Repórter do Future of Money
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 17h32.
O bitcoin tem um "dono"? A pergunta pode ter passado pela cabeça de muitas pessoas que voltaram a acompanhar a trajetória da criptomoeda nas últimas semanas, após o ativo entrar em um novo ciclo de alta e firmar um recorde de preço acima dos US$ 100 mil. Entretanto, a resposta passa por uma lógica do próprio mercado financeiro.
Assim como ativos disponíveis para investidores, o bitcoin foi criado e emitido por alguém. No caso, a figura se chama Satoshi Nakamoto, mas ele desapareceu em 2013. Até hoje, ele não deu novos sinais de vida e o seu paradeiro e verdadeira identidade são desconhecidas.
Mesmo assim, ao criar o bitcoin ele estabeleceu todas as regras para o seu funcionamento e emissão contínua, até atingir uma quantidade limite de 21 milhões de unidades. Na prática, portanto, os maiores "donos" do ativo são investidores que acumularam quantias bilionárias da criptomoeda nos últimos anos.
Como qualquer outro ativo, a criptomoeda também atrai novos investidores, que por sua vez podem realizar aportes grandes o suficiente para superarem grandes detentores mais antigos. É o que tem ocorrido, por exemplo, com o grupo de ETFs da moeda digital lançados nos Estados Unidos neste ano.
Um levantamento recente compartilhado pelo analista de ETFs da Bloomberg Eric Balchunas e elaborado por Shaun Edmondson apresentou a lista mais atualizada dos dez maiores detentores de bitcoin:
Recentemente, o grupo de 11 ETFs de bitcoins lançados em janeiro nos Estados Unidos superou Satoshi Nakamoto. Com cerca de 1,1 milhão de unidades do ativo, cerca de US$ 107 bilhões, os fundos têm abocanhado uma fatia cada vez maior das unidades da criptomoeda, com tendência de crescimento.
Já Nakamoto possui as mesmas unidades desde que desapareceu. Os ativos estão armazenados em uma carteira digital e só poderiam ser movimentados pelo desenvolvedor. Na prática, portanto, eles estão indisponíveis para negociações no mercado.
Apesar de El Salvador ser conhecido mundialmente pela decisão de adotar o bitcoin como moeda de curso legal em 2021, ele não é o país com as maiores reservas da criptomoeda. O título pertence ao governo dos Estados Unidos, seguido pelo governo da China.
Os dois países reuniram quantias bilionárias da criptomoeda graças a operações de apreensão de ativos digitais que estavam com criminosos. Considerando a cotação atual do bitcoin, os EUA possuem cerca de US$ 20 bilhões em bitcoin, enquanto a China tem cerca de US$ 18 bilhões.
Já entre empresas, a maior parte das que estão na lista de maiores detentoras são companhias nativas de cripto. É o caso das corretoras de criptomoedas Binance - a maior do mundo -, Bitfinex e Kraken. Já a Block One não é uma corretora, mas trabalha com a tecnologia blockchain para oferecer soluções para o mercado financeiro.
Entre empresas tradicionais do mercado, o destaque é a MicroStrategy, que é a maior detentora institucional do ativo. A empresa de software adotou o bitcoin como ativo de reserva em 2020 e, desde então, realiza compras periódicas. Recentemente, ela afirmou que quer se tornar um "banco de bitcoin".
Outra empresa relevante é a Robinhood, uma fintech que não tem sua origem no mundo cripto. A plataforma de negociação de ativos financeiros tem ganhado espaço como um ambiente de investimentos em ativos digitais, com esse crescimento levando-a para a lista.