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Clube Exame Invest: as oportunidades na bolsa mesmo com juros altos, com Laercio Henrique, do BTG

Episódio 53 do clube da Exame Invest ouve gestor de fundo que deu retorno de 28% em 2022 e começou 2023 aproveitando o caso Americanas

Clube Exame Invest: confira o podcast sobre investimentos ancorado por Daniel Cunha, sales no BTG Pactual e Bruno Lima, equity research analyst do BTG Pactual. (YouTube/Reprodução)

Clube Exame Invest: confira o podcast sobre investimentos ancorado por Daniel Cunha, sales no BTG Pactual e Bruno Lima, equity research analyst do BTG Pactual. (YouTube/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de fevereiro de 2023 às 19h01.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2023 às 19h14.

O começo de 2023 complexo, com uma perspectiva de manutenção de juros altos no Brasil e nos EUA, pode afastar os investidores da renda variável? É um dos grandes debates entre gestores e investidores nas últimas semanas. Mas uma leitura mais aprofundada da Bolsa mostra que há, sim, oportunidades mesmo nestes momentos.

É esta a tônica do episódio 53 do Clube da Exame Invest, podcast sobre investimentos ancorado por Daniel Cunha, sales no BTG Pactual e Bruno Lima, equity research analyst do BTG Pactual. O convidado é Laercio Henrique, gestor da família Absoluto do BTG Pactual Asset Management.

Henrique é gestor de dois dos fundos mais bem sucedidos do mercado. O Absoluto Fic Fia tem 430% de performance desde sua criação, ante 65% do Ibovespa. O Long Short, lançado em 2012, tem 260% de performance, ante 65% do ibovespa e pouco mais de 100% do CDI. Ano passado o fundo deu retorno de 28%, o segundo maior da indústria.

O resultado é alcançado, conforme explica o gestor, com uma capacidade de combinar a leitura macro dos cenários no Brasil e no mundo, com ações micro para tirar proveito no curto e no longo prazos.

"Estamos num momento macro muito desafiador. Um mercado de juros e inflação alta no Brasil e no mundo, e este é um momento ideal para nosso produto long short. Ele não tem a obrigação de ficar comprado 100% do tempo; pelo contrário, pode ganhar dinheiro apostando contra as ações. E é isso que fazemos. Usamos nossa inteligência e a estrutura econômica do banco para entender onde estamos no ciclo, no diagnóstico macro, e fazer prevalecer esse viés nas apostas micro", explica Henrique.

O resultado de 2022 foi alcançado ao apostar que o cenário de inflação alta não era temporária, indo em direção oposta ao que sinalizava o banco central americano. "Nós já víamos uma inflação mais disseminada nos serviços, com massa salarial crescendo 6% ao ano", disse. "Apostamos boa parte do tempo short em S&P, e ganhamos bastante dinheiro".

O gestor também mudou uma posição vendida no consumo discricionário brasileiro ao longo de 2022. O valuation, afirma, parecia "muito esticado". E o caso Americanas foi o mais emblemático. O fundo foi um dos beneficiados com a queda de 80% do valor de mercado da varejista em um dia, após a revelação de um escândalo contábil.

"Não imaginávamos a fraude, mas acreditávamos que a Americanas era uma empresa com uma alavancagem excessiva à luz do momento cíclico difícil. O Black Friday muito ruim foi o catalisador. Pensamos que a empresa precisaria de um novo aumento de capital. Estávamos 2% short no fundo e ganhamos 150 vezes no dia em uma ação", explica o gestor. "Ficamos tristes pela empesa e pelas pessoas, mas é um ganho que mostra como nosso produto é indiferente ao cenário".

O episódio Americanas serviu de gancho para Henrique explicar outras das apostas do fundo neste início de 2023.

"Os bancos sofreram demais, o que perderam de market cap não condiz com o risco trazido pelas Americanas", afirmou. Segundo ele, o Itaú, mais especificamente, provisionou 100% da perda com as Americanas e está num momento de aproveitar para crescer enquanto concorrentes sofrem mais com inadimplência alta. "O guidance para 203 é expandir o lucro da ordem de 15% e com preço/lucro na ordem de 6 vezes, o que é muito baixo para o padrão histórico do banco. Nós aproveitamos desse momento para comprar mais Itaú", afirmou.

No varejo, por outro lado, ele aproveita uma assimetria na outra ponta. "Essa narrativa de que a Americanas sai e larga market share para os competidores é verdade, mas não podemos esquecer que tudo tem preço. As ações subiram demais no day after", disse. São papéis que, segundo Henrique, negociam com uma relação muito próxima das growth stocks americanas, como empresas de tecnologia. "Será que o valuation Magazine, apesar de gostarmos da empresa, faz sentido nesse ambiente macro de juro alto por mais tempo? Achamos que o momento de rali nesse segmento foi exagerado e por isso voltamos a ficar short em Via Varejo e Magazine Luiza no curto prazo", explicou.

É o tipo de flexibilidade que permite à gestora dar retornos de 20% ao ano mesmo com a bolsa em momentos de baixa. A aula completa de Henrique sobre como navegar neste mar revolto está no episódio 53 do Clube Exame Invest.

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Acompanhe também, no canal da Exame Invest, os episódios anteriores do Clube, que já recebeu convidados como Louis-Vincent Gave, CEO e sócio-fundador da Gavekal, Luis Carillo, gestor da J.P. Morgan & Co., Duda Rocha, sócio-fundador e CEO da Occam Brasil, e Fabio Kanczuk, Head de Macroeconomia da ASA Investments.

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