NEW YORK, NEW YORK - SEPTEMBER 23: U.S. President Donald Trump and first lady Melania Trump step on an escalator as they arrive for the 80th session of the UN’s General Assembly (UNGA) on September 23, 2025 in New York City. World leaders convened for the 80th Session of UNGA, with this year’s theme for the annual global meeting being “Better together: 80 years and more for peace, development and human rights.” (Photo by Alexi J. Rosenfeld/Getty Images) (Alexi J. Rosenfeld/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 06h11.
A implosão da American Bitcoin Corp. na terça-feira, 2, virou um retrato do momento delicado do mercado cripto. Minutos após a abertura em Wall Street, as ações da mineradora chegaram a cair mais de 50%, em um movimento tão brusco que rapidamente transformou a empresa no símbolo do tombo generalizado que atinge o setor no fim de 2025.
Embora o Bitcoin tenha recuado cerca de 25% nos últimos dois meses, os projetos ligados à família Trump foram ainda mais afetados. A World Liberty Financial, cofundada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, viu o token WLFI despencar 51% desde o pico de setembro, enquanto a Alt5 Sigma, promovida pelos filhos do presidente, perdeu cerca de 75% e ainda enfrenta problemas legais, segundo informações da Bloomberg.
Os memecoins com o nome de Donald e Melania Trump também sofreram colapsos, de 90% e 99%, respectivamente, desde as máximas de janeiro. Nos últimos cinco dias, a American Bitcoin acumula queda de 45%.
A fortuna em criptoativos acumulada pela família Trump encolheu e a imagem pública do presidente, que transformou o Bitcoin em termômetro político do seu segundo mandato, saiu arranhada. O que antes era visto como um prêmio Trump no mercado digital começou a se converter em um peso Trump, expondo a fragilidade dos ativos ligados a narrativas de influência e popularidade, segundo a Bloomberg.
Eric Trump, cofundador da American Bitcoin, usou as redes sociais para minimizar o impacto, atribuindo as perdas ao fim do período de lockup das ações. “Nossos fundamentos são praticamente incomparáveis”, declarou, prometendo liderar o setor.
Apesar do tombo, o mercado segue volátil e contraditório. Nesta quarta, a American Bitcoin subiu mais de 9%. Já o Bitcoin teve uma alta mais discreta, 1,7%.
No início do ano, o apoio explícito de Trump às criptomoedas parecia capaz de tirar o setor do ciclo clássico de euforia e queda. O entusiasmo não era apenas político. Investidores que queriam demonstrar apoio ao presidente compravam tokens ligados a ele, ajudando a impulsionar preços e negócios. As ações da Gryphon Digital subiram 173% quando a empresa anunciou fusão com a American Bitcoin em maio, e avançaram mais 16% no primeiro dia de negociação pós-fusão, segundo a Bloomberg.
Políticas do governo também ajudaram, com propostas para regulamentar stablecoins atreladas ao dólar e trazer o tema para o mainstream financeiro. Mas os sinais de desgaste começaram a se acumular no segundo semestre. Tarifas sobre produtos chineses, denúncias contra fornecedores e investigações criminais envolvendo empresas associadas minaram a confiança dos investidores.
A derrocada recente eliminou mais de US$ 1 bilhão da riqueza acumulada pela família Trump no boom cripto. Os investidores de varejo que entraram perto das máximas sofrem agora as maiores perdas, alguns com quedas superiores a 40% nos portfólios, de acordo com a Bloomberg.