Ata do Fed: mercado vê sinais para corte de juros em setembro
Repórter de finanças
Publicado em 21 de agosto de 2024 às 16h23.
Última atualização em 21 de agosto de 2024 às 16h52.
Ao que tudo aponta, o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos começará, de fato, em setembro, após quatro anos e meio -- segundo a ata do Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulgada nesta quarta-feira, 21.
De acordo com o documento, a “vasta maioria” dos dirigentes observam que, se os dados continuarem progredindo conforme o esperado, um corte na próxima reunião já seria apropriado.
Ainda segundo a ata, vários membros já defenderam, inclusive, um corte de 0,25 pontos percentuais (p.p.) na última reunião, de julho, por considerarem que o progresso no combate à inflação seria suficiente para justificar a redução da taxa básica de juros por lá.
O aumento da taxa de desemprego também foi citado na reunião de 30 e 31 de julho como um argumento plausível para a redução, diz o documento.
Somado à desaceleração do mercado de trabalho, a ata também traz o crescimento da economia em um ritmo menor do que no ano passado como um dos motivos para o corte em julho.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, a ata veio em um tom 'dovish' (apontando para uma tendência de queda de juros), com destaque para a percepção dos participantes que a perspectiva de desinflação deve seguir à frente e que os riscos altistas ao cenário de inflação perderam força.
Christian Thorgaard, economista-chefe da Skopos, também ressalta que a ata sugere que os fatores que deprimiram a inflação devem seguir imprimindo trajetória de moderação, como aluguéis desacelerando, serviços e mercado de trabalho mais fracos e expectativas ancoradas.
"Riscos de inflação baixaram e riscos ao emprego subiram; alguns diretores notam que desaceleração adicional arrisca uma piora mais consistente no mercado de trabalho."
Na leitura do executivo, o tom da ata, aliado ao payroll (relatório oficial de emprego dos EUA) de julho -- e sua revisão anual hoje -- justificariam o começo de um ciclo de cortes em setembro com queda de 0,50 pontos percentuais.