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Bitcoin deverá ter "superciclo" de alta em 2024, diz líder de corretora cripto

Em entrevista exclusiva à EXAME, Gracy Chen avalia que criptomoeda terá cenário mais positivo no próximo ano

Gracy Chen é a diretora-geral da Bitget (Bitget/Divulgação/Divulgação)

Gracy Chen é a diretora-geral da Bitget (Bitget/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 15h00.

Última atualização em 26 de dezembro de 2023 às 16h41.

A combinação de um cenário macroeconômico positivo, com juros menores e inflação controlada, com possíveis novidades específicas do mercado de criptomoedas tem potencial para criar um "superciclo" de valorização do bitcoin em 2024. É o que avalia Gracy Chen, líder da Bitget, em entrevista exclusiva para a EXAME.

Chen, responsável por liderar uma das maiores corretoras de derivativos de criptomoedas do mundo, pontua que, já no primeiro semestre do próximo ano, o bitcoin deverá contar com dois eventos importantes. O primeiro é o chamado halving — quando há a redução pela metade da quantidade do ativo liberada no processo de mineração. Já o segundo é a esperada aprovação de um ETF de preço à vista da moeda.

"Pessoalmente, acho que o halving está tendo cada vez menos importância quando pensamos no ciclo de valorização do bitcoin, porque a mudança é quase marginal, é algo mais de narrativa que uma mudança de fundamento. Mas esse vai ser importante por acontecer em 2024, quando deveremos ter um superciclo para o bitcoin", afirma.

A executiva avalia que "já estamos vendo o início desse ciclo" em 2023, com a criptomoeda operando nos maiores patamares de preço do ano e superando os US$ 40 mil. Mas esse movimento deverá se intensificar em 2024. Um dos motivos é que "o ciclo de alta de juros dos Estados Unidos está chegando ao fim, e o primeiro corte pode acontecer já em maio ou junho. Isso deve resultar em um sentimento positivo e aumentar o apelo do bitcoin, com mais dinheiro disponível para ativos mais arriscados".

Já sobre o ETF, Chen avalia que os efeitos da aprovação para as corretoras vão variar significativamente dependendo da área de atuação e foco de cada exchange. "Na Bitget, não seríamos afetados pelo ETF porque nosso usuário não tem um perfil de um usuário de ETF. Mas a Robinhood, Coinbase, Kraken, que são mais centradas nos Estados Unidos, poderão ser mais afetadas, perdendo investidores", projeta.

"O ETF é só de bitcoin, as exchanges oferecem várias criptomoedas, então esse mercado não deve ser muito afetado. Tem também a relação entre entradas e saques. Provavelmente vai ter mais interesse de investidores em outras criptos, então esse fluxo pode compensar a saída. É difícil saber qual vai ser maior, pode variar em cada exchange", diz.

Ela cita, ainda, outros eventos que não possuem ligação com o bitcoin mas poderão contribuir para aumentar o otimismo dos investidores e a valorização generalizada no mercado. É o caso da próxima atualização da Ethereum, prevista para o primeiro trimestre, e um possível IPO da Circle, empresa responsável pela stablecoin USDC.

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Regulação de criptomoedas

Ao mesmo tempo, Chen avalia que "o futuro da regulação na indústria ainda é incerto e pode mudar. Existem mudanças ao redor do mundo. Nos Estados Unidos está mais incerto, mas talvez nos próximos anos possa ter uma clareza, regras mais claras. Mas, antes disso, não podemos aceitar consumidores dos Estados Unidos, fica mais difícil", pontua.

"O compliance e a regulação não são um problema, o problema é o grau de clareza da regulação", defende a líder da Bitget. "As criptomoedas estão se espalhando e ficando mais importantes no mercado financeiro. Em geral, os reguladores querem trabalhar com a indústria para ter essas regras mais claras, querem entender como funciona antes de regular, o que é bom".

Um bom exemplo de regulação, afirma, é a proposta por Hong Kong, que tem buscado se aproximar mais do mundo cripto. Entretanto, Chen diz que é cedo para dizer se esse movimento representará uma mudança de postura da China, que proibiu o uso de criptomoedas.

"A China é bem mais rígida com cripto, não acho que isso vai mudar rapidamente. Mas se Hong Kong for bem-sucedida em regular, a China pode considerar mudar essa postura", considera.

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