Troca de elenco na OpenAI confirma Sam Altman como protagonista definitivo da IA
CEO terá 7% da empresa, com a possibilidade de explorar o lucro do ChatGPT e captar investimentos em qualquer lugar do mundo
Repórter
Publicado em 27 de setembro de 2024 às 11h24.
Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 13h56.
A OpenAI, startup pioneira no desenvolvimento de inteligência artificial (IA), enfrentauma série de saídas de líderes importantes, incluindo a de sua CTO, Mira Murati, anunciada nesta quarta-feira, 25. Murati parece ter aberto uma porta pela qual também passaram Bob McGrew, chefe de pesquisa da OpenAI, e Barret Zoph, vice-presidente de pesquisa.
Essas saídas coincidem com preocupações que surgiram no conselho da OpenAI no ano passado, relacionadas ao estilo de gestão de Sam Altman, CEO da empresa, visto hoje com uma visão deturpada sobre o que deve ser a IA no futuro da humanidade.
À época, executivos como Murati foram questionados sobre a forma como Altman administrava a companhia, com uma tendência a fomentar rivalidades internas, o que poderia comprometer a retenção de talentos. Além disso, pesou na reputação do CEO a busca por capital em fontes como os Emirados Árabes, que, apesar de serem grandes investidores de capital de risco nos EUA, contrariariam a intenção samaritana da OpenAI em sua fundação. Altman chegou a dizer que precisaria de US$ 3 trilhões para levar a OpenAI ao seu estágio máximo.
A pressão mais recente sobre os executivos da OpenAI foi aumentando à medida que a empresa tentacaptar US$ 7 bilhões em investimentos, com uma avaliação estimada de US$ 150 bilhões. A companhia, que já conta com mais de 1.600 funcionários, tem perdido bilhões de dólares ao ano devido aos altos custos de desenvolvimento e operação de seus modelos de IA.
Em uma tentativa de manter o foco técnico da empresa, Altman anunciou em um memorando aos funcionários queassumirá pessoalmente as áreas técnicas e de produtos. Anteriormente, esses setores estavam sob o comando de Murati e McGrew.
Rivalidades internas
Murati e McGrew desempenhavam papéis centrais na coordenação dos esforços de pesquisa e aplicação da IA dentro da empresa, o que torna suas saídas particularmente impactantes para a OpenAI. Murati, por exemplo, era reconhecida por mediar discussões entre as equipes de segurança e produtos durante os processos de lançamento, enquanto McGrew aprovava os pedidos de recursos computacionais para os pesquisadores.
Conflitos internos, como o que envolvia Murati e Greg Brockman, presidente e cofundador da OpenAI, também contribuíram para as saídas. Brockman, que recentemente entrou em uma licença prolongada, muitas vezes entrava em desacordo com Murati sobre os rumos do desenvolvimento de IA.
Outro fator que tem afetado a liderança da OpenAI são as demandas de compensação de seus principais pesquisadores. Com a valorização da empresa, muitos funcionários foram atrás de revisões de salários e bônus maiores, o que gerou tensões com os líderes. Rivais como a nova startup de Sutskever, Safe Superintelligence, têm atraído talentos da OpenAI, agravando a crise de retenção.
Os desafios financeiros e a crescente competição no setor, no entanto, não parecem abalar a visão de Altman. Em um evento recente na Itália, o CEO minimizou as saídas e reforçou sua empolgação em capacitar uma nova geração de líderes - e todos comprometidos com a sua visão de empresa.