Warner Bros.Discovery: companhia de mídia vive sob pressão em ofertas da Comcast, Netflix e Paramount (Photo Illustration by Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Ima/Getty Images)
Repórter
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 19h46.
Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 19h51.
A Comcast entrou na disputa pela compra da Warner Bros. Discovery com uma missão: realizar a fusão entre sua divisão NBCUniversal e a dona da franquia "Harry Potter". As ambições da companhia de mídia foram detalhas por fontes envolvidas nas negociações, em condição de anonimato, à Bloomberg.
Nesta segunda-feira, 2, a Comcast apresentou uma nova proposta pela Warner Bros., que, caso aceite, garantiria o controle da nova entidade combinada. As fontes disseram à agência de notícias que os detalhes do acordo ainda não foram revelados. O plano foi apresentado logo após a oferta em dinheiro feita pela Netflix à Warner.
Pelos termos da oferta, os acionistas da Warner Bros. receberiam um pagamento divido em dinheiro e ações da nova companhia. A Comcast está entre as três empresas que, nesta semana, submeteram propostas na segunda rodada de lances pela Warner Bros.
A Comcast pretende criar um conglomerado de entretenimento ainda maior ao unir sua rede de TV NBC, seus estúdios de cinema e TV, além de seus parques temáticos com a Warner Bros. A aquisição do serviço de streaming HBO Max, por exemplo, ajudaria a fortalecer sua plataforma Peacock.
Após a divulgação do plano, as ações da Comcast subiram até 2,6% nesta terça-feira em Nova York, enquanto as ações da Warner Bros. registraram um aumento superior a 3%.Além disso, a Comcast segue com seus planos de separar canais de TV a cabo, como MS Now e CNBC, criando uma nova empresa chamada Versant, com a transação prevista para o início do próximo ano. Da mesma forma, a Warner Bros. pretende dividir seus canais a cabo, como CNN e TNT, formando uma companhia independente chamada Discovery Global.
Segundo a Bloomberg, a Comcast teria oferecido ao CEO da Warner, David Zaslav, uma posição de liderança na nova estrutura empresarial.
A Warner Bros. colocou suas ações à venda no mês passado após receber diversas ofertas não solicitadas, inclusive da Paramount Skydance. A Netflix também é uma das três empresas que apresentaram propostas revisadas nesta segunda-feira. O conselho da Warner Bros. está analisando as propostas e pode decidir nos próximos dias ou solicitar uma nova rodada de lances.
A oferta da Netflix é predominantemente em dinheiro, com a empresa buscando levantar uma quantia significativa por meio de um empréstimo-ponte. A Netflix, assim como a Comcast, tem interesse apenas nos estúdios e no serviço de streaming da Warner Bros.
Já a Paramount fez uma proposta em dinheiro, que depende, em parte, de financiamento da Apollo Global Management e de fundos do Oriente Médio. Diferente das outras empresas, a Paramount pretende adquirir também os canais a cabo da Warner Bros.
A fusão entre os gigantes provavelmente enfrentará desafios regulatórios, já que a Warner Bros. é uma das maiores produtoras de cinema e televisão de Hollywood. A Netflix, por sua vez, garantiu à direção da Warner Bros. que continuará a lançar seus filmes nos cinemas.
Apesar das expectativas do mercado e a pressão das companhias de mídia, os três pretendentes à Warner Bros. apresentam uma série de preocupações regulatórias que podem complicar a compra da empresa.
Em relação à Netflix, uma fusão com a Warner Discovery poderia instigar uma investigação por parte do Departamento de Justiça, afirmou Blair Levin, consultor de políticas da New Street Research e ex-funcionário da Comissão Federal de Comunicações (FCC), ao Wall Street Journal. Ele explicou que, devido ao envolvimento de Reed Hastings, presidente e cofundador da Netflix, no apoio a Kamala Harris (do Partido Democrata) nas eleições presidenciais de 2024, o Departamento de Justiça poderia considerar a oportunidade de Donald Trump, presidente dos EUA, interferir nas negociações e inviabilizar o acordo.
Por sua vez, a Comcast, proprietária da NBC News e do canal MS NOW (conhecido por sua linha editorial progressista), também tem enfrentado críticas públicas por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus aliados, o que gerou dúvidas em Wall Street sobre a viabilidade da aprovação do acordo.
No entanto, na teleconferência de resultados da semana passada, Mike Cavanagh, co-CEO da Comcast, minimizou os obstáculos regulatórios em Washington, sugerindo que, ao contrário do que alguns acreditam, a empresa tem opções viáveis para superar esses desafios.
A Comcast está atualmente desmembrando o MS NOW e outros ativos de TV a cabo em uma nova empresa chamada Versant. Brian Roberts, CEO da Comcast, não ocupará nenhum cargo executivo ou parte do conselho da Versant, mas será proprietário de um terço das ações com direito a voto. Recentemente, a Comcast também fez uma contribuição para a reforma da Ala Leste da Casa Branca, iniciativa promovida por Trump.
No entanto, David Ellison, CEO da Paramount, se mostrou confiante diante da competição pela compra da Warner ao afirmar, em um evento em outubro, que tem um bom relacionamento com o governo de Donald Trump.