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Bancos centrais compram um quinto do ouro do mundo e querem aumentar aposta

Compras têm ajudado a impulsionar preço da commodity para níveis recordes; proporção destinada a bancos centrais no primeiro trimestre foi quase o triplo do registrado há dois anos, quando volume atingiu maior patamar da série histórica

Ouro: commodity vem sendo negociado próxima das máximas (Getty/Getty Images)

Ouro: commodity vem sendo negociado próxima das máximas (Getty/Getty Images)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 19 de junho de 2024 às 16h08.

Última atualização em 19 de junho de 2024 às 18h17.

Os bancos centrais do mundo todo vêm aumentando significativamente as reservas de ouro, segundo pesquisa do Conselho Mundial do Ouro (GWC, na sigla em inglês). Os últimos dois anos, aponta o GWC, foram os que os BCs mais compraram ouro na história. Somente em 2023, foram adicionadas 1.037 toneladas de ouro às reservas dos bancos centrais e, em 2022, 1.082 toneladas. O crescimento, afirma a pesquisa, estaria associado ao aumento das complexidades geopolíticas e do sistema financeiro nos últimos anos.

O volume de compras coloca os bancos centrais como um dos principais destinos de todo o ouro produzido no mundo. De acordo com o GWC, 1 a cada 5 toneladas de ouro produzidas foi destinada aos bancos centrais no primeiro trimestre do ano. A proporção é muito maior que a de 1 para 14 registrada no primeiro trimestre de 2022, ano em que os bancos centrais mais compraram ouro na história.

Esse aumento de demanda tem impactado os preços da commodity, que vem sendo negociada em níveis recordes. A valorização acumulada em 2024 está em 13% e próxima de 21% em relação ao mesmo período do ano passado.

"As compras do banco central continuam sendo uma prioridade no mercado de ouro e continuamos muito convencidos da maior disponibilidade dos bancos centrais em comprar ouro, que é impulsionada muito mais por considerações políticas do que econômicas", diz Carsten Menke, head de research de próximas gerações da Julius Baer.

O GWC mostra que 81% dos banqueiros centrais entrevistados esperam um aumento das reservas em ouro nos próximos 12 meses. O percentual é o maior já registrado desde quando a pesquisa começou a ser feita, em 2019. No ano passado, 71% esperavam um aumento das reservas. Mas quando questionados diretamente se pretendiam aumentar suas próprias reservas em ouro, o percentual cai para 29%, ainda assim o maior da série histórica. Em 2023 e em 2022, 24% e 25% dos bancos centrais pretendiam aumentar suas próprias reservas de ouro, respectivamente.

Mais ouro, menos dólar

Os principais motivos para as reservas em ouro, segundo os próprios banqueiros, são seu desempenho histórico durante períodos de crise e por servir de proteção contra a inflação no longo prazo. Preocupações relacionadas a riscos geopolíticos e do sistema financeiro também foram usadas como justificativas por 67% dos bancos centrais avançados e 62% dos emergentes para a manutenção de reservas em ouro.

Na contramão do ouro está o dólar. Dos banqueiros centrais entrevistados, 13% afirmaram que esperam que nos próximos cinco anos as reservas em dólar sejam significativamente menores e 49%, moderadamente menores. No ano passado, apenas 5% esperavam reservas significativamente menores e 50% moderadamente menores. Embora vejam níveis de reservas em dólar menores para os próximos anos, a desdolarização das reservas não está em pauta. Para 89% dos bancos centrais, o tema não é relevante para o aumento das reservas em ouro ou apenas marginalmente. Por outro lado, 65% dos banqueiros justificam a compra de ouro por servir como diversificador de risco geopolítico.

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