repercutindo falas de Lula

Especialistas explicam que especulações de possíveis mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para conter a alta da moeda também repercutem no mercado

Dólar: moeda chega aos R$ 5,70 (Ekin Kizilkaya/Getty Images)

Dólar: moeda chega aos R$ 5,70 (Ekin Kizilkaya/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 2 de julho de 2024 às 14h33.

Última atualização em 2 de julho de 2024 às 15h17.

O dólar chegou aos R$ 5,70 nesta terça-feira, 2, e renovou o recorde em 30 meses. O patamar não era visto desde 5 de janeiro de 2022, quando a moeda fechou em R$ 5,716. Segundo analistas do mercado, a desvalorização do real frente à divisa americana se dá em um momento de cautela no mercado, com investidores repercutindo negativamente as últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entre as falas de Lula, Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX, destaca as duras críticas sobre a postura do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e sua condução da política monetária do país, como um dos principais fatores que afetam o real.

Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, também pontua que Lula sugeriu intervenções para controlar a moeda, o que repercutiu negativamente no mercado. "Lula acusou o presidente do BC de viés político na política monetária e evitou delinear medidas claras para cortar gastos e atingir a meta de déficit zero", disse.

O executivo acrescenta que a força do dólar ao longo do dia também está atrelada às especulações de possíveis mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para conter a alta da moeda. "Contudo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), descartou essa possibilidade, enfatizando que melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e respeitar a autonomia do BC seriam formas mais eficazes para estabilizar o real", explica Bazzo.

O que Lula está falando?

Na manhã desta terça-feira, Lula concedeu entrevista à Rádio Sociedade, e disse novamente que se preocupa com o patamar da Selic. Também reiterou a visão de que o BC "não pode estar a serviço do mercado". Entretanto, afirmou "precisamos manter o BC funcionando de forma correta e com autonomia”, também dizendo que seu governo irá "tentar encontrar soluções sobre ajuste fiscal” e que pediu "a Haddad para [lhe] apresentar o excesso de gastos, porque aí paramos".

Na noite anterior, em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA), Lula ainda disse que “quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”. Já na comitiva em Salvador, no qual o governo federal anunciou investimentos na Bahia, Lula afirmou em discurso que não tem de prestar contas a "banqueiro" ou a "ricaço", mas sim ao povo pobre do país. "Não tenho de prestar contas a nenhum ricaço desse país, a nenhum banqueiro. Tenho de prestar contas ao povo pobre, trabalhador deste país, que precisa que a gente tenha cuidado e que a gente cuide deles."

De olho no exterior, investidores repercutem o pronunciamento do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em um fórum promovido pelo Banco Central Europeu (BCE), em Sintra, Portugal. A autoridade disse que "olhando a precificação do mercado, ficaria claro que o maior risco é fiscal". Porém, afirmou estar "confiante que a inflação será menor do que expectativa de hoje, porque ela está desconectada dos fundamentos", reiterando que o BC continuará "sendo muito técnico".

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