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Para onde vai o mercado de criptoativos?

Bitcoin sob pressão, venda de detentores de longo prazo e o teste da maturidade: entenda o que está em jogo agora

 (Reprodução/Reprodução)

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FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 21 de dezembro de 2025 às 11h00.

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Na reta final do ano, os ânimos no mercado cripto seguem tensos no curto prazo, com movimentos contraditórios que tornam mais difícil enxergar os próximos passos.

Nesse ambiente, volta também a velha conversa de que o bitcoin morreu. Críticos de longa data reaparecem com o mesmo roteiro: que a moeda vai a zero, que ela “não tem valor, só preço” e até que parece um Labubu digital, como comparou um executivo da Vanguard (ironicamente, da mesma gestora que decidiu recentemente oferecer bitcoin aos clientes).

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O momento, de fato, exige mais cuidado na tomada de decisão. Mas isso está longe de significar fragilidade do mercado.

2025 foi um ano de consolidação do ambiente cripto, com mudanças estruturais que colocaram o setor em um nível de maturidade inédito. Os fundamentos continuam sólidos, embora o preço não esteja agindo conforme a expectativa de muitos investidores.

Com a conta dos últimos três meses de bitcoin fechando no negativo, a ansiedade acaba girando em torno de quando (e se) a moeda e o mercado cripto em geral vai reagir.

Nesta semana, surgiram novos elementos que ajudam a explicar a tensão no curto prazo.

Juros no Japão e CPI nos EUA

O Banco do Japão elevou os juros para 0,75%, o nível mais alto em cerca de 30 anos, e sinalizou que pode seguir apertando caso inflação e salários continuem avançando. Esse movimento operações de carry trade em iene e tende a gerar aversão ao risco.

Quando o Banco do Japão sobe os juros, ele mexe numa engrenagem que vai muito além do Japão.

Durante décadas, o iene foi a moeda “barata” do mundo. Investidores tomavam empréstimos em iene a juros baixíssimos e aplicavam esse dinheiro em ativos mais rentáveis em outros países, como ações, crédito, mercados emergentes e cripto. Isso é o chamado carry trade.

Quando o juro japonês sobe, essa contabilidade começa a fechar mal. Parte dessas operações precisa ser desmontada, o que força venda de ativos para levantar caixa. Em períodos anteriores, esse tipo de movimento tendeu a aumentar a aversão a risco no curto prazo, porque liquidez some mais rápido e o mercado fica defensivo.

Ainda assim, a decisão já estava no radar e havia sido absorvida pelos preços.

Na sexta-feira, 19, pela manhã, o bitcoin apresentou leve alta, saindo da região dos US$ 84 mil para testar os US$ 89 mil, antes de recuar para os US$ 87,6 mil ao longo da tarde.

Somada à notícia vinda do Japão, teve a divulgação do CPI de novembro nos Estados Unidos. Os números vieram abaixo do esperado pelos analistas, em um avanço de 0,2%, com acumulado de 2,7% em 12 meses, reabrindo a discussão sobre futuros cortes de juros pelo Fed.

O ponto central é que o preço não vem respondendo como muitos esperam. E isso não tem relação com uma deterioração dos fundamentos do bitcoin.

O freio agora está em fatores mais práticos: fluxo, liquidez e a forma como o mercado está absorvendo oferta neste momento.

Vendas de detentores de longo prazo

Relatórios on-chain indicam que milhões de bitcoins que estavam inativos há anos foram reativados e colocados à venda.

Levantamento da K33 Research mostra que, desde o início de 2023, cerca de 1,6 milhão de bitcoin (mais ou menos US$ 140 bilhões) que estavam parados há mais de dois anos voltaram a circular.

Só em 2025, quase US$ 300 bilhões em bitcoin inativos há pelo menos um ano voltaram a ser movimentados. É um volume considerável de oferta entrando no mercado em um momento em que a base de compradores ainda é relativamente estreita. E quando a oferta reaparece sem demanda suficiente, o preço não anda.

A interpretação é que investidores antigos, muitos com ganhos exponenciais, estão realizando lucros. Essa oferta constante encontra um mercado com demanda institucional mais seletiva hoje. Os ETFs spot nos EUA, por exemplo, vêm tendo saídas líquidas significativas, o que impede uma alta sustentada.

Fluxos de ETF e ajuste de mercado

Aqui mora uma das maiores fontes de desconforto do momento. De um lado, os ETFs à vista de bitcoin nos EUA vêm registrando saídas relevantes, o que alimenta a leitura de enfraquecimento da demanda institucional no curto prazo. Esse movimento pesa no preço porque ETFs concentram ordens grandes e visíveis, que acabam influenciando o humor do mercado.

Ao mesmo tempo, fora desse canal mais “barulhento”, grandes players seguem acumulando. Depois de rumores de venda, a Strategy voltou a comprar bitcoin e anunciou aporte próximo de US$ 1 bilhão, reforçando que sua tese de longo prazo segue intacta.

Ao mesmo tempo, outras empresas vêm adotando estratégias parecidas: a BitMine, por exemplo, comprou mais de US$ 300 milhões em ether recentemente e já detém cerca de 3,2% do supply circulante da rede, com o objetivo declarado de ampliar essa participação ao longo do tempo.

Essa contradição aparente foi explicada pela CryptoQuant como um “mercado em transição”, em que o pessimismo de curto prazo convive com acumulação estratégica por parte de grandes players.

Os fundamentos da rede seguem dando suporte a entradas, mesmo enquanto há saída de capital de produtos como os ETFs. A conclusão dos analistas da plataforma é que o bitcoin oscila entre o estresse imediato do fluxo e a expectativa de valorização no longo prazo.

Amadurecimento sob pressão

O que os movimentos sugerem é um mercado cripto em um processo de maturação, que acaba servindo de palco para críticos durante períodos de ajuste na sua evolução.

A volatilidade passou a refletir dinâmicas mais complexas, diretamente conectadas ao sistema financeiro global, como no caso do carry trade japonês e dos fluxos de ETFs regulados.

A leitura mais precisa não é a de fragilidade, mas de resistência sob teste.

O mercado está absorvendo, ao mesmo tempo, uma séria realização de lucros dos últimos anos com os bitcoin antigos em movimento, uma recalibragem tática de parte do capital institucional recém-chegado (fluxo dos ETFs) e uma mudança macroeconômica estrutural.

É um peso considerável para qualquer ativo. Ainda assim, o preço do bitcoin demonstra resiliência, enquanto grandes entidades aproveitam a liquidez para acumular de forma estratégica e não-especulativa.

O legado de 2025 para o mercado cripto vai ser o de transição e estruturação, como um ano em que o ecossistema provou que pode operar sob pressão real, sem desmontar seus fundamentos.

A ansiedade no curto prazo é compreensível, mas pode não passar de um ruído. O sinal, mais uma vez, vem das camadas mais profundas: da rede segura, da adoção contínua por corporações e nações, e da acumulação paciente daqueles que enxergam além do próximo trimestre.

O mercado cripto está crescendo. E crescer, como se vê, dói, mas também fortalece.

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