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Aposta de alta da Selic atinge máxima após dados fortes do mercado de trabalho

Taxa de desemprego cai para o menor nível desde 2015 e rendimento real tem alta de 4,8%

Roberto Campos Neto, presidente do BC: mercado aposta em alta da Selic na próxima reunião (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Roberto Campos Neto, presidente do BC: mercado aposta em alta da Selic na próxima reunião (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 11h03.

Os investidores estão mais confiantes do que nunca de que o Comitê de Política Monetária (Copom) dará início ao ciclo de alta de juros a partir da próxima decisão, em 18 de setembro.

A probabilidade precificada no mercado de opções de que o Copom elevará a taxa Selic no próximo mês aumentou de 64% para 88,25% desde o início da semana. A dúvida que permanece diz respeito à magnitude da alta, com os investidores atribuindo 41,6% de chance de a Selic subir de 10,50% para 10,75% e 45% de probabilidade de uma elevação para 11%.

As apostas de alta nos juros ganharam força desde o início do mês, impulsionadas pelo tom mais rigoroso da última ata do Copom e pelos discursos de Gabriel Galípolo, indicado à presidência do Banco Central, que tem se mostrado favorável a um aumento da taxa.

Contudo, a maior certeza veio nesta semana, com dados do mercado de trabalho mais fortes do que o esperado pelos economistas. Divulgada nesta sexta-feira, 30, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelou a menor taxa de desemprego desde 2015, de 6,8%. O rendimento real habitual subiu 4,8% em relação ao mesmo trimestre de 2023.

Esses dados corroboram os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que registrou um aumento de 32,6% na criação de empregos formais em julho, totalizando 188 mil novas vagas.

O receio dos economistas é que o ritmo acelerado do mercado de trabalho possa ter impactos negativos sobre a inflação, que já está acima da meta contínua de 3%. A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi de 4,35% no acumulado de 12 meses.

Expectativas de inflação e crescimento

As expectativas de inflação do boletim Focus também estão desancoradas da meta, com o mercado projetando um IPCA de 3,93% para 2025 e de 3,60% para 2026.

Por outro lado, o aquecimento do mercado de trabalho tem aumentado o otimismo quanto ao crescimento econômico neste ano. "Projetamos que a taxa de desemprego fique praticamente estável até o final de 2024. O desemprego em nível historicamente baixo ajuda a estimular a atividade econômica, que deve fechar o ano com um crescimento de 2,5%", diz em nota Cláudia Moreno, economista do C6 Bank.

No último boletim Focus, economistas revisaram a projeção de crescimento deste ano de 2,23% para 2,43%. Os dados desta semana, portanto, reforçam a possibilidade de novas revisões para cima na atividade econômica.

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