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Caos nas bolsas: mercado precifica possível corte de emergência do Fed

Investidores aumentam as apostas de redução de juros nos Estados Unidos e precificam três cortes ainda este ano

Wall Street: bolsas americanas operam em queda nesta segunda-feira (Matteo Colombo/Getty Images)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 5 de agosto de 2024 às 14h48.

Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 14h53.

Derretimento da bolsa do Japão, Europa fechando em baixa e Estados Unidos em grande movimento vendedor: estes são alguns dos pontos de atenção nesta segunda-feira, 5, marcada pelo caos nas bolsas globais. O principal temor do mercado é que o Federal Reserve ( Fed, o banco central americano) tenha demorado demais para cortar os juros dos EUA, deixando a porta aberta para um cenário de recessão na maior economia do mundo.

Wall Street está tão preocupada com os rumos da economia que estaria, inclusive, precificando um corte emergencial na taxa de juros. O mercado de swap chegou a projetar uma probabilidade de 60% de um corte emergencial de 0,25 ponto percentual (p.p.) nas taxas já na próxima semana, de acordo com a Bloomberg. A taxa de juros atual nos EUA está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

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Vale lembrar que, em condições normais, o Fed só realiza mudanças nas taxas em suas reuniões programadas. Sendo assim, a próxima decisão ocorreria apenas no dia 18 de setembro, no próximo mês. Existem, no entanto, condições emergenciais que poderiam fazer o Fed tomar uma decisão de forma antecipada. Na pandemia de covid-19, por exemplo, o comitê se reuniu em um domingo – ao contrário das tradicionais terças e quartas-feiras – e colocou as taxas de juros próximas de zero.

Os mercados também estão aumentando as apostas em novos cortes de juros até o final do ano: 48% dos investidores estão projetando três cortes na taxa de juros até o final de 2024 de acordo com a ferramenta CME FedWatch – na semana passada, a porcentagem era de 0,2%.

Por que o mercado está preocupado com o Fed?

O movimento de aversão nesta segunda-feira é uma continuidade da baixa no final da semana passada, quando o mercado já enfrentava um clima de aversão a risco. O  maior de inflexão foi o payroll, relatório de empregos não-agrícolas dos EUA.

O documento mostrou que a taxa de desemprego nos EUA em julho cresceu novamente atingindo 4,3% (frente a 4,1% em junho e 3,6% em julho de 2023). É a maior taxa desde novembro de 2021, superando o consenso de mercado, que esperava manutenção. Na mesma direção, houve criação de apenas 114 mil novas vagas de emprego, enquanto o consenso previa 176 mil vagas.

E o payroll não foi o único dado a trazer preocupação. Antes dele, a divulgação do índice de gerentes de compras (PMI) do setor industrial dos Estados Unidos já vinha no radar dos analistas. O PMI recuou a 46,8 pontos em julho, abaixo dos 48,9 pontos previstos – um sinal de contração econômica. Além disso, os pedidos de seguro-desemprego nos EUA totalizaram 249 mil na semana passada, número acima dos 235 mil esperados pelo mercado.

Os dados reforçaram a crença dos investidores de que o Fed está demorando mais do que deveria para cortar os juros. “Após o payroll da semana passada, o mercado agora espera cortes consecutivos de 0,5 p.p. nas taxas em setembro e novembro, e um corte de 0,25 p.p. em dezembro”, informaram, em nota, os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Aqui no Brasil, o movimento das bolsas foi chamado de "extremado" pelo CEO do Bradesco Marcelo Noronha.“É uma reação absolutamente extremada. Todos os mercados vão pagar e cair em cadeia: Ásia, Europa, Brasil, Estados Unidos”, afirmou Noronha nesta segunda-feira, 5, em coletiva para comentar os resultados do banco no segundo trimestre, nesta segunda-feira, 5.

O Ibovespa opera em queda próxima a 0,6% por volta das 14h50. Nos EUA, o índice de tecnologia Nasdaq cai até 2,7%.

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