Argentina tem avançado na regulação de criptomoedas (Luis ROBAYO /AFP Photo)
Redação Exame
Publicado em 27 de maio de 2024 às 16h23.
Última atualização em 27 de maio de 2024 às 16h32.
O governo da Argentina realizou na última quinta-feira, 23, uma reunião com as autoridades de El Salvador para falar sobre a adoção de criptomoedas no país, que se tornou o primeiro do mundo a adotar o bitcoin como moeda oficial. O encontro ocorre em meio à mudança de postura do governo sobre o tema.
Na reunião, estavam o presidente e a vice-presidente da Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV), equivalente à CVM, e o presidente da Comissão Nacional de Ativos Digitais de El Salvador (Cnad), Juan Carlos Reyes.
De acordo com um comunicado divulgado pela CNV, o encontro teve como foco a experiência de El Salvador na adoção do bitcoin como moeda de curso legal, além da posição do país como "pioneiro no desenvolvimento de criptomoedas na região".
Durante a reunião, o presidente da CNV comentou que "El Salvador emergiu como um dos países líderes não apenas no uso de bitcoin, mas também se destacou no mundo dos ativos cripto. Criou uma comissão específica, a Comissão Nacional de Ativos Digitais, e por isso tem uma experiência que é muito valiosa para a CNV neste momento".
Ele afirmou ainda que o governo da Argentina tem intensificado a aproximação com El Salvador e que os reguladores estudam assinar um acordo de colaboração. "Me parece fundamental continuar a estreitar laços com uma República que é pioneira no assunto, e que tem vasta experiência no assunto", destacou.
Já Reyes disse que a CNV "entende e quer trabalhar com a indústria [de criptomoedas] de forma eficiente para criar uma regulamentação adequada". O encontro representa mais um passo na mudança de postura do governo da Argentina em relação ao mercado de criptomoedas.
Desde a vitória do atual presidente, Javier Milei, o mercado tem esperado uma postura mais aberta ao mercado cripto no país. Recentemente, o país estabeleceu as primeiras regras sobre o registro de empresas de criptomoedas para que elas possam operar.
Entretanto, a relação entre Milei e o mundo cripto não é tão clara. O presidente afirmou anteriormente que defende que os argentinos possam escolher em quais ativos investir e usar, mas que não vê o bitcoin ou outra criptomoeda se tornando uma moeda de curso legal no país.
Mas, em dezembro deste ano, a ministra das Relações Exteriores do país, Diana Mondino, confirmou que o bitcoin pode ser usado como moeda para firmar contratos de comércio nacional e internacional.
CEO de uma empresa de cripto com origem na Argentina, a Ripio, Sebastián Serrano disse à EXAME que a Argentina não deverá seguir o caminho de El Salvador e adotar o bitcoin como moeda de curso legal. "Milei compartilha os valores em torno de cripto por ser libertário, mas ele não é um 'bitcoiner' [defensor da criptomoeda]", disse.
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