Esporte

MMA do futebol? Modalidade X1 cresce no Brasil e visa o sucesso da Kings League, da Espanha

Especialistas indicam que modelo criado pelo ex-jogador Piqué pode fazer bastante sucesso no país

X1 Brasil: inspira-se no MMA, com cinturão para o campeão, card de confrontos, evento de encaradas, provocações e um jogo mais físico e intenso (X1 Brasil/Flickr)

X1 Brasil: inspira-se no MMA, com cinturão para o campeão, card de confrontos, evento de encaradas, provocações e um jogo mais físico e intenso (X1 Brasil/Flickr)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de outubro de 2023 às 12h27.

Última atualização em 24 de outubro de 2023 às 12h28.

Futebol com UFC, futebol com NBA ou NFL, algumas organizações têm aproveitado a maior paixão mundial para apresentar diferentes formatos, atraindo diversos públicos, engajamento nas mídias e a atenção dos fãs.

É o caso da X1 Brazil e da Kings League. A primeira, brasileira, inspira-se no MMA, com cinturão para o campeão, card de confrontos, evento de encaradas, provocações e um jogo mais físico e intenso. A outra, espanhola, traz elementos interessantes das ligas norte-americanas, como Draft de jogadores e atributos para qualificar as qualidades dos atletas.

Criada pelo ex-zagueiro do Barcelona, Gerard Piqué, a Kings ainda conta com a presença de lendas do futebol. Ronaldinho Gaúcho e Chicharito estão na mesma equipe e enfrentam outras feras, como Shevchenko, Saviola, Pirlo, Aguero e Casillas, entre outros ídolos. Os times ainda possuem jogadores profissionais.

“Ronaldinho adora jogar. Comentamos com ele que, no Brasil, o futebol de 7 é muito popular, e começamos a falar que, no futuro, gostaríamos de levar a liga ao Brasil, um mercado potencialmente muito bom”, avalia Piqué.

O que dá o tom de diversão nas partidas são as regras, algumas delas inusitadas e que levam o público ao delírio. Uma delas diz respeito às 'cartas', que podem ser usadas e fazer com que os gols tenham valor dobrado, ou então que os times consigam um pênalti a qualquer momento. Além disso, um cartão vermelho dá advertência ao atleta, que pode ser substituído inclusive pelo treinador.

No Brasil o maior crescimento é visto na modalidade chamada X1, que reúne confrontos de um contra um, com goleiros de cada lado. A X1 Brazil, maior organização do país, promove eventos dignos de UFC e distribui R$ 140 mil em bonificações aos atletas.

"A gente costuma se inspirar naquilo que dá certo. Cada projeto tem sua característica, de fato eles tem um projeto extremamente exitoso, muito forte lá na Europa, mas que também já estão em outros mercados, e que tem muita conexão com o nosso produto; primeiro pela característica do jogo, que não é 11 contra 11, é uma modalidade adaptada de futebol e também porque eles geram essa experiência de entretenimento, é o grande diferencial dos dois produtos. E gerar uma experiência diferenciada que tem um valor agregado nos nossos jogos, nos nossos grandes eventos, então a gente sempre acompanha, acho que as redes sociais deles também são um fenômeno a nível de engajamento, de repercussão, de número de seguidores, todos os insights são muito positivos e a gente está sempre acompanhando", analisa Davi Oliveira, Gerente de Projetos da X1 Brazil.

Especialistas acreditam que novos formatos como esses têm tudo para deslanchar no país, ainda mais utilizando o esporte mais popular como base e criando alternativas em dias que não há jogos dos principais campeonatos.

“Esses eventos, quando bem promovidos, têm ótimas chances de dar certo. No entanto, o produto precisa ser bom”, aponta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo. “Essas iniciativas já nascem em um ambiente digital e atuam com nichos que possuem um público bastante engajado”, analisa Henrique Borges, CEO da Somos Young, empresa que atua no atendimento aos sócios-torcedores de clubes como Cruzeiro e Bahia.

Já Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM, ressalta esse intercâmbio de sucesso entre o esporte e o entretenimento, como já vem acontecendo no boxe, por exemplo, com embates entre influenciadores e outros esportistas.

"Formatos que misturam esporte e entretenimento através da mescla interessante de atletas, ex-atletas e celebridades do mundo das redes sociais têm comprovado audiência, engajamento e consequente sucesso. O que vimos acontecer no boxe agora chega ao futebol, atraindo os mais jovens com um formato mais curto e primariamente idealizado sob a ótica de como entreter o fã.”

O que é o X1 Brasil?

A X1 Brazil já soma mais de 4 milhões de views na CazéTV e chega pela primeira vez em São Paulo nesta sexta-feira, 20, a partir das 19h. Com arenas lotadas por onde passa, a organização tem como missão resgatar a essência do futebol brasileiro, o de drible, o da rua, de confronto, ousadia e atitude.

“O drible faz parte do nosso futebol e não podemos deixar esse rico artifício de lado. Já observamos que muitos jogadores profissionais são fãs da modalidade e que garotos também têm praticado. O interesse do torcedor aumenta quando a partida é recheada de criatividade”, dispara Ícaro Quinteiro, COO da X1 Brazil.

Nesta última semana, o evento ganhou ainda mais notoriedade e contou com dois eventos na região no Sudeste, o primeiro no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, e o segundo no campo do Nacional, em São Paulo. Somadas as duas disputas, a CazéTV, que transmite a competição, contou com 1,5 milhão de visualizações no Youtube.

Se a Kings League já reuniu confrontos entre ídolos do passado, a X1 Brazil pode colocar frente a frente seus reis do um contra um contra craques do presente. Bolt, que lidera o próximo card de São Paulo, já desafiou Neymar e Lucas Paquetá para confrontos em seu mundo. O meia do West Ham respondeu o chamado.

“Na última edição do X1 Brazil Combate fui comentarista e agora serei torcedor. O Bolt me desafiou, mas me deixa quietinho aqui em Londres (risos). Quem sabe no futuro não participo de uma edição? Mas só pra brincar. Os caras são muito bravos”, cravou Lucas Paquetá.

Thiago Freitas, COO da Roc Nation, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, companhia com mais de vinte anos de experiência no futebol mundial e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Endrick e Gabriel Martinelli, vê com bons olhos eventos alternativos e que mexem com o imaginário do fá de futebol.

"Penso que temos torcedores e espectadores, e o que define quem se enquadra em cada um desses grupos mudou ao longo do tempo. Pode gerar oportunidade de experiências diversificadas, antes e após os jogos. Tudo que um jogo ‘que vale três pontos’, ou que é tratado como ‘de vida e morte’, não permite. Além disso, também é uma oportunidade de aproximar os futebolistas, em atividade ou não, de referências de outros esportes. São muitas possibilidades", enxerga Freitas.

A Kings League, que também possui uma competição para as mulheres, está em recesso e deve retornar na próxima temporada. Já a X1 Brazil segue a todo vapor. Seu campeão, Etinho, acabou de defender o cinturão no Rio de Janeiro e aguarda o vencedor do card de São Paulo, entre Bolt e L7, para ter um novo desafio.

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