Drex pode ser lançado em 2025 (Banco Central/Divulgação/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 1 de agosto de 2024 às 09h30.
Fabio Araujo, atual coordenador do projeto de desenvolvimento do Drex, afirmou que a moeda digital de banco central (CBDC) brasileira tem potencial para trazer mais eficiência no processo de redução da taxa de juros do Brasil. Atualmente, a iniciativa está em fase de testes com um piloto.
Em entrevista ao site Poder 360, Araujo disse que o Drex tem potencial de reduzir significativamente as taxas de juros no mercado financeiro ao permitir a conversão da CBDC em títulos públicos que poderão ser usados como garantia para obtenção de crédito.
Esse mecanismo tende a reduzir o custo dos empréstimos, uma vez que o risco de inadimplência é menor, segundo Araújo.
"Se eu pegar um título público federal e der em garantia, é como se estivesse emprestando o dinheiro para o governo, e não para uma pessoa que eu não conheço o histórico de crédito. Então os juros tendem a cair muito nessa situação", explicou.
Na visão do coordenador, o Drex também vai facilitar o acesso de fintechs e startups ao sistema financeiro, estimulando a competição entre as novas empresas e os bancos tradicionais: "Se você falar que os bancos não vão querer fazer [esse tipo de operação] no ambiente descentralizado que a gente está criando, se nenhuma instituição tradicional quiser fazer, vai aparecer uma startup que vai lá e faz".
Araújo mais uma vez ressaltou que o Drex não substituirá o dinheiro físico ou o Pix. Por isso, ele não deve impactar de forma significativa nas transações cotidianas da população, especialmente no que diz respeito a pagamentos. O foco será na intermediação de serviços financeiros, como a compra e venda de títulos públicos, empréstimos e investimentos.
"O Drex foi desenhado para ter impacto nas políticas de crédito e de serviços financeiros. Hoje, uma startup que queira acessar o sistema financeiro tem que fazer um acordo com os grandes bancos, o que dificulta a entrada de novos players no mercado", diz.
Na prática, explicou Araújo, após a implementação do Drex, haverá soluções de interoperabilidade entre o sistema legado e o novo ecossistema digital em desenvolvimento. Se o mercado demandar mais liquidez no ambiente digital, as instituições financeiras poderão executar operações de mercado aberto na plataforma do projeto.
Por sua vez, se um banco necessitar de liquidez no ambiente digital, mas os recursos foram inicialmente alocados no sistema convencional, será possível transferi-los para a plataforma do Drex tão logo eles sejam creditados na conta da instituição.
A interoperabilidade entre o sistema legado e o ecossistema digital abre a possibilidade de que bancos e fintechs optem por operar exclusivamente em um dos ambientes ou em ambos, explicou Araújo.