Em agosto, a Anthropic conduziu uma pesquisa com 132 funcionários e realizou 53 entrevistas para entender os efeitos do uso interno do Claude Code (NurPhoto/Getty Images)
Redator
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 09h41.
Uma das líderes na corrida da inteligência artificial, a Anthropic decidiu analisar como a tecnologia está mudando o dia a dia dentro da própria organização. Em agosto, a criadora do modelo Claude conduziu uma pesquisa com 132 funcionários e realizou 53 entrevistas aprofundadas para entender os efeitos do uso interno do Claude Code, sua ferramenta para programação.
A conclusão principal foi que a IA está transformando de forma radical o trabalho técnico, ampliando produtividade e escopo de atuação dos engenheiros. Os profissionais relataram se sentir mais “full stack”, ou seja, aptos a executar tarefas variadas com mais eficiência.Segundo o estudo, 27% das tarefas realizadas com o auxílio da IA não teriam sido feitas sem ela, por inviabilidade de custo ou tempo. Isso inclui, por exemplo, painéis analíticos e expansões de projetos. Além disso, até 20% das atribuições de cada funcionário poderiam ser “integralmente delegadas” ao Claude, principalmente funções repetitivas e de checagem simples.
Apesar dos ganhos em produtividade, os profissionais também demonstraram preocupações. Parte deles relatou menor interação com colegas, já que a IA passou a ser a primeira fonte de consulta técnica. A ausência desse contato também reduziu oportunidades de mentoria.
Outro ponto sensível está na erosão de habilidades técnicas profundas. “Quando produzir resultados é tão fácil e rápido, fica cada vez mais difícil dedicar tempo para realmente aprender algo”, disse um dos entrevistados.
Há ainda o temor de que a automação torne parte das funções irrelevante no longo prazo ou que eles estejam automatizando seu próprio caminho para o desemprego.Em janeiro, uma pesquisa da consultoria McKinsey verificou que o ambiente de trabalho era amplamente receptivo à IA. Das 3.613 pessoas entrevistadas, 39% se disseram otimistas em relação à tecnologia – perfil apelidado de Bloomers, ou florescentes –, e desejavam colaborar com a adoção responsável das ferramentas. Outros 20% defendiam uma implementação acelerada, com menos restrições.
Nesse cenário, o uso interno crescente de IA está acelerando discussões sobre capacitação profissional e a redefinição dos papéis técnicos no médio e longo prazo.