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Alpargatas sobe mais de 1% após perder R$ 150 milhões em valor de mercado

Movimentos coincidem com a reação do mercado à campanha publicitária da Havaianas

Havaianas: campanha publicitária com Fernanda Torres gera repercussão nas redes sociais (Havaianas/Divulgação)

Havaianas: campanha publicitária com Fernanda Torres gera repercussão nas redes sociais (Havaianas/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 11h30.

As ações da Alpargatas (ALPA4), dona da marca Havaianas, sobem, nesta terça-feira, 23, 1,57% cotadas a R$ 11,62 por volta das 11h30. O movimento é de recuperação após fechar em queda de 2,32% na sessão anterior e perder R$ 152 milhões em valor de mercado.

Tanto a oscilação de alta quanto a queda estão ligadas à repercussão do comercial da marca veiculado no último fim de semana, estrelado pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, ela diz: “Não quero que você comece 2026 com o pé direito”, completando em seguida: “O que eu desejo é que você comece o ano com os dois pés”.

O conteúdo provocou críticas de grupos de direita, que interpretaram a mensagem como política. Nos Estados Unidos, o ex-deputado Eduardo Bolsonaro gravou um vídeo jogando um par de Havaianas fora, em protesto contra o suposto teor político do anúncio. Até o momento, a Alpargatas não se pronunciou sobre a situação.

Ruído pontual

O período turbulento foi interpretado por analistas de varejo como um ruído pontual e não de quebra de fundamentos. Isso porque os investidores estão começando a ficar mais sensíveis ao risco eleitoral.

Soma-se a isso o momento de baixa liquidez da bolsa em semana reduzida de negociações, em que “uma polêmica como essa consegue mexer com o preço da ação no curto prazo”, explica Caroline Sanchez, analista da Levante Corp.

Segundo ela, o mercado reage rapidamente a qualquer aumento de ruído, principalmente quando envolve marcas muito conhecidas e altamente expostas ao consumidor final. “Isso gera volatilidade e realização de posição por parte de investidores mais sensíveis a risco reputacional”, comenta.

Movimento especulativo

Apesar da queda, Mauricio Grandeza, consultor de varejo e presidente da Aprovare Brasil (Associação dos Profissionais do Varejo), diz que o movimento é meramente especulativo e de curto prazo. “Estamos na véspera do Ano Novo, daqui a uma semana isso já foi, serão águas passadas”, destaca.

Para ele, a repercussão não deve gerar impacto nas vendas, e o motivo é o próprio comportamento do consumidor: ele é pouco acostumado a aderir a esse tipo boicote. Sanchez concorda.

“Historicamente, boicotes pontuais tendem a fazer mais barulho do que efeito real em volume. O consumidor médio de Havaianas é muito mais amplo do que o público engajado politicamente nas redes sociais”, complementa.

Em sua análise, não há evidência concreta de que esse tipo de repercussão gere queda material de consumo no curto prazo, especialmente para um produto tão massificado, acessível e presente no dia a dia como Havaianas.

Entretanto, o que pode preocupar o mercado não é uma queda imediata nas vendas, mas o potencial desgaste da marca ao longo do tempo, caso a empresa seja constantemente ligada a debates políticos.

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