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Decisão do Fomc, do Copom e do BoE, Focus e balança comercial da zona do euro: o que move o mercado

Pela oitava semana seguida, o Banco Central (BC) elevou a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024

Radar: grande destaque da semana é a Super Quarta (Divulgação/Banco Central/Exame)

Radar: grande destaque da semana é a Super Quarta (Divulgação/Banco Central/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 16 de setembro de 2024 às 09h00.

Última atualização em 16 de setembro de 2024 às 09h06.

Os mercados internacionais operam majoritariamente em baixa na manhã desta segunda-feira, 16. Nos Estados Unidos, de olho na decisão monetária de quarta-feira, 18, os índices futuros caem. Na Europa, também de olho nos encontros dos bancos centrais americano e britânico, as bolsas abriram em queda.

Na Ásia, o dia foi de menor liquidez com os mercados no Japão, na Coreia do Sul e na China continental fechados por conta do feriado de Outono. Com isso, apenas as bolsas de Hong Kong e de Taiwan operaram e fecharam ligeiramente em alta.

Decisão do Fomc, do Copom

Todas as atenções da semana se voltam para a Super Quarta, quando o Federal Open Market Committe (Fomc) e o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirão a próxima taxa de juros. As reuniões têm início nesta terça-feira, 17, e termina, na quarta-feira, 18.

Por aqui, após dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre mais forte do que o esperado (+1,4% frente à estimativa de 0,9%) o mercado passou a especular se caberia uma alta de 0,50 pontos percentuais (p.p.) pelo Banco Central (BC).

Entretanto, apesar de existir a discussão no mercado, a plataforma da B3, que mede as apostas para a próxima reunião de política monetária, aponta que a grande maioria aposta em um corte de 0,25 p.p., enquanto uma parcela menor aposta na redução 0,50 p,p., e um pequeno grupo visualiza que haverá manutenção.

Já nos Estados Unidos, dados mais fracos do mercado de trabalho elevaram a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderia ser mais arriscado em cortar os juros.

Um desses dados foi o payroll, relatório de emprego do setor privado não-agrícola. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, o dado indicou a criação de 142 mil vagas no mês de agosto, abaixo das estimativas de 165 mil. O número do mês de julho também foi revisado de 114 mil para 89 mil.

Em um primeiro momento, o mercado aumentou abruptamente as apostas em um corte maior. Depois, ao digerir o número, as apostas em um corte de 0,25 p.p. prevaleceram. Também colaborou com a tese de uma maior cautela para cortar juros dados estáveis da inflação americana.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos, segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, subiu 0,2% em agosto, estável em relação a julho e em linha com o consenso.

Entretanto, na semana passada, uma reportagem do The Wall Street Journal sugerindo que o debate sobre o ritmo inicial de corte de juros pelo Fed ainda estaria "aberto", elevou novamente as expectativas. Segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, 59% do mercado apostam em um corte de 0,50 p.p., enquanto 41% apostam em um corte menor, de 0,25 pontos percentuais.

Reunião do BoE

Ainda de olho na política monetária, na quinta-feira, 19, é a vez do Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidir sua próxima taxa de juros.

Segundo o Goldman Sachs, o BoE deve preservar os juros básicos em 5%, depois de ter cortado no mês passado. Isso porque a comunicação recente da instituição monetária aponta para uma abordagem cautelosa no ritmo de alívio das condições.

Boletim Focus

O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana. Pela oitava semana seguida, o Banco Central (BC) elevou a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, de 4,30% para 4,35%.

O IPCA para 2025 e 2026 também foi revisado: de 3,92% para 3,95% e de 3,60% para 3,61%, respectivamente. Já o de 2027 se manteve em 3,50%.

A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano também foi revisada significativamente para cima, de 2,68% para 2,96%, enquanto as projeções do PIB para 2025, 2026 e 2027 se mantiveram estáveis em: 1,90% (2025) e 2% (2026 e 2027).

Após uma forte alta na semana anterior, a Selic se manteve em 11,25% ao final de 2024. Entretanto, para 2025, foi elevada de 10,25% para 10,50%. Já nos outros anos, o BC manteve as medianas em: 9,50% (2026) e 9% (2027).

Por fim, as projeções do câmbio para 2024 e 2025 subiram de R$ 5,35 para R$ 5,40 (2024); e de R$ 5,30 para R$ 5,35 (2025), enquanto as de 2026 e 2027 se mantiveram ambas em R$ 5,30.

Balança comercial da zona do euro

Investidores também repercutem a balança comercial da zona do euro. Em julho, a região registrou um superávit comercial de 15,5 bilhões de euros, conforme dados ajustados sazonalmente e divulgados hoje pela Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia.

Em junho, o saldo positivo havia sido maior, alcançando 17 bilhões de euros após revisão dos números. Na comparação mensal, as exportações do bloco cresceram 0,8% em julho, enquanto as importações aumentaram 1,6%, também com ajustes sazonais. Sem considerar os ajustes, o superávit comercial diminuiu para 21,2 bilhões de euros em julho, segundo a Eurostat.

Tentativa de assassinato de Trump

O mercado também repercute a tentativa de assassinato do candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. O ataque está sendo investigado pelo FBI, segundo informações da Reuters.

O incidente ocorreu perto do campo de golfe do ex-presidente em West Palm Beach, Flórida, na noite de ontem. Agentes do Serviço Secreto trocaram tiros com um suspeito escondido em arbustos.

Segundo autoridades, o tiroteio envolveu pelo menos quatro disparos e o suspeito foi neutralizado. O incidente se soma a outro ocorrido em julho na Pensilvânia, onde Trump foi ferido na orelha após tiros em seu comício.

Apesar da gravidade do evento, analistas sugerem que o evento não deva gerar, a princípio, qualquer impacto significativo nos mercados. Entretanto, pode ser que o mercado apresente algum nível de volatilidade, especialmente nas taxas de câmbio, à medida que os detalhes do incidente se tornam mais claros.

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