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De Mônaco à Índia: quais países disputam vaga para sediar GP de Fórmula 1?

Concorrência para receber a Fórmula 1 reflete o valor econômico da corrida, que atrai desde bilionários do Oriente Médio até líderes políticos globais

Sediar um Grande Prêmio de F1 é um investimento que movimenta economias locais e promove destinos pelo mundo. (Netflix/Divulgação)

Sediar um Grande Prêmio de F1 é um investimento que movimenta economias locais e promove destinos pelo mundo. (Netflix/Divulgação)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 11 de novembro de 2024 às 12h55.

Última atualização em 11 de novembro de 2024 às 13h26.

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A Fórmula 1 vive uma disputa acirrada nos bastidores para definir quais países e circuitos terão a chance de sediar um Grande Prêmio em 2026. A competição vai muito além das pistas, envolvendo bilhões de dólares e decisões estratégicas por parte de governos e investidores que enxergam o esporte como um ativo econômico e turístico. A lista de candidatos é extensa e abrange desde circuitos tradicionais, como a Bélgica e Mônaco, até nações emergentes no esporte, como Tailândia, Coreia do Sul, Índia e até mesmo Ruanda, que estão desenvolvendo suas infraestruturas para atender às exigências da F1. A reportagem é da CNBC.

O interesse crescente de novos países na Fórmula 1 tem suas raízes no valor que o evento traz para a economia local. Nos últimos anos, nações do Oriente Médio, como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, investiram quantias massivas para atrair a corrida, visando diversificar suas economias e reduzir a dependência do petróleo. Abu Dhabi, por exemplo, gastou cerca de US$ 40 bilhões (cerca de R$ 232 bilhões) para construir a ilha artificial de Yas Island e sediar o primeiro Grande Prêmio em 2009. O CEO da ilha, Saif Rashid Al Noaimi, destacou que tudo começou com um “projeto em branco” e hoje recebe mais de 34 milhões de visitantes ao ano, reforçando o valor da F1 como um impulsionador de turismo e negócios.

Quem são os candidatos e o que está em jogo?

A F1 recebe pressões políticas e econômicas para balancear sua presença entre Europa, Ásia e Oriente Médio, ao mesmo tempo que responde ao crescente apelo comercial dos Estados Unidos. O calendário já expandiu significativamente no mercado americano, com novos Grandes Prêmios em Miami e Las Vegas, que geraram impacto econômico de US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 6,5 bilhões) por meio de voos, reservas de hotéis e gastos com restaurantes. O próprio CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali, enfatizou que o esporte agora é “maior que o Super Bowl” em termos de valor gerado para as economias locais.

A Tailândia e a Coreia do Sul oficializaram suas propostas para sediar uma corrida, enquanto países como Índia e Ruanda estão em fase de desenvolvimento de infraestrutura para atrair o evento. Por outro lado, circuitos tradicionais enfrentam dificuldades para manter suas posições no calendário. O Grande Prêmio da Bélgica, por exemplo, que contribui com cerca de US$ 248 milhões (cerca R$ 1,4 bilhão) para a economia nacional a cada ano, recebeu apoio público do primeiro-ministro belga, que escreveu à F1 pedindo que o país não seja excluído em nome da expansão em novos mercados.

A corrida pelo lucro e a transformação do esporte

A atração da F1 vai muito além dos lucros diretos. Para países do Oriente Médio, o evento também é uma ferramenta de soft power, usada para mudar a percepção global de seus países. A Arábia Saudita, por exemplo, chegou a considerar comprar a Fórmula 1 por completo, buscando projetar sua imagem como destino de turismo e entretenimento. Uma pesquisa da YouGov revelou que fãs da F1 nos Estados Unidos têm mais que o dobro de probabilidade de considerar visitar a Arábia Saudita em comparação com outros americanos.

A exclusividade e o status associados a sediar um Grande Prêmio também elevam o valor cultural e turístico das cidades-sede. O circuito de Mônaco, por exemplo, é sinônimo de glamour e faz parte da identidade da cidade. Porém, o custo para realizar a corrida em Monte Carlo é uma fração do que novos destinos, como Arábia Saudita e Abu Dhabi, estão dispostos a pagar. Em 2023, o CEO da McLaren, Zak Brown, afirmou que a F1 poderia sobreviver sem o Grande Prêmio de Mônaco, sugerindo que outras cidades poderiam trazer o mesmo retorno financeiro e em audiência televisiva.

Desafios para o público tradicional da F1

Com o crescimento da popularidade da F1, eventos de entretenimento estão sendo integrados às corridas, como shows de grandes estrelas, entre elas Ed Sheeran e Stormzy. Essa estratégia visa atrair um público mais amplo, incluindo famílias, e torna os finais de semana da F1 uma experiência de entretenimento completa. Porém, essa mudança tem um custo. O aumento nos preços dos ingressos, que podem chegar a £600 (R$ 4,4 mil) por um passe de quatro dias em Silverstone, gerou críticas, incluindo as de Lewis Hamilton, que alertou para a possibilidade de afastar o público tradicional do esporte.

A F1 precisa equilibrar o desejo de expandir seu alcance com a preservação da experiência dos fãs mais antigos. O desafio, agora, é definir quais corridas são essenciais para o calendário e quais podem ceder espaço para novos destinos. Os contratos para os próximos anos podem afetar diretamente países que possuem uma forte tradição no esporte, e cada decisão tomada trará impactos profundos na identidade da Fórmula 1 e no turismo global.

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