Lucro projetado para o banco em 2022 deve ficar abaixo do esperado pelo mercado | Foto: Eduardo Frazão/EXAME (Eduardo Frazão/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 12h40.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2022 às 20h10.
As ações do Bradesco (BBDC3/BBDC4) desabaram mais de 8% nesta quarta-feira, 9, com investidores reagindo à divulgação do balanço do quarto trimestre de 2021. O lucro veio abaixo das previsões do mercado e as perspectivas para este ano também geraram frustrações.
No fechamento:
O segundo maior banco privado do país registrou lucro recorrente de R$ 6,613 bilhões entre outubro e dezembro do último ano, o que representa uma queda de 2,8% ante o mesmo período de 2020. O valor ficou abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, que esperavam R$ 6,916 bilhões de lucro. Sem ajustes, o lucro caiu 42% na comparação ano a ano, para R$ 3,17 bilhões, refletindo uma série de baixas contábeis.
Já as projeções para 2022 envolvem um aumento da carteira de crédito de 10% a 14%. O banco estima ainda que suas despesas com provisões para perdas com inadimplência fiquem na faixa de R$ 15 bilhões a R$ 19 bilhões em 2022.
Segundo cálculos do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), as projeções indicam um lucro de R$ 28 bilhões para o Bradesco neste ano, um resultado 4% abaixo do esperado pelo BTG.
“Após o dia do investidor no ano passado, as expectativas para o guidance [conjunto de projeções] de 2022 foram excessivamente otimistas e acabaram decepcionando, especialmente na margem financeira líquida (NII) de clientes”, afirmam os analistas em relatório.
O lucro projetado também deve ficar 8% abaixo do que esperavam os analistas do Goldman Sachs, que projetavam R$ 30,3 bilhões em resultado. Ainda assim, a recomendação é de compra para as ações do Bradesco considerando, principalmente, o preço atrativo dos papéis.
“A ação está sendo negociada a 7,3x o múltiplo P/L [que calcula a relação entre o preço da ação e o lucro gerado pelo negócio] enquanto nossas metas de preço implicam que ele deve ser negociado a 8,4x. Além disso, o Bradesco está negociando com 26% de desconto sobre sua média histórica de 9,9x”, dizem os analistas em relatório.
O preço-alvo do Goldman Sachs para as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) é de R$ 26, o que representa um potencial de valorização (upside) de 14% em relação ao preço de fechamento da véspera.
O BTG também recomenda compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 29 — um upside de 27%. Os analistas, no entanto, destacam sua preferência pelos papéis do Itaú (ITUB4) que, segundo o relatório, deve apresentar o melhor balanço do setor bancário.
O Itaú divulga seus resultados amanhã, após o fechamento do mercado. Nesta quinta, os papéis operam em queda de mais de 2%, pressionados pelo Bradesco.