Inteligência Artificial

IA 'recria' vozes de estrelas da época de ouro de Hollywood

Entre a geração atual de atores, ainda há uma preocupação em torno do uso de IA na geração de conteúdo de voz

Um usuário poderia ter artigos narrados a ele por James Dean dentro do app

Um usuário poderia ter artigos narrados a ele por James Dean dentro do app

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 12 de agosto de 2024 às 06h31.

A inteligência artificial vem revolucionando diversos setores da economia. No cinema e na TV, um dos pontos para que a greve que envolveu atores e roteiristas durasse meses foi exatamente o acordo sobre IA. A classe artística teme ser "substituída' em algum momento pela ferramenta. A última novidade da IA relacionada aos filmes tem a ver com as velhas estrelas Hollywood: elas estão "renascendo"por meio de acordos envolvendo suas vozes e a IA.

De acordo com a CNBC, a ElevenLabs, uma startup de tecnologia de áudio financiada por empresas de capital de risco, incluindo Andreessen Horowitz e Sequoia, assinou vários acordos com os espólios de atores lendários para sua ferramenta IconicVoices, que permite que vozes como as Burt Reynolds, Judy Garland, James Dean e Sir Laurence Olivier, todas geradas por IA, leiam para os usuários do serviço de audiolivro.

A ElevenLabs, que foi lançada em 2023, cria áudio para livros e artigos de notícias, personagens de videogame, pré-produção de filmes e mídia social e publicidade. A empresa já trabalha com veículos como o New York Times e o Washington Post e, no início deste ano, a empresa foi selecionada pela Disney para participar de seu programa de aceleração.

Um usuário poderia, por exemplo, ter artigos narrados a ele por James Dean dentro do aplicativo, mas os usuários não podem acessar as vozes de nenhum conteúdo que ainda não esteja no aplicativo.

Esses tipos de acordos podem ajudar a definir os limites para um futuro em que o conteúdo de voz gerado por IA seja menos controverso e mais um terreno controlado e com curadoria. O Google Play e o Apple Books já utilizam vozes geradas por IA até certo ponto, embora existam grandes obstáculos para recriar o ritmo, a entonação e a emoção da voz humana, segundo a CNBC.

A indústria de IA tem sido atormentada por preocupações sobre o uso de vozes de celebridades, lembrando o que ocorreu em maio com a OpenAI, do ChatGPT, quando a atriz Scarlett Johansson acusou a empresa de roubar sua voz depois que ela rejeitou ofertas de licenciamento.

Entre a geração atual de atores, ainda há uma preocupação em torno do uso de IA na geração de conteúdo de voz. Atores que usam sua voz para videogames levantaram preocupações. O uso de vozes icônicas vendidas por espólios é um nicho de mercado que potencialmente evita essas armadilhas, representando um novo fluxo de renda da IA ​​em vez de um fluxo de renda perdido por causa da IA.

Os dubladores continuam divididos sobre a tecnologia, com alguns se recusando a considerar quaisquer acordos, mas outros dizendo que as oportunidades de clonar suas vozes para uma produção mais rápida e barata em algumas formas de audiolivros não podem ser ignoradas. "A tecnologia de IA pode ajudar nos fluxos de trabalho. A IA não é uma ferramenta nova para talentos de voz, produtores e editores, muitos dos quais a usam para melhorar seu controle de qualidade na pós-produção", disse Michele Cobb, diretora executiva da Audio Publishers Association, à CNBC.

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