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Da quase falência à Champions League: ascensão do Union Berlin vira referência no cenário mundial

Equipe alemã estreia na maior competição de clubes do mundo contra o Real Madrid

Union Berlim: Fundado em 1906 com raízes na Alemanha Oriental, o clube quase decretou falência após a unificação das Alemanhas (Maja Hitij/Getty Images)

Union Berlim: Fundado em 1906 com raízes na Alemanha Oriental, o clube quase decretou falência após a unificação das Alemanhas (Maja Hitij/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 20 de setembro de 2023 às 14h58.

Após três meses de espera, a fase de grupos da UEFA Champions League retorna nesta terça-feira, 19, para a edição 2023/24. A primeira rodada contará com alguns jogos interessantes, como PSG e Borussia Dortmund, Milan e Newcastle e Bayern contra o Manchester United. Mas um confronto, que acontece nesse momento, chama a atenção: o Union Berlim estreia na maior competição de clubes do mundo contra o Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu.

Em sua primeira temporada na Liga dos Campeões, o Union Berlim está no grupo C, junto da tradicional equipe espanhola, além do Napoli, da Itália, e o Braga, de Portugal. Logo na rodada inicial, a equipe enfrenta justamente o maior vencedor da história do torneio, com 14 títulos.

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“É da natureza humana o êxtase com improvável, torcer pelo mais fraco. Nenhum esporte gera tanta oportunidade de sucesso aquele que é menos qualificado e preparado do que o futebol, até porque, é o único entre os mais relevantes esportes em que é possível celebrar um resultado que não seja de vitória. Só o futebol permite que o mundo todo, exceto os torcedores do Real Madrid, comemore ou ao menos se alegre com um empate nesse jogo. Aliás, para quem organiza e patrocina a competição, seria excelente, pois não impediria a sequência da equipe que atrai mais audiência no curso dela, mas renderia uma repercussão incomum para os jogos iniciais” disse o especialista em marketing esportivo Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Lucas Paquetá, Endrick e Gabriel Martinelli.

Para o especialista em marketing esportivo, Fábio Wolff, a Champions League é uma chance de ouro para o clube projetar sua marca no cenário internacional e ganhar fãs ao redor do mundo.

“A Champions League, como principal competição de clubes, conta com os times de níveis mais altos do mundo. As premiações aumentam a cada ano graças às receitas com patrocínio, direitos de televisão, licenciamento e hospitalidade. Todo esse ecossistema faz dela um produto diferenciado e cada vez mais valorizado, que traz muita visibilidade e consequentemente o interesse de grandes marcas”, analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, empresa especializada em marketing e patrocínio esportivo.

Fundado em 1906 com raízes na Alemanha Oriental, o clube quase decretou falência após a unificação das Alemanhas, e passou a maior parte de sua história nas divisões inferiores do futebol germânico. O acesso à segunda divisão veio apenas em 2001. Após longos anos de tentativas, em 2019, finalmente alcançou o acesso inédito à elite do futebol do país.

Na Bundesliga, o Union Berlin mostrou que não seria apenas mais um coadjuvante, e superou as expectativas ao enfrentar alguns dos gigantes alemães. Com uma equipe bem montada e um bom trabalho feito pela direção, chegou a liderar a competição durante algumas rodadas e terminou a última temporada na quarta colocação, com apenas nove pontos de distância do campeão Bayern de Munique.

A exemplo do Union Berlin, clubes no Brasil apostam na boa administração para saírem do quase anonimato aos grandes holofotes do futebol nacional. Um destes modelos de gestão, a Ferroviária, que nos últimos anos tem passado por um processo de reestruturação, e recentemente tornou-se SAF, garantiu neste mês o acesso à terceira divisão do Campeonato Brasileiro após 21 anos, e disputará a Série C em 2024.

“A história do Union Berlin é um exemplo inspirador de como a paixão, o trabalho duro e o apoio dos torcedores podem elevar um clube da obscuridade para a elite do futebol europeu. Eles provaram que, com determinação e uma boa gestão, é possível realizar grandes feitos no esporte”, comentou Júnior Chávare, diretor-executivo de futebol da Ferroviária S/A.

Força da torcida foi fundamental no renascimento do clube

Grande parte do sucesso do Union Berlim está diretamente associada ao suporte da torcida. Além do apoio intenso nas arquibancadas, os torcedores foram os principais responsáveis por evitar a falência do clube no final dos anos 1990 e novamente no início do novo milênio.

Outra prova de amor incondicional ocorreu durante as obras de remodelação do estádio An der Alten Försterei, que em 2009 passou a ter capacidade para 22 mil pessoas e contou com a ajuda de 2 mil torcedores como operários voluntários.

“Essa conexão intensa entre arquibancada e campo fez toda a diferença para o clube. Além da responsabilidade financeira e do equilíbrio administrativo, que justifica o crescimento consistente da equipe, a presença dos torcedores ajudou o time se reerguer a ponto de estrear justamente contra um dos maiores clubes do mundo, em uma competição tão importante como a Champions”, analisa Rogério Neves, CEO da Motbot, primeira plataforma brasileira de crowdfunding esportivo.

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