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Redação Exame
Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 12h00.
Durante anos, o mercado cripto foi definido por ciclos de euforia e colapso, alimentados por varejo especulativo e por narrativas que mudavam à velocidade de cada nova moeda. Esse modelo terminou em 2025. O que se viu ao longo do ano não foi apenas a valorização do bitcoin ou o crescimento de produtos regulados, mas a desconstrução definitiva da lógica que sustentou o setor por mais de uma década.
A "Era da Especulação Massiva" acabou. Cripto deu um passo irreversível rumo ao seu verdadeiro papel dentro do mercado financeiro global. A mudança não foi retórica, mas sim estrutural. O bitcoin atingiu novas máximas porque ETFs e instrumentos regulados puxaram uma onda inédita de demanda institucional. Bancos, gestoras e fundos passaram a tratar cripto como uma extensão de suas estratégias de portfólio, não como uma aposta paralela. Nos EUA, os ETFs de bitcoin superaram a marca de US$ 70 bilhões em ativos, reconfigurando a oferta e estabelecendo uma nova classe de investidores.
Esse movimento reduziu a imprevisibilidade típica dos ciclos anteriores e reposicionou o mercado sob o prisma de fundamentos macroeconômicos como juros, liquidez global e gestão de risco. Mas a verdadeira ruptura de 2025 esteve no propósito ao invés do preço. A discussão evoluiu do "qual será o próximo ativo a multiplicar cem vezes?" para "como essa tecnologia redefine infra, custos e eficiência?".
Stablecoins passaram a movimentar mais de US$ 1 trilhão por mês, superando redes de pagamento tradicionais e trazendo à superfície uma constatação incontornável: a competição real não é por moedas digitais, mas pela eficiência operacional que modelos tokenizados oferecem ao sistema financeiro. Ao mesmo tempo, a tokenização deixou o estágio experimental e avançou para pilotos reais de bancos, empresas e mercados de capitais. Títulos de dívida, commodities e ativos corporativos começaram a migrar para formatos digitais com liquidez mais rápida, custos menores e rastreabilidade superior.
O que antes soava como teoria passou a ser cálculo de viabilidade. A resposta regulatória global seguiu o mesmo ritmo. Órgãos de supervisão financeiros passaram a construir marcos mais estáveis, permitindo que empresas e instituições operassem com previsibilidade. Esse alinhamento não eliminou riscos, mas eliminou a sensação de improviso, o que, historicamente, afastava grandes players do setor.
Mesmo com a correção no fim do ano, não houve sinais de retorno ao ambiente de baixa prolongada. A desaceleração refletiu fatores macroeconômicos. A diferença é que, agora, a
demanda estrutural permanece intacta porque o setor encontrou um lugar claro dentro do sistema financeiro tradicional. Entramos em 2026 com um ambiente menos exuberante, mas muito mais sólido. E, principalmente, com um fato que deveria orientar bancos, empresas, reguladores e investidores: cripto não é um mercado à parte; é uma camada tecnológica que já está sendo incorporada à infraestrutura financeira global. A grande transformação de 2025 foi a mudança de percepção.
O mercado deixou de enxergar cripto como ativo volátil e passou a vê-lo como ferramenta estratégica para eficiência, competitividade e integração global. O debate deixou de ser se o setor sobreviverá, e passou a ser como, quando e por quem será liderada essa integração.
*André Sprone é gerente de crescimento da MEXC na América Latina.
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