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De cama de papelão a medalha reciclada: as lições da Olimpíada de Tóquio

Organização aponta uma série de iniciativas lançadas para minimizar o impacto ambiental do evento. Confira

Vila Olímpica: ao todo, 12.000 atletas participam dos Jogos de Tóquio (IOC/Matthew Jordan Smith/Divulgação)

Vila Olímpica: ao todo, 12.000 atletas participam dos Jogos de Tóquio (IOC/Matthew Jordan Smith/Divulgação)

A organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020 afirma que o evento está abrindo um caminho para o futuro quando o assunto é sustentabilidade. Das medalhas feitas de telefones celulares reciclados, passando pelo equilíbrio de gênero e a Pride House (centro de convivência para a comunidade LGBTQIA+), o evento abraça a sustentabilidade de uma forma nunca antes vista nos Jogos Olímpicos.

Eis algumas das iniciativas do Japão para uma Olimpíada verde:

Reaproveitamento de locais

Apenas oito novos locais de competição foram construídos do zero. Cerca de 25 dos 43 locais olímpicos e paralímpicos já existiam, sendo que alguns deles foram usados nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964.   Muitos foram adaptados com tecnologias de construção avançadas para reduzir o consumo de energia. Outros dez locais são estruturas temporárias projetadas para minimizar os custos de construção e uso de energia.

Tocha olímpica

Foi produzida com resíduos de alumínio de uma casa temporária construída após o terremoto de 2011. Além disso, as camisetas e calças usadas pelos portadores da tocha foram feitas de garrafas plásticas recicladas coletadas pela Coca-Cola. Tocha olímpica: a tenista Naomi Osaka acende a tocha na cerimônia de abertura dos Jogos

Medalhas

Metais recuperados de quase 79.000 toneladas de smartphones e outros equipamentos eletrônicos doados pelos japoneses foram usados para fazer as 5.000 medalhas olímpicas e paralímpicas.

Rebeca Andrade: ginasta exibe medalhas conquistadas durante os Jogos (Laurence Griffiths/Getty Images)

Pódio

Os medalhistas sobem em pódios feitos com resíduos de plástico reciclado, em uma iniciativa em parceria com a Procter & Gamble.

Pódio: feito a partir de resíduos de plástico reciclado (IOC MEDIA)

Reúso de materiais

De todos os bens adquiridos para os Jogos, 99% serão reutilizados ou reciclados. A madeira doada por mais de 60 municípios para a construção da Vila dos Atletas, por exemplo, será desmontada após os Jogos e devolvida às comunidades para reutilização.

Locação

Os organizadores alugaram grande parte dos equipamentos em vez de comprá-los. Cerca de 65.000 computadores e tablets e 19.000 mesas de escritório, cadeiras e outros utensílios que foram alugados para os Jogos serão devolvidos e reutilizados após o término do evento.

Camas

As 18.000 camas usadas pelos atletas são feitas de papelão reciclável. As armações têm mais de 2 metros de comprimento e suportam até 200 quilos. Até os colchões podem ser reciclados em produtos plásticos.

Um dos quartos da Vila Olímpica: camas de papelão suportam até 200 quilos (Akio Kon/Reuters)

Energia

Grande parte da energia para Tóquio 2020 vem de fontes renováveis, incluindo painéis solares e energia de biomassa de madeira, que usa resíduos de construção e aparas de árvores no Japão para produzir eletricidade.

O Ariake Urban Sports Park é totalmente movido por eletricidade solar renovável produzida em Fukushima. O local recebe os eventos de BMX freestyle, BMX racing e skate. Onde não foi possível utilizar energia renovável, Tóquio 2020 está usando certificados de energia verde para compensar o uso de eletricidade não renovável.

Segundo a organização, os Jogos irão além da neutralidade de carbono, compensando mais emissões do que as do próprio evento. O programa de compensação cobre todas as emissões diretas e indiretas, incluindo transporte e construção.

Greenwashing?

Ainda assim, há críticas. Tóquio 2020 foi acusada de ser superficial em seus esforços de sustentabilidade. Um estudo conduzido pela Universidade de Lausanne, na Suíça, indica que, na verdade, os atuais Jogos Olímpicos são a terceira Olimpíada menos sustentável desde 1992 – principalmente em função do tamanho do evento.

David Gogishvil, coautor do estudo, disse que os esforços do Comitê Olímpico Internacional são importantes, mas são limitados e insuficientes. Do ponto de vista dele, a menos que o Comitê limite fortemente o aspecto da construção e o tamanho geral do evento, sempre haverá críticas por “greenwashing”. Eventos grandiosos causam uma cadeia de impacto econômico, social e ambiental.

Para ter uma ideia, quando Tóquio sediou a Olimpíada em 1964, 5.500 atletas participaram. Neste ano são cerca de 12.000.

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