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ETFs de bitcoin no Brasil e nos EUA: entenda as diferenças e as semelhanças

Para especialistas, o mercado de ETFs de cripto brasileiro é mais maduro e conta com mais diversidade

ETFs de criptomoedas são a opção preferida de investidores profissionais (Reprodução/Reprodução)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 11 de janeiro de 2024 às 18h03.

Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 18h50.

Os Estados Unidos ganharam nesta quinta-feira, 11, seus primeiros ETFs de bitcoin , após anos de espera de investidores, com a expectativa de que os novos produtos ajudem a atrair investidores institucionais e volumes bilionários de capital. Mas, no Brasil, os ETFs da critpomoeda são uma realidade antiga e consolidada.

O Brasil ganhou seu primeiro ETF de preço à vista do bitcoin em junho de 2021, com o lançamento do QBTC11, da QR Asset. Atualmente, o mercado brasileiro conta com três ETFs da criptomoeda, além de dois ETFs de preço à vista do ether, um tipo de fundo que foi solicitado junto à SEC nos Estados Unidos mas ainda está em análise para possível liberação.

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Murilo Cortina, diretor comercial da QR Asset, explica que, em geral, os ETFs de bitcoin à vista que já existem no Brasil e os que foram lançados nos Estados Unidos são bastante semelhantes: "O ETF brasileiro é atrelado ao ativo à vista, e os ETFs americanos solicitados também são para este mesmo tipo de estrutura". Ou seja, ambos buscam acompanhar as variações de preço da criptomoeda a partir da atuação de seus gestores.

A maior diferença entre os dois mercados, avalia, está no processo de liberação dos fundos. No Brasil, a aprovação pela CVM ocorreu mais rapidamente e sem as tensões observadas caso americano, em que a SEC chegou a recusar vários pedidos até perder um processo na Justiça do país e ser obrigada a reavaliar solicitações sem sua principal justificativa para as rejeições anteriores.

Além disso, o mercado de ETFs de cripto brasileiro já começou em 2021 com um fundo que reúne diversas criptomoedas, o HASH11 , da Hashdex. Em agosto de 2021, ela também conseguiu a aprovação para lançar um fundo exclusivo de bitcoin, o BITH11.

A Hashdex também foi a única gestora do mundo que passou tanto pelo processo de análise da CVM quanto da SEC, sendo uma das liberadas pelo regulador dos EUA para lançar um ETF de bitcoin. João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex, explica que "cada ETF tem suas idiossincrasias mas, de maneira geral, são bem similares. Tanto no Brasil quanto nos EUA o modelo adotado para criação e destruição de cotas é em dinheiro".

Para ele, a grande diferença nos dois mercados é que a CVM já autoriza a criação de ETFs de "cestas" de criptoativos, permitindo combinar investimentos em bitcoin, ether e outras moedas digitais. Já nos Estados Unidos, a SEC liberou apenas ETFs "puros".

Taxas de administração

Um dos maiores destaques na novela de aprovação dos ETFs de bitcoin foi a disputa entre gestoras para estabelecer taxas de administração competitivas, buscando atrair investidores. Eric Balchunas, especialista em ETFs da Bloomberg, chegou a apelidar o cenário de "guerra de taxas" .

Diversas gestoras decidiram zerar as taxas por períodos determinados de tempo ou até que os fundos atinjam certos valores investidos. Sem considerar essas medidas, porém, o ETF com menor taxa é o da Bitwise, de 0,2%. Já a maior é da Grayscale, com 1,5%.

No Brasil, o ETF BITH11 da Hashdex, possui uma taxa anual de 0,1%, além da cobrança de imposto de 15% sobre ganhos de capital. Já o $DEFI, produto equivalente da gestora nos Estados Unidos, tem uma taxa de 0,9%.

Cunha explica que "as taxas dos ETFs são determinadas pelos respectivos emissores. Evidentemente, os emissores buscam colocar uma taxa que não iniba a entrada dos investidores, enquanto uma taxa baixa demais pode fazer com que o produto não seja economicamente atrativo para o emissor. É um balanço, no final das contas se parece com a maioria dos mercados. Obviamente, fatores como a concorrência e o perfil do público-alvo podem impactar a taxa".

Já Cortina, da QR Asset, comenta que a taxa "está relacionada à complexidade da compra dos ativos do ETF, rebalanceamento, entre outras coisas. Basicamente, a gestão para que o ETF siga seu índice da forma mais fiel possível. Apesar do gestor cobrar essa taxa, ela é conhecida por ser bem mais baixa do que a de um fundo de investimento, por isso para quem quer ter exposição a um setor específico pode ser uma boa alternativa investir em estratégias passivas".

Tamanho do mercado

Cunha, da Hashdex, avalia que o mercado de ETFs de criptoativos brasileiro "certamente" é mais maduro e diverso que o dos Estados Unidos. Considerando aspectos como a disponibilidade de fundos com cestas de criptoativos e a existência de ETFs de preço à vista de ether, ele afirma que "estamos alguns anos à frente dos americanos nesse quesito".

Cortina pondera que, apesar do mercado brasileiro ser mais diverso - incluindo com fundos voltados para áreas como metaverso e contratos inteligentes - é mais difícil dizer se ele é mais maduro. A principal vantagem para os Estados Unidos, na sua visão, é que o tamanho do mercado de ETFs é muito maior, com mais capital disponível.

"De certa forma, é sempre difícil comparar o mercado brasileiro com o americano pelo fato do segundo ter ordens de grandeza maior que o nosso mercado nacional. Mas podemos dizer que o Brasil tomou uma posição de vanguarda, sendo o segundo país no mundo a aprovar um ETF de bitcoin", ressalta.

Uma prova desse sucesso está na própria rentabilidade desses ETFs. Em 2023, os ETFs mais valorizados do mercado brasileiro foram os com exposição a criptomoedas. O líder foi o WEB311, com alta de 147,58%. Entre os ETFs exclusivos de bitcoin, o líder foi o QBTC11, com retorno de 136,79%.

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