Mundo

Bukele deixa presidência de El Salvador e faz manobra para tentar reeleição

Oposição diz que a medida é inconstitucional, pois segundo mandato não é autorizado no país

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, no dia de sua posse, em 1º de junho de 2019 (AFP/AFP Photo)

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, no dia de sua posse, em 1º de junho de 2019 (AFP/AFP Photo)

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 12h02.

Última atualização em 1 de dezembro de 2023 às 12h25.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, recebeu na quinta-feira (30) uma licença do Congresso para iniciar a campanha à reeleição no pleito de fevereiro de 2024. Ele será substituído nos próximos meses pela secretária da Presidência, Claudia Juana Rodríguez de Guevara.

A licença ao presidente foi aprovada com os votos de 67 deputados da bancada governista, que controla o Congresso. Doze parlamentares votaram contra a medida.

A proposta de substituição a partir desta sexta-feira (1) por Rodríguez de Guevara, uma administradora de empresas de 42 anos que trabalha com Bukele há uma década, desde quando ele era prefeito, foi aprovada minutos depois por 67 votos favoráveis e 11 contrários.

Rodríguez de Guerava foi secretária de Finanças do município de Nuevo Cuscatlán durante a prefeitura de Bukele (2012-2015). Ela será a primeira mulher a ocupar a presidência do país.

Em setembro de 2021, a Câmara Constitucional da Suprema Corte de Justiça, habilitou Bukele a disputar a reeleição, o que provocou uma grande polêmica entre setores da oposição que consideram a medida "inconstitucional".

A Constituição salvadorenha estabelece que não pode concorrer à presidência quem tiver "exercido a Presidência da República por mais de seis meses, consecutivos ou não, no período imediatamente anterior, ou nos últimos seis meses anteriores ao início do mandato presidencial".  Assim, Bukele se afastou do cargo para poder se candidatar novamente, algo que ainda não havia sido feito no país antes.

Durante a licença, Bukele "não poderá exercer a função de tomada de decisões como a liderança política e administrativa do aparato estatal, que tem o monopólio do uso da força estatal", segundo o projeto aprovado pelo Congresso. Também não poderá participar nos processos de elaboração de projetos de lei, que ficarão a cargo de sua substituta.

Bukele tem elevados índices de popularidade por sua campanha contra as temidas gangues, mas também é alvo de críticas. "Não se pode dar uma licença para algo inconstitucional", disse a deputada de direita Claudia Ortiz, do partido Vamos.

Enquanto os deputados debatiam a questão da licença, Bukele participou em seu último ato oficial como presidente no cargo: o início da obra do futuro Estádio Nacional na periferia de San Salvador, que será doado pela da China. A construção levará três anos e custará 100 milhões de dólares, segundo o presidente. O estádio ocupará o espaço da Escola Militar, que será construída em outro local.

Bukele foi acompanhado no evento pelo embaixador da China, Zhang Yanhui, que declarou que a doação do estádio é algo para "contribuir com a modernização de El Salvador".

Há duas semanas, o governo inaugurou uma biblioteca moderna doada pela China no centro da capital salvadorenha, que custou 54 milhões de dólares, outro sinal da presença chinesa cada vez maior na América Central, o que preocupa o governo dos Estados Unidos.

A popularidade de Bukele cresceu desde março de 2022, quando o governo declarou guerra às gangues que mantinham o controle territorial e eram financiadas com atos de extorsão.

Amparadas por um regime de exceção criticado por organizações de defesa dos direitos humanos, as autoridades prenderam mais de 73.000 supostos membros de gangues, mas quase 7.000 inocentes foram liberados.

Acompanhe tudo sobre:El Salvador

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia