O que é Web3? Tudo sobre a nova fase da internet
Transformações ao longo dos anos podem levar internet à conexão ainda maior entre usuários, dados e ativos digitais
Repórter do Future of Money
Publicado em 26 de abril de 2023 às 17h47.
Desde seu surgimento nos anos 90, a internet foi uma das tecnologias que mais evoluiu nas últimas décadas, se tornando uma parte crucial do nosso dia a dia. Atualmente, a maioria de nós depende dela para trabalhar e exercer as tarefas mais básicas, e ela nos acompanha não só em computadores, mas celulares, tablets, TVs, fones de ouvido e até mesmo relógios.
Mas a internet como conhecemos pode estar prestes a mudar. Conhecida como a "nova fase da internet", a Web3 está chegando para promover descentralização e autoridade para os usuários.
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Com tanta gente dependendo da internet para atividades essenciais, faz sentido que a tecnologia evolua constantemente. Foi o que aconteceu e continua acontecendo desde a criação da World Wide Web por Tim Berners-Lee. Na época, o estudioso se destacou no que ficou conhecido como “Web 1.0”, ou a primeira fase da internet.
Foi ele quem criou o termo que deu origem ao prefixo “www”, quando era cientista da computação na Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN), um dos maiores e mais respeitados centros de pesquisa científica.
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Web1
A Web 1.0 tinha como base três tecnologias fundamentais:
• HTML: HyperText Markup Language, a linguagem de marcação ou formatação da web
• URL: localizador de recursos, um endereço exclusivo usado para identificar cada recurso na web
• HTTP: HyperText Transfer Protocol, que permite a recuperação de recursos vinculados de toda a web
Nessa época, as páginas da internet tinham seu design baseado em quadros e tabelas, com poucas oportunidades para o desenvolvimento de aplicativos interativos, embora o que havia já era o suficiente para encantar muitos usuários.
Web2
Desde os anos 2000, vivemos na Web 2.0, ou seja, a segunda fase da internet. Foi ela que nos trouxe uma maior interatividade social, capacidade de pesquisa e consumo de conteúdo. Caracterizada por ser o berço das redes sociais, a Web 2.0 foi uma mudança de paradigma no modo como utilizamos a internet.
Além do clássico computador de mesa, surgiram os notebooks, smartphones, smartwatches, etc. Por meio de plataformas como Airbnb, Facebook, Instagram, TikTok, Twitter, Uber, Whatsapp, YouTube, LinkedIn, Mercado Livre, iFood, entre outros, a forma como interagimos, consumimos conteúdo, produtos e serviços, se conectou de vez com a web.
Foi assim que toda uma economia foi criada em torno da tecnologia, e empresas como Apple, Amazon, Google e Meta (antigo Facebook) se tornaram algumas das maiores empresas do mundo, gerando um verdadeiro mar de arrependidos por não terem investido em suas ações antes.
Agora, a internet virou fonte de renda de milhares de pessoas. Seja com a produção de conteúdo, dando caronas, alugando casas, fazendo entregas ou comercializando produtos, a Web 2.0 integra boa parte do dia a dia da maioria das pessoas, impulsionada pelo uso de smartphones e dispositivos móveis.
Apesar da grande evolução causada pela Web 2.0, depois de duas décadas, a necessidade por novas formas de usar a internet cresce cada vez mais. Problemas da Web 2.0 viraram o assunto nos últimos anos, como a centralização que facilita a formação de verdadeiros oligopólios que podem extrair dados extremamente detalhados de usuários gratuitamente e os utilizar em práticas predatórias de publicidade e marketing.
Casos como o vazamento de dados da Cambridge Analytica, que fizeram com que Mark Zuckerberg passasse horas em julgamento no Senado norte-americano, deram luz à problemas ainda maiores nos bastidores das redes utilizadas por bilhões de pessoas todos os dias.
Web3
A Web 3.0 é considerada a nova fase da internet e uma série de especialistas preveem que ela pode substituir a fase atual no futuro próximo. Oferecendo conceitos similares ao que o próprio Berners-Lee idealizava nos anos 90 como o que chamava de “Web Semântica”, a Web 3.0 já existe e dá os seus primeiros passos utilizando como base a tecnologia blockchain.
O termo Web3 foi cunhado em 2014 pelo britânico Gavin Wood, cofundador da rede Ethereum. O objetivo desta nova fase da internet é entender suas preferências e fornecer experiências adaptadas ao seu comportamento. Tudo isso, mantendo a transparência por meio do blockchain e sua infraestrutura de código aberto.
Todos podem participar da nova fase da internet sem censura e sem precisar confiar uns nos outros. Por meio de algoritmos programados, qualquer acordo é automaticamente efetivado sem a necessidade de um intermediário, e as criptomoedas serão a moeda oficial. Otimizando a forma como lidamos com o dinheiro e funcionando de forma 100% digital, os usuários poderão utilizar criptomoedas como o bitcoin e o ether, ou stablecoins e CBDCs, cujo valor é estável e atrelado a outros ativos.
Além disso, conceitos como Machine Learning e Internet das Coisas podem ser utilizados para melhorar ainda mais a experiência do usuário na Web 3.0, que pode ser tão disruptiva quanto a Web 2.0 foi nos anos 2000.
Como resultado, os aplicativos da Web 3.0 também são descentralizados, e construídos com base na tecnologia blockchain. Assim, nenhuma empresa pode ter o controle sobre eles, como é o que ocorre atualmente com plataformas como o Facebook e Twitter.
Neste novo conceito de web, o blockchain é utilizado para armazenar as informações de propriedade de um ativo digital, com registros públicos. Por isso, os usuários não dependeriam mais dos servidores de grandes empresas para acessar informações.
Atualmente, milhares de “dApps” já existem e a discussão sobre a existência de uma rede social descentralizada já envolve grandes nomes da indústria, como o criador do Twitter Jack Dorsey e seu novo dono, Elon Musk, e o cofundador do Reddit, Alexis Ohanian.
Eric Schimdt, ex-CEO do Google, importante protagonista da revolução causada pela Web 2.0, agora aposta na Web 3.0 como o futuro da internet. “Um novo modelo de internet onde você como indivíduo pode controlar sua identidade e onde você não tem um gerente centralizado, é muito poderoso. É muito sedutor e muito descentralizado. Lembro-me daquele sentimento quando eu tinha 25 anos que a descentralização seria tudo. A economia da Web 3.0 é interessante. As plataformas são interessantes e os padrões de uso são interessantes”, declarou o executivo, em uma entrevista recente à CNBC.
Desafios da Web3
A nova fase da internet ainda está em fase de expansão e precisa melhorar em alguns quesitos para que possa ser adotada em massa pelo público mundial. Os principais problemas apontados por usuários são:
• Escalabilidade: as transações são mais lentas porque são descentralizadas. Pagamentos, por exemplo, precisam ser processados por um minerador e propagados por toda a rede.
• Experiência do usuário (UX): interagir com aplicativos descentralizados pode exigir etapas extras, software potente e experiência no assunto.
• Acessibilidade: a falta de integração em navegadores modernos torna a Web 3.0 menos acessível para a maioria dos usuários.
Como acessar a Web3
A nova fase da internet é descentralizada, e por isso, permite um controle maior por parte do usuário de seus dados pessoais. Ele pode escolher se irá monetizá-los ou não, e até mesmo lucrar em criptomoedas por navegar na internet e visualizar anúncios, utilizando o navegador Brave.
Basta conectar uma carteira cripto, que poderá ser uma extensão do navegador, para acessar a Web3.
Quais são as criptomoedas da Web3?
Todas as principais criptomoedas do mercado, que possuem compatibilidade com carteiras digitais, podem integrar a Web3. Bitcoin, Cardano, Polygon, Polkadot, entre outras, servem como exemplo disso.
No entanto, alguns projetos se destacam por colaborar para este futuro descentralizado da web, como Ethereum, Solana e Arbitrum, que focam em contratos inteligentes, aplicativos descentralizados (dApps) e outros fatores essenciais para a Web3.
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Web3 e o metaverso
O metaverso não é um conceito exatamente novo, mas só passou a ser considerado uma possibilidade recentemente, quando diversas empresas, incluindo a Meta (antigo Facebook) passaram a investir no universo virtual, que pode integrar a tecnologia blockchain, realidade virtual, realidade aumentada, entre outros.
A Web3 e o metaverso podem se conectar a partir do momento em que diversas plataformas de metaverso apostam na tecnologia blockchain para funcionar. A descentralização e a possibilidade de ter a posse total de seus ativos digitais é muito atraente para os usuários do metaverso, partindo do princípio de que todos os itens, incluindo avatares, roupas e objetos do metaverso, são caracterizados como ativos digitais na forma de tokens não fungíveis (NFTs).
Real Digital
No Brasil, o Banco Central já desenvolve a sua própria moeda digital. Chamado de Real Digital, ele poderá integrar também a Web3 no futuro. O seu lançamento está previsto para 2024 e diversas empresas, como Visa e Itaú, já desenvolvem soluções e propostas para sua utilização.
O Real Digital irá funcionar em uma rede descentralizada e pretende trazer os benefícios da tecnologia para um ambiente seguro e garantido pelo Banco Central. Atualmente, diversos países já desenvolvem suas moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês).
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