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O que assustou as Bolsas de Valores dos EUA após a decisão do Fed?

Os investidores se amedrontaram com os sinais contraditórios que o Banco Central americano enviou no comunicado final e na coletiva do presidente

Presidente do Fed, Jerome Powell (Sarah Silbiger/Reuters)
CC

Carlo Cauti

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 05h46.

Era o evento mais esperado. E vinha mantendo os mercados em alerta há dias. Mas, no final, a reunião do Federal Reserve (Fed) da última quarta-feira, 2, de novembro a confusão se instalou nos mercados.

O Banco Central dos EUA elevou as taxas de juros em 75 pontos base pela quarta vez consecutiva, como todos esperavam. Mas o problema foi que deu sinais contrastantes sobre os movimentos futuros. O comunicado final divulgado pelo Federal Reserve pareceu sinalizar aumentos mais cautelosos das taxas no futuro (como os mercados esperavam), enquanto o presidente Jerome Powell transmitiu mensagens na direção oposta na entrevista coletiva.

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A reação de Wall Street foi alinhada com a desorientação geral: o mercado de ações dos EUA operava em território negativo antes da coletiva de Powell, e logo depois começou a subir, para virar e finalmente - durante a coletiva de imprensa - voltar em baixa. E no final a queda foi ainda mais dramática, com índice S&P 500 que perdeu 2,52% e o Nasdaq que despencou 3,36%.

Wall Street se perguntava quando essa política monetária iria acabar

Para entender a reação das bolsas americanas, é preciso fazer uma premissa. Há semanas, os mercados se perguntam uma coisa só: o Fed, o Banco Central Europeu (BCE) e os outros bancos centrais vão acabar com as super-altas de 75 pontos-base? A cautela vai voltar a pautar a política monetária ou os apertos mais duros vão prosseguir? O mês de outubro registrou uma forte recuperação nas Bolsas de Valores europeias e americana justamente na esperança de uma redução do aperto monetário.

Esperança alimentada pelo Banco do Canadá, que elevou os juros em 50 pontos base em vez de 75 como esperado. O último comunicado final do BCE também alimentou essa esperança, e algumas declarações de membros do Fed também deixaram os mercados acreditarem que o aperto se reduziria de intensidade.

Todavia, logo em seguida chegaram alguns indicadores econômicos em contraste com essa expectativa, como dados sobre inflação na Europa ou sobre o mercado de trabalho dos EUA, e o entusiasmo desapareceu.

Como isso, todos os olhares acabaram voltados para o Federal Reserve. Não na atual alta da taxa de juros, pois todos esperavam 75 pontos base, mas nas perspectivas futuras da política monetária. Pena, porém, que o Banco Central dos EUA só tenha gerado confusão.

Tanto que o mercado elevou as expectativas sobre a taxa final desta temporada de aperto monetário. Se antes previa que o Fed chegaria a 5% em 2023 (dos atuais 3,75-4%), agora elevou a fasquia para 5,10%. E já tem analista que está precificando uma taxa de 5,5%.

As dúvidas se instalaram nos mercados

Entre agora e a próxima reunião do Fed do dia 14 de dezembro, chegarão duas novas atualizações da inflação, nos dias 10 de novembro e 13 de dezembro, e novos indicadores do mercado de trabalho. Estes números afetarão as próximas decisões do Fed. E o mercado está tentando prever como isso vai acontecer.

Há muitos indicadores que sinalizam uma possível desaceleração do núcleo de inflação. Portanto, é razoável esperar uma redução da alta dos preços. Mas isso não necessariamente acontece. O componente de aluguéis, que responde por 30% da cesta de inflação dos EUA, como é calculado, também pode manter os preços ao consumidor elevados. E isso obrigaria o Fed a aumentar ainda mais os juros. A incerteza ainda é elevada. E a dúvida está instalada nos mercados.

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