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Carrefour é primeira empresa a adotar área da Amazônia

O Carrefour no Brasil fechou acordo com o Ministério do Meio Ambiente para patrocinar uma área da Amazônia como parte do novo programa “Adote um Parque”, que será lançado amanhã pelo governo federal

O Carrefour no Brasil fechou acordo com o Ministério do Meio Ambiente para patrocinar uma área da Amazônia como parte do novo programa “Adote um Parque”, que será lançado amanhã pelo governo federal (Germano Lüders/Exame)

O Carrefour no Brasil fechou acordo com o Ministério do Meio Ambiente para patrocinar uma área da Amazônia como parte do novo programa “Adote um Parque”, que será lançado amanhã pelo governo federal (Germano Lüders/Exame)

LB

Leo Branco

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 09h20.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2021 às 21h14.

O Carrefour no Brasil fechou acordo com o Ministério do Meio Ambiente para patrocinar uma área da Amazônia como parte do novo programa “Adote um Parque”, que será lançado amanhã pelo governo.

O Carrefour se comprometeu a investir 4 milhões de reais por ano na preservação de uma área de conservação, disse o ministro Ricardo Salles em entrevista na sexta-feira.

A unidade brasileira da varejista francesa confirmou a negociação em comunicado à Bloomberg News, o que marca o pontapé inicial da visão do ministro para uma estrutura que regule a gestão de recursos externos na região. O presidente Jair Bolsonaro assinará o decreto criando o programa em solenidade amanhã, após um atraso de seis meses.

Companhias nacionais e internacionais - empresas, fundos de investimento ou mesmo pessoas físicas - podem patrocinar a preservação de uma unidade de conservação da floresta por 10 euros por hectare para estrangeiros e R$ 50 para empresas nacionais.

O programa oferece a Salles e a Bolsonaro a chance de enfrentar a onda de críticas sobre a gestão da floresta, transferindo parte da responsabilidade na preservação e manutenção de áreas para entidades privadas.

Cerca de 15% da Amazônia, ou 63 milhões de hectares, está disponível para patrocínio. No entanto, a postura de Bolsonaro em relação à floresta como um todo - minimizando o impacto dos incêndios e desautorizando ONGs, ambientalistas e apoio de governos estrangeiros - atraiu uma onda de críticas de investidores.

A postura do presidente e o aumento do desmatamento também vêm dificultando os esforços do Brasil para aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo reportagem da Folha de S.Paulo no sábado.

O acordo com o Carrefour Brasil torna a empresa responsável pela preservação de 75 mil hectares de floresta, uma área que equivale à cidade de Nova York, e prevê o patrocínio por um ano, renovável por mais quatro. O Carrefour chegou a ser excluído de índice de sustentabilidade socioambiental após a morte de um homem negro por seguranças em um supermercado da rede em Porto Alegre no ano passado.

Outras cinco empresas devem aderir nos próximos dias ao programa de adoção, segundo Salles, que não revelou os nomes porque as negociações estão em andamento. O ministro disse que, juntas, as seis empresas podem destinar 14 milhões de reais para os esforços de proteção da Amazônia.

Esse valor seria equivalente à metade do apoio financeiro que o governo aloca a cada ano para a proteção dessas áreas. “Para se ter uma ideia, hoje o governo investe R$ 28 milhões por ano para manter todas as áreas de conservação da Amazônia”, disse o ministro. “Com apenas seis empresas, já chegamos à metade desse valor.”

O “Adote um Parque” não é um programa de concessão ou venda de terras e a parceria exige que as empresas assumam o dever de proteger as áreas contra queimadas e desmatamento, regenerem florestas degradadas e invistam em melhorias de infraestrutura. Essa tarefa não será fácil: o ritmo das queimadas atingiu recorde no ano passado.

Trabalhando com Biden

Quando candidato à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden disse que o governo americano deveria mobilizar US$ 20 bilhões para impedir a destruição da floresta amazônica e impor “consequências econômicas significativas” se o desmatamento continuasse, o que desagradou Bolsonaro.

Salles trabalha para moderar esse tom, sinalizou. Na semana passada, o ministro se encontrou com o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, em Brasília, e prometeu resolver qualquer mal-entendido. “Deixei claro durante a reunião com Todd que estou 100% alinhado e disposto a trabalhar com o governo Biden na questão ambiental”, disse Salles. “Estou otimista que vamos fazer coisas positivas em parceria.”

Em carta enviada dia 29 de janeiro a Biden e à vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, intitulada “Plano de Proteção da Amazônia”, um grupo de embaixadores, ex-secretários do governo dos EUA e especialistas em mudança climática pediu ações do presidente americano para a proteção da floresta, dizendo que sua sobrevivência “exigirá novas políticas, diplomacia qualificada e grande determinação”.

Salles disse que concorda com algumas críticas apontadas pelo grupo climático, mas que a chave é o financiamento: “Espero receber os 20 bilhões de dólares que Biden prometeu durante a campanha. Esses fundos são muito bem-vindos”.

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