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As impressões do guru dos emergentes sobre a Argentina de Milei: "ainda não estamos investindo"

Mark Mobius volta mais confiante de viagem à Argentina e afirma que está avaliando oportunidades no país

Mark Mobius: "Os primeiros sinais são promissores" (Gunther Werk/Exame)

Mark Mobius: "Os primeiros sinais são promissores" (Gunther Werk/Exame)

Publicado em 18 de março de 2024 às 13h08.

Última atualização em 18 de março de 2024 às 16h42.

O lendário investidor Mark Mobius voltou da Argentina mais confiante sobre os rumos que o país está tomando. Sua última visita havia sido há cinco anos, quando a iminente vitória do então candidato Alberto Fernandéz derrubou o peso argentino e fez a taxa de juros disparar. A economia local, desde então, atravessou uma montanha-russa. Já nas mãos do atual presidente Javier Milei, a Argentina bateu na último mês 276% de inflação no acumulado de 12 meses, o maior patamar desde a hiperinflação dos anos 1990. Parte da alta de preços foi impulsionada pelo destravamento do câmbio, que fez o dólar oficial disparar de 360 pesos para 852 pesos, reduzindo a diferença com o dólar blue (paralelo), que segue próximo de 1.000 pesos. 

Apesar dos números apontarem para um cenário bastante desafiador para a Argentina, a percepção de Mobius é de que os primeiros sinais do governo de Milei são "promissores". Mark afirma que não possui nenhum investimento na Argentina, mas que os problemas do país não o impedem de investir. "Estamos estudando cuidadosamente. Precisamos encontrar a combinação certa de fatores empresariais para que isso aconteça."

Percepções de Mobius

"Foi interessante ver que muitas empresas estavam otimistas em relação às iniciativas do governo, mas também eram realistas ao compreender que nem todos os problemas poderiam ser resolvidos rapidamente", afirma Mobius em nota. 

Mark Mobius liderou a divisão de mercados emergentes da Franklin Templeton por mais de três décadas, antes de fundar a própria casa de investimentos, a Mobius Capital, em 2018. No ano passado, já aos 87 anos, Mobius decidiu deixar a gestora, na qual foi substituído por Carlos Hardenberg. 

Com intuito de dolarizar a economia argentina, Milei tem depreciado a moeda local para estimular a exportação e, consequentemente, a entrada de dólares. "Quando você está em uma situação tão terrível quanto a da Argentina – com uma inflação anual superior a 200% e quatro em cada dez argentinos vivendo na pobreza – estratégias ousadas e arriscadas podem ser exatamente o que é necessário", defende Mobius.

Apesar da inflação galopante e desvalorização do peso oficial, o Banco Central da Argentina recentemente cortou a taxa de juros de 100% para 80%. A redução foi feita pouco antes de ser divulgada a inflação mensal de fevereiro, que ficou em 13,2% -- a mais baixa do ano. Em janeiro, o país registrou seu primeiro superávit primário desde 2012.

A percepção de Mobius é de que "há uma sensação de otimismo cauteloso no ar". "O tempo dirá se os esforços do novo governo conduzirão a uma recuperação econômica e a um crescimento duradouros, mas, por enquanto, a história da Argentina é de luta, resiliência e esperança."

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