Bitcoin valorizou mais de 60% nos primeiros meses de 2023 (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 11 de maio de 2023 às 09h10.
A oferta de bitcoins disponíveis para negociação em corretoras de criptomoedas atingiu o menor nível desde novembro de 2017, de acordo com dados da plataforma de inteligência de mercado Santiment. A métrica é considerada importante para investidores, já que mostra apostas em valorizações futuras do ativo.
O levantamento da empresa mostra que, atualmente, apenas 5,84% da oferta total da maior criptomoeda do mercado está sendo armazenada em corretoras. Para a Santiment, isso é um "bom sinal de um crescente interesse dos investidores em autocustódia".
A autocustódia é uma prática em que investidores guardam as criptomoedas que compraram, como o bitcoin, em carteiras digitais próprias, e não de corretoras. Apesar de dar mais controle para o usuário, a prática também possui riscos e exige cuidados. Ela ganhou mais espaço no mercado após a falência de diversas exchanges, em especial a FTX.
Ao mesmo tempo, dados da plataforma Coinglass mostram que as corretoras de criptomoedas possuíam cerca de 1,13 milhões de bitcoins em suas carteiras na última terça-feira, 9. O número é o menor desde dezembro de 2017 e representou uma queda de 15% em relação ao sábado, 7, o que coincidiu com retiradas recordes na maior corretora do mercado, a Binance.
📉 The amount of #Bitcoin on exchanges is now at its lowest ratio since December, 2017. The five and a half year low is a good sign of increased interest in self custody for traders, and less potentially at risk to be sold back to exchange wallets. 👍 https://t.co/U3n9McxcnH pic.twitter.com/8NjZLf0k2D
— Santiment (@santimentfeed) May 8, 2023
Para analistas, a queda na oferta em circulação também representa uma aposta por parte dos investidores de que a criptomoeda tende a valorizar mais no médio e longo prazo, mesmo após a alta de mais de 60% registrada nos quatro primeiros meses de 2023. A estratégia se baseia também em projeções que mostram que o preço do ativo poderia chegar a US$ 1 milhão em 2030.
Dados do Glassnode mostram que, atualmente, 66,7% dos endereços de blockchain que possuem bitcoin estão no lucro, ou seja, poderiam vender as unidades da criptomoeda que possuem e ter ganho. O número chegou a atingir 76% em fevereiro deste ano, mas segue distante de recordes como o de 98%, atingido em 2021.
Ao mesmo tempo, os números da plataforma mostram que os chamados "endereços de acumulação" da criptomoeda estão no maior nível da história, somando mais de 800 mil até o início do mês de abril. Eles são classificados pelo Glassnode como endereços de blockchain que nunca gastaram os fundos que adquiriram.
Para especialistas, a valorização do bitcoin em 2023 está ligada à mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. Os investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve — reforçada após as recentes falências bancárias —, com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre.
O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptos, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Além disso, outros analistas apontam mais motivos que podem estar ajudando o mercado cripto.
Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos devido a algumas características da criptomoeda, em especial sua oferta finita e limitada, que lhe confere um caráter deflacionário.
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