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A ambiciosa meta do Inter para superar a rentabilidade dos bancões em cinco anos

Banco digital tem plano de alcançar 60 milhões de clientes e ROE de 30% até 2027

Inter (INBR33) quer alcançar novo patamar de rentabilidade nos próximos cinco anos (Inter/Divulgação)

Inter (INBR33) quer alcançar novo patamar de rentabilidade nos próximos cinco anos (Inter/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 20 de janeiro de 2023 às 09h27.

Última atualização em 14 de março de 2023 às 15h06.

Uma rentabilidade acima da apresentada pelos maiores bancos do Brasil. Esta é a meta ousada apresentada pelo Inter (INBR32) esta semana em seu encontro anual com investidores, o Investor Day. 

Batizado de “60-30-30”, o plano de longo prazo do banco digital para os próximos cinco anos é alcançar 60 milhões de clientes, um índice de eficiência de 30% e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de aproximadamente 30%.

O ponto mais ambicioso da meta é o patamar do ROE, que indica a capacidade de um banco em rentabilizar seu capital e é um dos ubducadores mais observados no balanço de um banco. A rentabilidade, por sua vez, tem sido o calcanhar de aquiles do Inter na avaliação dos agentes financeiros. 

Atualmente a rentabilidade do Inter é próxima de zero, com um ROE negativo de 1,7% em seu último balanço, do terceiro trimestre de 2022. Para efeito de comparação, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) registraram ROEs na casa dos 21% no mesmo período, enquanto Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) tiveram um resultado de 15,6% e 13,4%, respectivamente. 

Em entrevista à EXAME Invest, Helena Caldeira, CFO do Inter, e Santiago Stel, diretor de estratégia e relações com investidores do banco, reconhecem que a meta é ambiciosa, mas reforçam que o Inter tem as ferramentas para alcançá-la.

“É um número desafiador e mais alto do que o dos bancos tradicionais, mas eles possuem uma dinâmica estrutural que o Inter não tem. Acreditamos que a combinação certa de receitas e despesas pode nos levar a esse resultado”, afirmou Stel.

A questão será equalizada pelo índice de eficiência do banco, razão entre despesas e receitas operacionais, que deve cair dos atuais 70% para 30%. Do lado das despesas, o Inter aposta na manutenção do custo de serviço por cliente ao longo dos próximos anos, que assim se traduziria em um diferencial competitivo.

Hoje o nosso custo de serviço por cliente dividido pelo número de clientes é 70% mais baixo que os bancos incumbentes. Quando pensamos nessa evolução ao longo do tempo, a premissa de manutenção desse custo faz com que nossas despesas com os clientes sejam muito mais baixas do que as de um banco tradicional”, explicou Caldeira.

Já do lado da receita, o objetivo é amplificar os ganhos crescendo e engajando a base de clientes. O Inter espera saltar dos atuais 24 milhões de clientes para 60 milhões em 2027, um crescimento de 8 milhões de clientes por ano vindos, principalmente, na forma de indicações – 80% das aquisições do Inter são orgânicas.

Aqui, conta a satisfação de clientes do Inter medida pelo NPS, principal indicador da área. O NPS atual do banco está acima de 80 pontos, na zona de excelência do indicador. “O patamar nos dá fôlego para manter o ritmo de crescimento sem necessidade de investimento para aquisição dos novos clientes”, afirmou a CFO.

Outro ponto essencial é a monetização da base de clientes, que é indicada pela receita média por usuário ativo (ARPAC, na sigla em inglês). A ARPAC do Inter, em termos ajustados, foi de R$ 33 no último balanço. A expectativa, no entanto, é que a receita média cresça à medida que os clientes passam mais tempo na plataforma – hoje, 40% dos usuários têm menos de 1 ano no Inter.

A meta do banco é que a ARPAC em 2027 seja de R$ 50, alcançando o retorno que hoje os clientes mais antigos já proporcionam. Os clientes das chamadas safras mais maduras, por sua vez, devem alcançar um patamar de R$ 80 em ARPAC nos próximos cinco anos, segundo as projeções do Inter.

Em crédito, o Inter pretende expandir sua carteira dos atuais R$ 22 bilhões para R$ 100 bilhões em 2027, aumentando sua fatia de mercado à medida que a base de clientes cresce. A expectativa é que, tudo isso combinado, resulte em um lucro de R$ 5 bilhões daqui a cinco anos. Em seu último balanço, o Inter registrou prejuízo de R$ 29,6 milhões, em um trimestre afetado pela deflação.

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