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Perto de R$ 1,9 bi em vendas, Ingresse turbina investimento no futebol e mira clubes europeus

Parte da receita da plataforma de ingressos vem de seu fundo de investimentos em eventos e clubes de futebol, com propósito de impulsionar negócios do entretenimento e esporte

Gabriel Benarrós, CEO e fundador da Ingresse (Ingresse/Divulgação)

Gabriel Benarrós, CEO e fundador da Ingresse (Ingresse/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 9 de novembro de 2024 às 08h20.

Última atualização em 9 de novembro de 2024 às 11h57.

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De olho no crescimento do mercado de eventos esportivos, a plataforma de entretenimento dedicada à venda de ingressos Ingresse tem se dedicado a conquistar protagonismo dentro deste universo, especialmente no futebol, uma das maiores paixões dos brasileiros. Para isso, a startup tem indo além da oferta de entradas para shows de música, dando passos ousados em empreitadas com clubes brasileiros ao longo do ano.

Em setembro, a 'tiqueteira' comprou a Ticket Sports, que operava com a venda de inscrições para eventos esportivos como a Corrida de São Silvestre. Uma das 7 operações de fusões & aquisições (M&A) realizada pela empresa, que já anteriormente incluiu à sua carteira de produtos a BlackTag, IngressoLive e Virtualticket, que operam com eventos universitários e shows de música.

Neste momento, a Ingresse faz uma aposta alta no futebol. Além de vender entradas para jogos da série A do Brasileirão, a startup também quer estreitar laços com os clubes por meio de patrocínios. Em outubro, a Ingresse fechou um acordo de patrocínio pontual com o Cruzeiro, com direito à exposição do seu logo nas camisas do clube até o fim de novembro, durante os jogos do Brasileirão.

Em entrevista à EXAME, Gabriel Benarrós, CEO e fundador da Ingresse, conta que, desde 2017, a receita cresce em torno de 90% ao ano. Com a venda de ingressos para incontáveis atrações disponíveis em sua plataforma, a Ingresse deve fechar o ano com R$ 1,9 bilhão. Dentro desse valor, a empresa projeta uma representatividade entre 20% e 25% de eventos esportivos.

O desempenho permitiu à empresa investir cerca de R$ 100 milhões em 2024 no "Encore", seu fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), focado em projetos e eventos nas áreas de entretenimento e esportes. Por meio de projetos financiados por esse serviço, a Ingresse faturou o equivalente a R$ 500 milhões na venda de ingressos entre janeiro e outubro de 2024.

Lançado em 2020, o fundo da Ingresse, chamado Encore, oferece aos produtores com bom histórico a possibilidade de receber, antecipadamente, uma parte do valor dos ingressos vendidos — um tipo de 'antecipação de recebíveis', prática comum em setores como o de maquininhas de cartão.

"Nós ajudamos os parceiros dos setores de entretenimento e esportes de várias modalidades a crescer, por meio de adiantamento de crédito do nosso fundo de investimento", explica. "Seja para um jogo de futebol ou um evento noturno, as empresas devem estar aptas ao financiamento".

De acordo com Benarrós, o FIDC é destinado aos parceiros da Ingresse para fomentar o crescimento de seus negócios. O apoio funciona como uma espécie de "bote salva vidas" para empresas que querem apostar em novos produtos, mas não contam com capital de giro suficiente para dar esses passos.

"Nós temos um produto financeiro que é customizado não apenas para empresas envolvidas com música e lazer, mas também para o esporte. Os clubes de futebol conseguem ter acesso a linhas de crédito e recursos voltados ao crescimento deles. Isso é muito importante em um momento em que os times estão arrumando suas casas e precisam de capital para investir em novos talentos e serviços internos".

Com o êxito dos M&As, patrocínios e o Encore, a Ingresse quer continuar expandindo seu portfólio em eventos esportivos, um mercado com projeção de crescimento de 60% até o fim do ano, segundo a companhia.

Expansão global

Segundo o CEO, a meta da Ingresse para 2025 é manter o bom desempenho de suas operações para continuar levando seus serviços para além das fronteiras brasileiras.

A Ingresse opera em outros seis países, como França, Portugal, Espanha, Itália, Holanda e Uruguai. O propósito é alcançar novos públicos e diversificar suas fontes de receita que, mais tarde, será convertida em novos investimentos no Brasil.

"A proposta é continuar crescendo lá fora para dar amparo para a atuação em solo brasileiro. Não vamos perder de vista as oportunidades em nosso país, vamos continuar expandindo. Recentemente, anunciamos os 'Ensaios da Anitta 2025' e vendemos mais de 130 mil ingressos em 24 horas", explica.

"Fechamos também contrato com a Arena Fonte Nova, Arena das Dunas e Engenhão (do Botafogo). Queremos olhar mais para grandes estádios de futebol e eventos de maior porte para fortalecer nossa presença no futebol", acrescenta.

Além dos clubes brasileiros, a Ingresse também está atualmente em fase de negociação com várias ligas europeias, especialmente da Espanha e Portugal. Como ainda não há acordos fechados, a tiqueteira não pode informar os clubes que são do seu interesse. Mesmo assim, o executivo conta que o momento tem sido de forte sinergia e aprendizados.

"Embora as ligas de futebol sejam centralizadas, o setor é bastante fragmentado na Europa. Os players brasileiros são maiores, isso se explica pelo tamanho do país, mesmo que a nossa moeda seja fraca. A movimentação financeira que acontece no Brasil é grande em comparação com países europeus que estão acostumados com operações mais contidas. Enquanto eles vendem em média 3 milhões de ingressos por ano, vendemos 10 milhões".

Apesar do desafio em lidar com as diferença culturais, Benarrós está otimista com o ecossistema do esporte e do entretenimento dos países que estão na mira da Ingresse. Além do público ser aberto para atrações culturais de diversos estilos, muitos festivais e shows contam subsídio do setor público. Por outro lado, a Ingresse foi seduzida por outras qualidades desse território.

Desde que sua fundação, em 2014, a Ingresse fez pelo menos 7 M&As e conquistou seu espaço em vários estados brasileiros. Agora, a startup quer usar a mesma tática para alcançar os países do velho continente.

"Como a Europa é bem fragmentada, é viável ter uma tiqueteira em cada região. É uma grande vantagem para nós, porque o Brasil já se encontrava em uma situação semelhante anos atrás e isso nos ajudou a crescer. Há oportunidade de fazer M&As. O mercado lá é mais maduro, com práticas de negócios mais consolidadas. Embora, haja pouco espaço para criatividade, porque as ligas, clubes e outros players já estão em um ponto de equilíbrio. Com esse cenário, vamos avançar de forma agressiva".

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