CVM afirma que não será "tão dura" quanto a SEC, mas vai regular criptoativos
Superintendente do órgão disse que enquadramento de tokens de DeFi como valores mobiliários está em análise
Agência de notícias
Publicado em 29 de junho de 2023 às 09h04.
A Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ), por meio do superintendente de supervisão de investidores institucionais Daniel Maeda, declarou que a autarquia pode emitir instruções classificando tokens de finanças descentralizadas ( DeFi , na sigla em inglês) como valores mobiliários. Contudo, Maeda afirmou que a autarquia não deve ser "tão dura" quanto a sua equivalente nos Estados Unidos, a SEC.
Segundo Maeda, o que muitas vezes ocorre é que muitos projetos dizem que são descentralizados, sem controle de um indivíduo ou grupo no protocolo. Entretanto, quando há um olhar mais aprofundado sobre o criptoativo, é possível identificar uma organização centralizada operando, modificando e garantido seu desenvolvimento. Ainda de acordo com ele, para a CVM pouco importa a tecnologia, com o foco sendo o conceito do ativo, quem controla ele e quais são as "promessas" e remunerações atreladas ao projeto.
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“As pessoas vendem certas estruturações e tecnologias com o mesmo discurso libertário do bitcoin, que não tem ninguém por trás. Apesar do discurso, quando você mergulha naquilo percebe que tem sim um agente central, um empreendedor alinhado com o sucesso daquela emissão. Não enxergo DeFi como por conceito isento de responsabilidades”, afirmou.
Após a publicação do Decreto Nº 11.563 pelo governo federal, que regulamenta a Lei nº 14.478, de 21 de dezembro de 2022, conhecido como Marco Legal das Criptomoedas , foi garantido à CVM o papel de regulador de criptomoedas ou de ofertas de investimentos baseadas em criptoativos caso eles se enquadrem como valor mobiliário.
Desde então, a CVM vem afirmando que deve publicar novas diretrizes para este mercado dentro de suas responsabilidades. Estas diretrizes devem aprofundar os conceitos abordados no Parecer 40, publicado em 2022, e devem refletir a experiência que o regulador adquiriu na área de tokenização, obtida com um Sandbox Regulatório.
Regular staking não está nos planos
Em março deste ano, o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, afirmou que a autarquia não pretende regular serviços de staking , uma espécie de renda passiva com criptomoedas, oferecidos por corretoras e empresas de criptoativos no Brasil. O segmento já se tornou alvo de ações por parte da SEC nos Estados Unidos.
Nascimento destacou que a agenda regulatória é uma construção evolutiva e, como tal, atualmente não há previsão de se atentar a serviços de investimento coletivo como staking. O presidente da CVM destacou que, embora os reguladores brasileiros tenham uma posição muito avançada sobre a economia digital, ainda faltam "braços" para a CVM lidar com a complexidade do mercado de capitais.
Segundo ele, o Parecer 40 foi escrito por duas pessoas, enquanto a SEC tem cerca de 300 pessoas olhando para o mercado de criptomoedas nos EUA. O presidente da CVM também reforçou que o papel da autarquia não é frear a inovação, mas permitir que ela ocorra de maneira organizada para beneficiar toda a população, usando a analogia da invenção dos automóveis no início do século passado.
"Quando os automóveis surgiram, as pessoas estavam acostumadas aos cavalos e logo surgiram os críticos dizendo que os carros eram uma 'máquina da morte', contudo, com o tempo, a regulamentação foi permitindo seu desenvolvimento, criando as regras de trânsito, padronizando a indústria, criando regras de segurança. Também deve ser assim com a criptoeconomia", disse.
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