(Guido Mieth/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 13h02.
Última atualização em 22 de setembro de 2022 às 14h26.
O mercado financeiro é um canal para os brasileiros que desejam multiplicar seu patrimônio. Isso pode acontecer pela valorização dos ativos ou pela distribuição de lucros. Assim, uma das formas adotadas pelas empresas para partilhar os ganhos é o pagamento de dividendos.
Os dividendos são uma parcela do lucro das empresas que é distribuída aos seus acionistas, proporcionando a eles um rendimento extra.
Então, quando uma empresa tem bons resultados ela distribui bons dividendos. Isso é um indicativo de que a companhia é bem administrada e pode ser uma opção de investimento interessante.
Qualquer investidor que compra uma ação ou um conjunto de ações está, na prática, se tornando sócio de uma empresa. Por ter aplicado parte de seu patrimônio na estrutura daquele negócio, o investidor passa a ter direito a receber parte dos lucros gerados em determinado período.
O cálculo do valor a ser distribuído é baseado no lucro líquido ajustado - ou seja, todo o ganho da empresa já subtraídos os impostos, despesas e eventuais provisões e vendas de ativos.
Essa é uma forma das empresas atraírem investidores, pois os dividendos permitem o recebimento de uma renda passiva - similar ao que acontece com quem é dono de um imóvel alugado, por exemplo.
Além disso, cabe lembrar que nem todas as empresas listadas na Bolsa de Valores conseguem pagar os dividendos. Mesmo para aquelas com bons históricos, não há garantia específica de pagamento.
Isso porque a empresa que distribui os lucros pode aumentar o valor da distribuição, mas também reduzir ou até mesmo suspender o pagamento em caso de alteração em seus negócios.
Existem dois tipos de ações em negociação no mercado. As ações ordinárias, negociadas com o código ON, são mais comuns. Elas dão ao investidor o direito de voto nas assembleias e ao chamado tag along (garantia de venda das ações junto do acionista majoritário, caso a empresa seja vendida a outro grupo).
Já as ações preferenciais dão ao investidor a vantagem no recebimento de dividendos. Em geral, as empresas têm um dividendo mínimo a ser distribuído a cada período. Por terem o benefício do recebimento dos lucros, os donos de ações preferenciais não participam das decisões em assembleia.
Para que haja a distribuição de dividendos é preciso que a empresa tenha lucro. Se a empresa não distribuir dividendos por três anos seguidos, os acionistas preferenciais passam a ter direito a voto em assembleia, assim como quem tem ações ordinárias.
A lei que regulamenta o pagamento de dividendos (Lei 6.404) foi instituída em 1976 e obriga as empresas listadas na Bolsa a distribuir uma porcentagem do lucro aos acionistas.
Ao comprar ações dessas companhias, você está se tornando um acionista dela e, com isso, tem direito a receber os lucros gerados por ela — os dividendos.
Geralmente, esse pagamento é feito periodicamente e pode ser utilizado para reinvestir no mesmo negócio ou sacar o dinheiro para outros fins
Para aqueles que estão pensando em investir em ações com direito a dividendos, é importante entender as seguintes terminologias:
É a empresa que paga os dividendos aos acionistas.
Na data da declaração, o conselho de administração da empresa anuncia o dividendo e informa o valor da distribuição, a data de registro e a data de pagamento. A partir disso, a empresa tem a obrigação de distribuir parte dos lucros aos acionistas.
Estas datas determinam o direito de receber rendimentos. Os investidores que possuírem ações até o fim da Data-com receberão a próxima distribuição de dividendos.
Ao final deste período, inicia-se a Data-ex, deixando de conceder o direito de receber dividendos na próxima distribuição.
Na prática, quem compra ações antes da data ex-dividendo recebe o dividendo. Quem comprar depois perde esse direito.
A data de pagamento é a data determinada pela empresa em que os acionistas podem receber dividendos.
Como o pagamento de dividendos é definido em assembleia e divulgado publicamente, muitos investidores poderiam investir nos papeis da empresa só para se beneficiar dos dividendos. Para limitar quem tem direito a receber os dividendos, as empresas fazem uma separação temporal.
A data ex ou data ex-dividendos é a data limite para a compra do papel que garante o recebimento dos dividendos.
Os investidores que compraram as ações antes da Data Ex terão direito aos dividendos. Já quem investir nas ações de uma companhia a partir dessa data não terá direito a receber o próximo dividendo, somente o do exercício seguinte.
Os dividendos são importantes porque, além de representarem a participação dos acionistas na empresa, eles servem como um indicador da saúde financeira da companhia.
Quanto maior o valor dos dividendos pagos, mais forte é a posição financeira da empresa. Além disso, os dividendos constituem uma forma de remuneração para os investidores que apostaram na companhia.
Os dividendos também são importantes porque podem ajudar a proteger o valor de suas ações contra as flutuações do mercado. Quando os preços das ações estão caindo, os dividendos representam uma parte do retorno total que um investidor pode esperar obter de sua carteira.
Essa é uma regra que veio da Lei das S/As (lei nº 6.404, de 1976), que rege todas as empresas listadas na bolsa de valores. A regra impõe às empresas de capital aberto a obrigação de dividir parte dos lucros com seus sócios, inclusive os acionistas.
O valor a ser pago é determinado pelo estatuto de cada empresa, e não existe um valor mínimo ou máximo. A maioria das empresas pratica algo em torno de 20% a 30% do lucro líquido. A cada exercício financeiro, o Conselho das empresa se reúne para aferir o lucro e para decidir como será o pagamento de dividendos.
A lei determina, entretanto, que caso não haja uma definição sobre o valor de dividendos em convenção a empresa deverá distribuir 50% do lucro líquido ajustado.
Cada empresa possui uma data específica para distribuir dividendos. Algumas companhias pagam trimestralmente, outras semestralmente, outras anualmente. Portanto, existem diversas formas de pagamento de dividendos. Veja as mais comuns abaixo.
Ao invés de distribuir dinheiro, a empresa pode converter o valor equivalente do lucro líquido em ações. Nesse caso, os investidores receberão o dividendo (as ações) de acordo com o número de ações que detinha.
O pagamento de JCP é uma modalidade de dividendo, mas sofre a cobrança de Imposto de Renda. Por não contar com a isenção, as empresas podem decidir distribuir um valor maior de dividendos nessa modalidade.
O investidor pode receber sua parcela de dividendo em dinheiro, como um crédito em conta. As empresas podem oferecer algum estímulo para que o investidor invista esse dividendo de forma automática em novas ações da empresa.
Essa é uma modalidade que não é financeira. Como dividendo, a empresa pode oferecer ao investidor o direito de preferência de compra de papeis em uma eventual nova rodada de emissão de ações.
Ao contrário dos dividendos comuns, que têm um período definido para serem pagos, os dividendos especiais são uma espécie de "bônus" pago pelas empresas. Isso pode acontecer quando há um lucro muito maior que o esperado ou quando a empresa faz alguma venda ou operação que aumente o caixa.
O valor a ser recebido por cada investidor vai depender do número de ações que ele possui da empresa que distribui os dividendos. Quanto mais ações detiver, mais o investidor receberá.
Para calcular o valor exato a ser creditado, o investidor deverá acompanhar o que foi determinado pela assembleia da empresa. Caso a empresa tenha decidido pagar dividendos de 1 real por cada ação, um investidor que possui 20 ações receberá, portanto, 20 reais.
O pagamento do dividendo pode ser, ainda, definido por um percentual sobre o preço da ação. Supondo que uma empresa aprove o pagamento de dividendos no valor de 2% da ação e que cada papel custe 10 reais, o investidor que detém 10 ações receberá 20 reais.
A maioria dos dividendos é isenta de Imposto de Renda. A única exceção, como vimos, é o JCP, em que o investidor tem 15% do valor do dividendo retido na fonte. Mas existem custos relacionados à própria compra de ações e à manutenção desses papeis na carteira.
Uma das taxas que devem ser pagas pelo investidor que tem ações é a taxa de corretagem, cobrada pelas corretoras, por cada movimentação de compra ou venda. Sobre ela também é cobrado o ISS, Imposto Sobre Serviços, um imposto municipal.
A B3, administradora da bolsa de valores, ainda cobra uma taxa de custódia sobre o valor total dos investimentos, mas algumas corretoras não repassam esse custo aos seus clientes. A administradora também cobra a taxa de emolumentos.
Se a estratégia é lucrar com o recebimento de dividendos, é importante avaliar a consistência e o histórico dos pagamentos de dividendos da companhia.
Uma das formas de medir o possível benefício é pelo dividend yield (DY), que pode ser traduzido como o rendimento do dividendo. Esse indicador mede a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço das suas ações.
O dividend yield é apresentado em um número percentual (por exemplo: 5%). Em geral, quanto maior o percentual, melhor a relação de custo-benefício para a compra da ação.
É importante lembrar, no entanto, que mesmo que uma companhia tenha pagado bons dividendos no passado, nada garante que ela continuará pagando no futuro. É preciso analisar a capacidade de geração de lucro futura, assim como o próprio preço da ação.
Para isso, é recomendável que o investidor busque avaliações feitas por profissionais sobre aquela empresa.
A melhor forma de garantir a recorrência do pagamento de dividendos é pela diversificação de investimentos. O investidor que detém ações de empresas diferentes corre um risco menor de não receber dividendos, já que a chance de todas elas não aferirem lucro é menor.
Além disso, ele garante pagamentos em datas diversas, já que cada empresa possui um calendário diferente de dividendos.
A primeira coisa a ser feita antes de montar uma carteira de dividendos é olhar para o dividend yield das empresas de interesse. Por mais que o dividend yield seja calculado com base na distribuição de lucros passada, ele pode ser um bom indicador de quais empresas são melhores pagadoras de dividendos.
Além disso, é importante que o próprio preço da ação seja considerado. Papeis caros demais podem ter valorização limitada ou podem levar mais tempo para prover o retorno necessário para cobrir o investimento inicial.
Montar uma carteira de dividendos é uma tarefa complexa, e por isso as corretoras e empresas de research (que analisam os ativos financeiros) costumam sugerir ao investidor uma seleção de empresas para essa carteira.
A carteira de dividendos é uma das principais formas de destinar parte do patrimônio para a renda passiva - ou seja, um valor que o investidor recebe de forma recorrente sem que tenha que necessariamente movimentar seu patrimônio.
Os dividendos são uma parte importante dos rendimentos de muitos investidores. Isso porque, ao reinvesti-lo, os investidores podem aumentar, de forma significativa, o valor de seus portfólios.
No entanto, é importante lembrar que os dividendos representam apenas uma parte dos rendimentos que um investidor pode obter através de um título.
Sendo assim, outros componentes dos rendimentos, como juros sobre capital próprio, também podem ter um impacto significativo na carteira do investidor.
Os dividendos podem ser uma estratégia interessante para a multiplicação do patrimônio. Por terem certa previsibilidade, eles são alvo de investidores que pretendem viver dos ganhos de suas aplicações financeiras.
Mas, afinal, é possível viver de dividendos? A resposta para essa pergunta depende muito do patrimônio aplicado em empresas que pagam dividendos e do grau de diversificação da carteira. No entanto, não é recomendável que o investidor construa sua estratégia de rendimentos recorrentes somente em dividendos.
Apesar de serem obrigadas a distribuir um valor mínimo de lucros, as empresas podem simplesmente não lucrar por questões diversas, como uma crise setorial ou econômica, ou até por decisões equivocadas dos administradores. São comuns casos de empresas que não registram lucro por meses seguidos.
Sendo assim, o investidor que contar mensalmente com os dividendos pode, eventualmente, ficar sem receber nada, caso as empresas da sua carteira não registrem lucro.
Como mencionamos, as empresas podem pagar os dividendos em prazos diferentes. A periodicidade do pagamento será determinada, primeiro, pela aferição de lucro e, segundo, pelo que está descrito do estatuto da empresa.
Existem poucas empresas que distribuem dividendos mensalmente. A maioria o faz trimestralmente ou semestralmente. A data exata de crédito dos dividendos é determinada em assembleia.
A agenda de dividendos traz, além da data de pagamento do percentual de lucros, a data-limite para compra das ações para os investidores que quiserem receber dividendos ainda daquele exercício (a chamada data-ex).
Quando se trata de reinvestir os dividendos, existem, de forma resumida, duas abordagens que você pode seguir.
A primeira é reinvestir os dividendos em mais ações da mesma empresa, aumentando assim sua participação acionária. A segunda é usar os dividendos para comprar ações de outras empresas, diversificando assim sua carteira.
Seja qual for a abordagem que você escolher, há algumas dicas importantes que devem ser levadas em consideração.
Em primeiro lugar, avalie o potencial de crescimento da empresa. Isso inclui analisar as perspectivas econômicas gerais, bem como o desempenho recente da companhia. Se a economia estiver fraca e a empresa estiver enfrentando problemas financeiros, reinvestir os dividendos pode não ser a melhor opção.
Além disso, é importante verificar se a empresa tem um histórico de pagamento de dividendos consistente e se ela tem condições de manter esse pagamento no futuro.
Para conferir se uma empresa está pagando bons dividendos, basta verificar o valor do dividend yield, que é calculado dividindo-se o valor do dividendo pago pelo preço da ação. Quanto maior esse valor, melhor.
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