Agência de notícias
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 10h00.
As novas regras para o mercado de criptomoedas serão divulgadas pelo Banco Central até o fim do primeiro semestre de 2025, segundo revelou Pedro Nascimento, coordenador no departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, durante o evento ABRACAM Speech, realizado pela Abracam (Associação Brasileira de Câmbio).
"Os prazos das consultas públicas se encerram entre fevereiro e março, incluindo a consulta pública sobre stablecoins. Vamos reunir as colaborações, as sugestões, e no primeiro semestre devemos divulgar as regras para o mercado", disse Nascimento.
O coordenador do Banco Central destacou o papel da autarquia como um agente "promotor de inovação" no mercado financeiro. Ele ressaltou que o momento atual é "crucial" para definir diretrizes que irão moldar o futuro do setor de criptomoedas no Brasil.
“Estamos em um momento em que não dá mais para adiar ou evitar mudanças. O que se cria agora não pode ser ignorado ou subestimado”, afirmou. Para ele, as instituições precisam se preparar para um cenário de inovações significativas no mundo financeiro.
Nascimento reconheceu que regulamentar um setor tão dinâmico é um desafio contínuo: “O Banco Central entende que não é onisciente e busca aprendizados com as experiências do mercado. Muitas vezes, as lacunas só aparecem com a prática ou ao observar outros países”.
Ele reforçou ainda a importância da colaboração para criar normas robustas e adequadas à realidade brasileira. A proposta de regulamentação do Banco Central já conta com contribuições por meio de consultas públicas abertas em 2024, com uma nova prevista para focar nas chamadas stablecoins.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), por exemplo, apresentou uma minuta de regulação com dois grandes eixos e três módulos. Esses módulos abrangem produtos institucionais, atualizações legais e mudanças estruturais que impactam áreas como intermediários de câmbio e práticas de mercado.
Sobre a regulamentação de stablecoins, Nascimento afirmou que a proposta do Banco Central terá como foco não o ativo em si, mas as empresas que operam com este tipo de criptomoeda. Em geral, as stablecoins mais usadas são pareadas ao dólar, com destaque para a USDT.
A proposta pretende normatizar o uso de stablecoins no mercado de câmbio e definir em quais casos deverá haver a incidência de IOF, além de normas de compliance para garantir que os recursos não sejam usados para operações ilícitas. "O objetivo é criar um relatório o mais próximo possível da realidade do mercado, com um entendimento claro e inclusivo", disse Nascimento.