Especialista cita o temor de setores do mercado com algumas promessas de Trump (Andrew Harnik/AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 07h14.
Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 07h20.
O que o mercado espera para 2025? Será que Trump pode suavizar com a sua promessa de impor sobretaxas a produtos importados? O boom de IA vai continuar? Um podcast da Bloomberg tentou apontar alguns caminhos para essas dúvidas.
O editor de mercados da Bloomberg, Sam Potter, disse que houve imprecisão "acima da média" das firmas de investimento para os acontecimentos de 2024. "Muitas pessoas sentiram que o Fed e outros bancos centrais estavam aumentando os juros e algum tipo de pouco na economia aconteceria. Houve preocupação com recessão. Terminamos o ano com ações não muito longe de recordes históricos. Criptomoedas atingindo recordes. O pouso suave não se materializou", disse.
Para Potter, o ano de 2025 tem tudo para ser marcado por uma palavra: imprevisível. Isso em grande parte por causa de Donald Trump e algumas promessas de campanha. "Há muito otimismo também. Ele é visto como pró-negócios em geral, apesar de ser bastante protecionista em termos de comércio global. Espera-se que ele olhe para a desregulamentação em vários setores, impostos mais baixos, particularmente com empresas. Então, há muito otimismo, mas também caminhos no desconhecido porque ele tende a fazer jogo muito duro com as sobretaxas. Todo mundo espera que as tarifas venham, mas ninguém tem certeza em que nível ele as definirá. Trump traz consigo esse ar de imprevisibilidade, e isso torna extremamente difícil dizer o que vai acontecer", explicou o editor.
Uma preocupação entre grandes investidores, segundo o jornalista da Bloomberg, é a questão do déficit de muitos governos. "Até agora os mercados têm 'tolerado' isso, mas eu diria que isso não vai ser infinito"
E o que podemos esperar para a inteligência artificial para 2025? Para o editor, a tecnologia ainda não atingiu seu potencial pleno, mas algumas ressalvas devem ser feitas. "Há uma visão de que outros setores da economia vão conseguir adotar IA e eles vão melhorar com isso. Então, uma dica é procure esses lugares onde isso ainda vai acontecer. Saúde pode ser uma delas. Agora, é preciso entender que energia e infraestrutura ainda não estão completas para esse ciclo. Vamos precisar de usinas de energia e data centers. Empresas terão que pagar para construir essas coisas. Então, há uma oportunidade dupla nesse sentido", disse.
Sam Potter falou que houve duas empresas que lançaram a ideia de que estaríamos caminhando para outro "crash" no estilo da bolha "pontocom". Ele não acredita nisso. "Não acho que ninguém queira ficar na frente do trem da IA neste momento."