Painel de cotações da B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 30 de maio de 2023 às 14h27.
Última atualização em 30 de maio de 2023 às 14h29.
Os investidores em mercados emergentes apostam em ações da América Latina e vendem as de outras regiões, atraídos por políticas monetárias agressivas e perspectivas de crescimento melhores.
As ações latino-americanas caminham para o terceiro mês consecutivo de ganhos — a sequência de alta mais longa em mais de um ano. As ações do Leste Europeu, Oriente Médio e África, por outro lado, estão prestes a sofrer a maior perda desde setembro, negociadas em uma mínima de 13 anos em relação às outras regiões emergentes.
Com uma categoria contrabalançando a outra, o MSCI Emerging Markets Index amplo variou pouco nos últimos seis meses.
Fatores como medidas rígidas de controle da inflação e um impulso renovado da indústria no México, os estrategistas apontam para uma série de motivos que sustentam as ações latino-americanas.
Os múltiplos de preços também estão atrativos. O indicador de referência da região é negociado a uma relação preço-lucro de 8,3 vezes, um desconto de 15% em relação às ações emergentes do Leste Europeu, Oriente Médio e África, ou EMEA na sigla em inglês. Equanto isso, as previsões de lucros aumentaram 4% na América Latina este ano, enquanto para as empresas da EMEA mudaram pouco.
Para Hasnain Malik, estrategista da Tellimer em Dubai, os fatores que impulsionam a divergência incluem “política de juros bem à frente da inflação no Brasil”, distância da Guerra na Ucrânia e a exclusão da Argentina dos índices latino-americanos de referência.
No Brasil, uma das políticas monetárias mais hawkish e proativas do mundo colocou o país à beira de um ciclo de flexibilização impensável para a maioria dos mercados emergentes. A alta anual dos preços ao consumidor medida pelo IPCA, que caiu para 4,18% em abril, é apenas um terço do que era há um ano, e o governo projeta 2% de crescimento econômico este ano. O mercado também vê com bons olhos os esforços de revisar isenções fiscais para enfrentar o déficit orçamentário. O Ibovespa, caminha para uma alta mensal de mais de 5%, a melhor desde outubro.
No México, a fronteira com os EUA ajuda a tornar o país um dos favoritos dos investidores este ano, graças ao chamado nearshoring, a busca por baixos custos de produção em países próximos para evitar gargalos logísticos e diminuir a dependência da China. As políticas fiscais e monetárias agressivas do país também o deixaram em melhor forma para enfrentar a turbulência que se aproxima. Uma recuperação das ações mexicanas aumentou seu valor de mercado em US$ 220 bilhões nos últimos três anos, e os investidores continuam otimistas com as perspectivas do país.