"Everydays: the First 5000 Days", do artista Beeple (Beeple / Christie's/Divulgação)
Coindesk
Publicado em 11 de novembro de 2021 às 10h52.
Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 11h49.
Um estudo recente sobre o mercado de arte utilizando tokens não-fungíveis (NFTs) aponta para disparidades de gênero duradouras no mercado de criptoativos e sugere que a indústria ainda tem um longo caminho a percorrer.
O estudo, conduzido por uma agência de pesquisa chamada Art Tactic e reportado pela Bloomberg, afirma que pelo menos 77% do dinheiro gerado pelas vendas de arte em NFT nos últimos 21 meses foi para artistas homens, com apenas 5% sendo destinados à artistas mulheres.
Uma ressalva é que 16% das vendas foram atribuídas a criadores de gênero "desconhecido" - daí o "pelo menos". Outra ressalva é que o relatório da Bloomberg sobre o estudo se esquece de dizer quantos artistas do mundo dos NFTs são mulheres. A Art Tactic chegou a essas porcentagens analisando as vendas totais, mas uma análise sobre a proporção da quantidade de mulheres em relação a quantidade de homens neste espaço pode fornecer um quadro mais completo sobre essa desigualdade.
Independentemente de saber se a disparidade é do lado do comprador ou do lado do artista, ela é gritante. A cantora Grimes era a única mulher na lista da Art Tactic dos 10 artistas mais vendidos no mundo dos NFTs, graças a uma venda de grande sucesso no marketplace dos gêmeos Winklevoss, o Nifty Gateway, no início deste ano.
Nada disso deveria ser uma surpresa – o mundo cripto sempre foi sinônimo de um tipo tóxico de cultura fraterna libertária (embora haja sinais que as coisas estão começando a mudar: em seus cantos mais progressivos e coletivos, como “Web 3 Baddies” e “aGENDAdao” estão começando a reduzir o arquétipo de homem branco do bitcoin.)
Beeple, o artista do mundo cripto mais famoso da atualidade, vendeu um NFT chamado "Everydays" por 69 milhões de dólares no início deste ano. A obra é uma colagem de 5.000 imagens individuais, desenhadas ao longo dos últimos 13 anos, algumas das quais apresentam temas racistas e misóginos.
O estudo da Art Tactic também aponta para algumas das questões mais amplas de desigualdade financeira no mundo cripto.
Os defensores de uma economia artística apoiada pela tecnologia blockchain afirmam que os NFTs são um movimento "de base", com o objetivo de trazer grupos marginalizados de volta ao jogo. Mas de acordo com a Art Tactic, 55% de todo o dinheiro gerado pelas vendas de arte em NFTs nos últimos 21 meses foi para apenas 16 artistas.
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