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Bitcoin em US$ 100 mil: mercado cripto comemora marco e vê validação do ativo

À EXAME, principais empresas do mercado de criptomoedas destacaram que novo recorde é apoiado por adoção institucional e cenário internacional favorável

Bitcoin: criptomoeda superou os US$ 100 mil pela primeira vez (Reprodução/Reprodução)
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 12h00.

Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 15h38.

O novo recorde do bitcoin em US$ 100 mil representa não apenas a superação de uma barreira técnica e psicológica de preço, mas também uma validação do potencial do ativo e a representação de uma adoção crescente entre investidores, institucionais e até governos. É o que avaliam representantes de algumas das principais empresas do mercado cripto à EXAME.

A criptomoeda superou a marca pela primeira vez na noite da última quarta-feira, 4, após chegar parte do preço ao longo do mês de novembro. Na prática, o recorde representa uma continuidade de um novo ciclo de alta do setor desencadeado principalmente pela vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos.

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As análises, porém, indicam que o bitcoin ainda conta com os fundamentos necessários para super ainda mais, sinalizando um momento "histórico" e uma nova fase para a maior criptomoeda do mundo.

"Alta histórica"

Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance para a América Latina, afirma que a "alta histórica" do bitcoin coloca a criptomoeda "de forma firme na curta lista de apenas sete ativos ou empresas que alcançaram mais de US$ 2 trilhões em capitalização de mercado, se unindo ao ouro e aos gigantes da tecnologia Nvidia, Apple, Microsoft, Alphabet [Google] e Amazon".

Para ele, o recorde "ocorre devido a mudanças estruturais significativas no mercado, possíveis mudanças regulatórias nos EUA sob a administração Trump e adoção institucional alimentada pelo sucesso dos ETFs de bitcoin. Com conversas sobre uma reserva estratégica de bitcoin dos EUA e mais empresas adicionando bitcoin aos seus tesouros corporativos, estamos à beira da verdadeira adoção global convencional".

Ele destaca ainda que diversos países estão avançando na regulação do mercado de criptomoedas, o que ajuda a atrair cada vez mais investidores de varejo e institucionais, enquanto empresas têm adotado o bitcoin como uma reserva de valor relevante.

"Tudo isso, de forma combinada, gera um efeito em cadeia atraindo novos investidores e impulsionando a demanda por criptoativos. O marco alcançado hoje registra um ponto de virada na jornada do bitcoin de um ativo de nicho para um instrumento financeiro convencional, atraindo mais investidores institucionais e de varejo, uma narrativa poderosa e um impulsionador de sentimento que reforça a posição das criptomoedas no cenário financeiro e incentiva uma adoção mais ampla", projeta Nazar.

Guto Antunes, head da Itaú Digital Assets, avalia que “superar a marca histórica dos US$ 100 mil é um relevante marco não só para o bitcoin mas para o mercado de ativos digitais como um todo".

"A demanda pode até aumentar quando o bitcoin atinge níveis recordes como este, mas vale destacar que o bitcoin continua sendo um ativo de alta volatilidade, sujeito a oscilações que, no limite, podem resultar na perda do principal investido", ressalta.

Já Guilherme Sacamone, country manager da OKX Brasil, afirma que o recorde representa "uma mudança clara de paradigma para a próxima fase de crescimento das criptomoedas"."Embora ainda existam incertezas macroeconômicas e geopolíticas, que podem levar a mais volatilidade no curto prazo, os fundamentos do bitcoin estão se tornando mais evidentes para um público mais amplo, enquanto seu acesso se torna cada vez mais democratizado".

Sacamone também cita a crescente adoção de investidores de varejo e institucionais como um sinal positivo para a criptomoeda, mas pontua que "a incerteza macroeconômica e o potencial de novos choques geopolíticos podem criar volatilidade e recuos. Os ralis de criptomoedas têm sido caracterizados por retrações, e precisamos estar preparados para situações semelhantes".

"O avanço rápido do mercado significa que as correções podem ser bruscas, mesmo com a tendência de alta mais ampla, tornando a gestão de risco indispensável. A longo prazo, os fundamentos do bitcoin, em particular, parecem promissores", diz.

Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, comenta que "o marco de US$ 100 mil é uma prova da crescente confiança na criptoeconomia, alimentada pelo entusiasmo dos investidores e pelo apoio de grandes instituições financeiras. Ele destaca o potencial transformador da tecnologia blockchain à medida que nos aproximamos de um futuro de regulamentações mais claras e amigáveis".

"Melhor momento do mercado"

Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, acredita que o novo recorde do bitcoin simboliza o "o melhor momento do mercado de criptomoedas desde que ele começou a se formar após o surgimento do bitcoin em 2009".

"Estamos vivendo dias de grandes expectativas, com o setor avançando com enorme força, a queda das barreiras regulatórias, criptomoedas atingindo novos picos de preços o tempo todo, adoção recorde, além de bancos, empresas e até mesmo países investindo ou economizando com criptoativos e novas ferramentas financeiras", ressalta.

Serrano avalia que o desempenho do setor neste ano reflete uma "lógica" pensando em ciclos de mercado: "2022 foi um ano para tentar sair dos ativos de risco, 2023 foi ótimo para a reacumulação, e em 2024 os rendimentos começaram a subir".

"Assim como no início de 2023 considerei mais provável que o bitcoin chegasse a US$ 100 mil no ano seguinte, hoje vejo um cenário em que podemos facilmente discutir um valor alto, entre US$ 100 mil e US$ 200 mil até 2025, quando muitos cenários em que o setor esteve trabalhando durante todo o último inverno cripto terminarem de amadurecer", comenta.

Para Samir Kerbage, CIO da Hashdex, o recorde do ativo reflete "anos de inovação e resiliência de inúmeros indivíduos dentro de seu ecossistema. Este é um capítulo notável na trajetória do bitcoin, mas certamente não é o desfecho. Estamos ainda nos estágios iniciais de sua adoção e acreditamos que o melhor está por vir".

"Este marco também reflete uma nova confiança no ecossistema cripto mais amplo, desde aplicações de contratos inteligentes até finanças descentralizadas, Web3 e a interseção da indústria com a IA. O caminho à frente continuará exigindo a mesma convicção constante e trabalho árduo que trouxeram o bitcoin até este ponto", diz.

Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, avalia que o recorde "é mais do que uma vitória simbólica. É um marco psicológico que consolida o ativo como peça central no mercado financeiro global e destaca sua relevância em economias emergentes como a brasileira".

"Apesar da euforia, é essencial lembrar que o mercado de criptomoedas é volátil e resistências como a marca de US$ 100 mil podem gerar realização de lucros no curto prazo. Mas superar máximas históricas também atrai novos investidores e reafirma a força do Bitcoin como reserva de valor em tempos de incerteza econômica global", ressalta.

Já Bárbara Espir, country manager da Bitso no Brasil, vê o ano de 2024 como um "momento decisivo para o bitcoin e a indústria cripto". Ela pontua que, com o novo recorde, a criptomoeda conseguiu romper "barreiras emocionais e resistências de preço" e também "reafirmou seu status como um dos ativos mais relevantes do mercado financeiro".

Ela lembra que "neste momento, 100% das pessoas que compraram e guardaram bitcoin estão no positivo". A executiva pontua que "a conquista atual reflete a solidez do protocolo do bitcoin e reforça seu papel no futuro das criptomoedas".

João Canhada, fundador da Foxbit, destaca que "há 10 anos, era difícil imaginar que o bitcoin sairia de fóruns de entusiastas tão rapidamente para ser reconhecido globalmente como uma reserva de valor e uma solução financeira inovadora".

"Esse marco é uma prova do amadurecimento do ativo e da confiança que tantas pessoas construíram ao longo dos anos. Mais do que preço, o bitcoin simboliza liberdade e descentralização – e isso só está começando. O futuro da economia está sendo escrito agora", projeta.

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