Pedrinho, presidente do Vasco, comemora a aprovação do plano de recuperação judicial, considerado essencial para a reestruturação financeira do clube. (Allan Carvalho/NurPhoto/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 13h26.
O Vasco da Gama deu um passo decisivo para a recuperação financeira na última segunda-feira, 30, quando o Conselho Deliberativo aprovou o plano de recuperação judicial apresentado pela diretoria. O clube enfrenta uma dívida de cerca de R$ 1,4 bilhão, conforme cálculos da consultoria Alvarez & Marsal.
Com a aprovação, o clube está autorizado a dar entrada no regime de recuperação judicial, ferramenta vista como a mais segura e eficiente para lidar com o passivo acumulado. As informações são do Globo Esporte.
A votação no Conselho Deliberativo resultou em 112 votos a favor, 37 contrários e 12 abstenções. A oposição criticou a falta de debates mais amplos, apontando para o que chamou de “falta de transparência” no processo. Em nota, o grupo Fuzarca destacou que decisões dessa magnitude exigem maior participação dos conselheiros. Por outro lado, o vice-presidente jurídico do Vasco, Felipe Carregal Sztajnbok, rebateu as críticas e defendeu a condução do processo.
"Foi um processo transparente, com conselheiros e beneméritos participando de reuniões presenciais e online, além de debates com assessores externos. Aqueles que quiseram contribuir tiveram espaço para isso", afirmou Carregal.
Apesar da aprovação, o dirigente explicou que não haverá mudanças imediatas. O clube continuará o trabalho de mediação com credores, conduzido pela Fundação Getúlio Vargas, com o objetivo de negociar acordos antes de oficializar o processo judicial. A expectativa da diretoria é encerrar essa etapa até o final de janeiro de 2025.
Diferentemente de outros clubes que obtiveram descontos significativos em seus passivos por meio da recuperação judicial, o plano do Vasco não prevê inicialmente a redução direta do valor devido aos credores. Segundo Carregal, os descontos estão sendo negociados na fase de mediação, com estratégias personalizadas para cada tipo de dívida.
“O plano contempla mecanismos para reduzir e pagar os débitos no momento adequado, dependendo do desfecho das mediações em andamento”, explicou o vice jurídico.Entre as vantagens do regime de recuperação judicial destacadas pela diretoria está a proteção contra penhoras e bloqueios financeiros. A medida também reduz riscos de punições desportivas, como o transfer ban, aplicado por cortes arbitrais da FIFA e pelo CNRD. Atualmente, o Vasco opera sob uma medida cautelar que suspende essas restrições, válida até 21 de janeiro de 2025.
O material apresentado internamente pela gestão de Pedrinho aponta as razões principais para a adoção do regime de recuperação judicial, incluindo:
A diretoria também celebrou avanços já obtidos. Durante a reunião, o clube informou que foi firmado um acordo com credores trabalhistas da classe I, referente a débitos de até 150 salários mínimos provenientes de acidentes de trabalho ou da legislação trabalhista.
Para a gestão Pedrinho, a recuperação judicial é vista como essencial na reconstrução financeira do Vasco, que busca reorganizar suas finanças e oferecer maior segurança jurídica a credores e investidores.
“Esse é um passo fundamental para proteger o clube e criar condições para sua sustentabilidade financeira”, destacou Carregal.O plano foi elaborado com base na experiência de outros clubes brasileiros, mas adaptado às peculiaridades da dívida vascaína. A expectativa é que o regime traga alívio imediato para as contas do clube, permitindo maior previsibilidade e segurança no médio e longo prazo.