Nikola Jokic: Curiosamente, o 'Joker', como é apelidado, quase foi "esquecido" em seu Draft, em 2014 (AAron Ontiveroz/MediaNews Group/The Denver Post/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 13 de junho de 2023 às 07h59.
Última atualização em 13 de junho de 2023 às 08h00.
Em meio a astros como LeBron James e Stephen Curry, é natural o estranhamento do público geral ao ver Nikola Jokic sendo eleito o MVP das finais após o título conquistado pelo Denver Nuggets, nesta segunda-feira. Mas basta assistir aos jogos do pivô para entender como foi merecido. O sérvio não se destaca pela plasticidade. Esqueça bolas de três ou enterradas aos montes. Sua maior virtude para conseguir o anel foi ser extremamente eficiente em tudo aquilo que se propôs a fazer.
Pontos, assistências, rebotes, eficiência no ataque, qualidade na defesa... É possível dizer que Jokic é daqueles jogadores completos. É o pivô que não se limita a ficar parado no garrafão, que tem mobilidade para ser armador mesmo com 2,11 m e carrega estatísticas para deixar LeBron, Curry e qualquer outra estrela da NBA de queixo caído.
Curiosamente, o 'Joker', como é apelidado, quase foi "esquecido" em seu Draft, em 2014. Naquele ano, Andrew Wiggins, Jabari Parker e Joel Embiid foram os três primeiros a serem selecionados. Os nomes foram passando, passando, passando... Até que o sérvio foi apenas a escolha de número 41 pelo Denver Nuggets. Para se ter ideia do esquecimento, a transmissão norte-americana não o filmou sendo selecionado — uma propaganda comercial foi exibida no momento.
O pior é que não dá para culpar as franquias. Aos 16 anos, ele foi MVP na Sérvia, mas isso era muito pouco para a avaliação da NBA e chegou "velho" (19 anos) para os padrões do Draft. Sua projeção era de um pivô que viria para compor elenco, sem maiores saltos na carreira. Em seu país-natal, Jokic viveu diretamente os conflitos, principalmente quando as tropas da OTAN estiveram na Sérvia em 1999, quando tinha quatro anos. Ele diz que lembra do barulho das sirenes.
As análises sobre Jokic estavam corretas até 2017. Nas primeiras temporadas na liga, o sérvio tinha números tímidos, com média de 10 pontos, 7 rebotes por jogo. Tinha poucos minutos em quadra, disputando posição com outros atletas. Até os Nuggets negociarem o então titular Jusuf Nurkic. A partir deste movimento, tudo mudou.
Jokic viraria titular na temporada seguinte e acompanharia uma das maiores curvas de evolução da história da NBA. Após um período de adaptação, melhorou as suas estatísticas. Aos 28 anos, já foi eleito o MVP de duas temporadas e agora conquista o título inédito com o Denver Nuggets.
Neste ano, Nikola Jokic conseguiu melhorar ainda mais as suas médias nos playoffs: saltou de 24,5 pontos por jogo para 29,9, 11,8 rebotes por partida para 13,3 e 9,8 assistências por confronto para 10,3. A ponto de chegar a ser elogiado por LeBron James, após os Nuggets varrerem o Los Angeles Lakers na final daConferência Oeste.
"Vocês viram os arremessos que ele [Nikola Jokic] acertou. Mesmo quando você marca, em uma das melhores posições, ele coloca a bola atrás da cabeça, como o Larry Bird, arremessa a uns 15 metros no ar e ainda acerta [a cesta]. Ele fez isso umas quatro ou cinco vezes nessa série. Só me resta tirar o chapéu pra ele", afirmou LeBron James.
O técnico do Denver Nuggets, Michael Malone, comparou Jokic ao lendário Tim Duncan, pentacampeão pelo San Antonio Spurs.
"Costumo fazer essa comparação. Nunca treinei Tim Duncan, mas apenas por jogar contra ele e ouvir histórias sobre aqueles que estiveram ao seu redor, ele era uma superestrela altruísta. Então, eu vejo Nikola Jokic nessa mesma linha. Eu acho que Nikola é uma superestrela verdadeiramente altruísta. As coisas não são sobre ele e sim sobre o time. Enfim, ele não é o tipo de jogador que fica esperando elogios. Aliás, ele fica quase que envergonhado com toda a atenção", disse Malone.