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“Tivemos que mudar a nossa forma de pensar”, diz CEO do BTG Pactual sobre cripto e tecnologia

Em anúncio de parceria com gigante do setor cripto, Roberto Sallouti demonstra otimismo com "revolução tecnológica" que dominou o mercado financeiro na última década, incluindo internet e criptomoedas

(BTG Pactual/Divulgação)
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 30 de maio de 2024 às 10h37.

Última atualização em 30 de maio de 2024 às 11h39.

Roberto Sallouti esteve no evento Circle Forum na última quarta-feira, 29, onde comentou sobre a “revolução tecnológica” que o mercado financeiro vem sofrendo na última década. De acordo com o CEO do BTG Pactual(do mesmo grupo que controla a EXAME), tecnologias como a internet e criptoativos têm o potencial de transformar o sistema financeiro e no comando do maior banco de investimentos da América Latina, ele teve que mudar a sua forma de pensar para aproveitar a oportunidade.

“Estamos muito otimistas. A verdade é que o último ano foi o nosso 40º ano e nos primeiros 30 fomos muito analógicos. Vimos como o mundo estava evoluindo. Tivemos uma revolução tecnológica e pensamos que essa poderia ser a oportunidade para preencher um espaço que tínhamos”, disse ele durante uma palestra no evento Circle Forum, na última quarta-feira, 29.

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“Tivemos que mudar a nossa forma de pensar para colocar a tecnologia no centro da decisão e isso foi completamente transformacional para nossa instituição”, acrescentou o CEO do BTG Pactual.

Atualmente, o BTG Pactual oferece uma série de produtos e serviços que envolvem tecnologia, principalmente quando o assunto é blockchain. Pesquisando o assunto desde 2017, agora o banco possui sua própria plataforma de negociação direta de criptomoedas, a Mynt. O BTG também foi responsável pelo primeiro security token emitido por um banco no mundo, o ReitBZ, projeto de 2019 concluído em 2023.

Durante o evento o BTG anunciou uma parceria estratégica com a Circle, empresa por trás da USDC, uma das maiores stablecoins lastreadas ao dólar do mundo com US$ 32,2 bilhões em valor de mercado.

Com a nova parceria, o BTG Pactual será o "parceiro de distribuição direto" da USDC no Brasil, oferecendo o ativo para os seus atuais clientes de varejo e institucionais e recebendo novos clientes que queiram ter acesso à stablecoin. A parceria também busca ligar as operações da Circle às capacidades da infraestrutura bancária local, como o Pix, facilitando a criação e conversão de unidades de USDC.

Entrada do BTG Pactual em cripto

André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual, já havia dito anteriormente que o banco pesquisa a tecnologia blockchain e criptoativos desde 2017. No entanto, Sallouti revelou desta vez como foi para ele, que é CEO desde 2015, essa virada de chave que permitiu o desenvolvimento de produtos e soluções envolvendo a tecnologia no BTG Pactual.

“Quisemos entender a tecnologia e como isso funcionava, e foi tudo muito novo. Conheci o bitcoin na Copa do Mundo (de futebol) de 2014 por um cara do Vale do Silício. Ele queria me convencer que isso era uma oportunidade única na vida, consultei meus economistas e não fizemos nada”, contou Sallouti no Circle Forum.

“Entrei no conselho do Mercado Livre naquele mesmo ano e conheci pessoas muito interessantes lá. Quando conheci essas pessoas percebi que precisava abrir a minha mente. Me disseram que ou eu acordava ou de repente todos os IPOs estariam no blockchain e eu não saberia o que fazer”, acrescentou. O Mercado Livre também oferece a negociação de criptomoedas em sua plataforma, o Mercado Pago.

De acordo com Sallouti, foi a partir dessa mudança de mentalidade que, já como CEO do BTG Pactual, autorizou André Portilho a pesquisar sobre o assunto no banco. Portilho está até hoje como head de Digital Assets no BTG e também participou do evento Circle Forum, apontando janelas de oportunidade que ainda enxerga no setor.

“Foi muito oportuno para a gente porque então tínhamos a pesquisa sobre o assunto e pudemos desenvolver produtos no setor”, comentou Sallouti.

Otimismo e parceria com a Circle

Agora, o CEO do BTG Pactual está otimista com a nova colaboração com a Circle e suas operações com a stablecoin USDC.

“É muito harmonioso e fácil fazer uma transação com stablecoin que é até embaraçoso para o nossos sistema. Quero garantir de que não vamos perder uma grande possibilidade de mudar o sistema financeiro”, disse ele.

Em relação ao futuro do setor, principalmente no que tange as stablecoins, Jeremy Allaire, CEO da Circle, acredita que as possibilidades são muitas e que não poderemos nem sequer prever a maioria delas.

“Nunca tivemos dinheiro como uma parte programável da internet, não tivemos a oportunidade de fazer parcerias, transações de forma digital até agora. Assim como quando o iPhone saiu ninguém poderia prever os milhões de apps. E eu acho que em 5 ou 10 anos ninguém vai poder ter imaginado todas as formas que o dinheiro programável vai ter mudado a economia”, disse ele durante o Circle Forum.

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