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BCE diz que "preço justo do bitcoin é zero" e que ativo "falhou em sua promessa"

Publicação em blog do Banco Central Europeu critica criptomoeda e afirma que aprovação de ETFs não torna bitcoin "um meio de pagamento"

BCE compartilhou críticas ao bitcoin (Ralph Orlowski/Reuters)

BCE compartilhou críticas ao bitcoin (Ralph Orlowski/Reuters)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 14h00.

O Banco Central Europeu (BCE) divulgou nesta quinta-feira, 22, uma publicação em que faz duras críticas ao bitcoin. O texto alega que o preço justo da criptomoeda seria "zero" e que o ativo "falhou em sua promessa" de servir como uma moeda digital global descentralizada.

O texto, publicado no blog do BCE, foi escrito por Ulrich Bindseil, diretor-geral da área de Infraestrutura de Pagamentos da autarquia, e Jürgen Schaaf, um conselheiro do órgão. Nele, eles argumentam que a criptomoeda "não tem condições para ser um meio de pagamento ou um investimento".

Os autores citam a recente aprovação de ETFs de bitcoin nos Estados Unidos, que têm atraído bilhões em investimentos e colocado os fundos entre as melhores performances na categoria dos ETFs do país. Entretanto, eles argumentam que a aprovação "não muda o fato" do bitcoin não ser um meio de pagamento ou um investimento.

"Para seus defensores, a aprovação formal confirma que os investimentos em bitcoin são seguros e a recuperação mais recente [de preço] é a prova de um triunfo imparável. Discordamos de ambas as afirmações e reiteramos que o valor justo do bitcoin ainda é zero", dizem os autores.

O texto afirma ainda que um novo ciclo de alta da criptomoeda é "uma perspectiva dura" e que pode ter um "dano colateral massivo", incluindo impactos ambientes e uma redistribuição de renda "às custas dos menos sofisticados".

Bindseil e Schaaf lembram que já haviam afirmado em uma publicação no blog do BCE em 2022 que o bitcoin trazia "perigos sociais" e não poderia ser uma moeda digital de uso global ou um ativo financeiro, caminhando "para a irrelevância". Para eles, "todos esses riscos se materializaram", apesar da criptomoeda ter mantido sua relevância.

Eles apontam que as transações usando a criptomoeda "ainda são inconvenientes, lentas e caras", citando uma baixa adesão e o caso de El Salvador como exemplo, cuja adoção do ativo como moeda legal trouxe lucros para o país mas teve baixo alcance entre a população.

Já sobre o caráter do bitcoin como investimento, os autores acreditam que o ativo não tem nenhum fluxo de dinheiro, dividendos, não pode ser usado de forma produtiva, oferece algum benefício social ou tem uma valorização subjetiva. Por isso, não se enquadra em nenhuma categoria de investimento.

"Os investidores de varejo com menos conhecimentos financeiros são atraídos pelo medo de perder [a alta], o que os leva a potencialmente perder o seu dinheiro", defendem os autores.

No texto, eles argumentam que a alta recente do bitcoin ocorre, na verdade, pela perspectiva de queda de juros ao redor do mundo e pela aprovação dos ETFs nos EUA, mas que isso "não muda os fundamentos" do ativo. "O nível de preço do bitcoin não é um indicador da sua sustentabilidade", ressaltam.

A opinião de Bindseil e Schaaf reflete uma parcela do mercado e das autoridades que critica a criptomoeda e não vê valor ou potencial no ativo. Ao mesmo tempo, tem crescido o número de instituições tradicionais que passaram a defender o bitcoin. Entre elas está a BlackRock, gestora de US$ 10 trilhões, que lançou um ETF do ativo e o definiu como um "progresso" no mercado.

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